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#10 - Surrender - Kinktona - Koda G.
per-fei-to
Safadinhes, tudo bom?
Esse é o último texto da kinktona. É, eu sei, chorando e dessa vez é pelos olhos mesmo. Que loucura gostosa foi esse evento, que delicia foi receber tanta gente foda aqui na minha casa, que gostoso foi compartilhar esses textos safados com vocês. Estou orgulhoso de mim mesmo e de todas as pessoas que convidei por terem entregado histórias tão incríveis e dedicado tanto tempo a esse projeto.
De verdade, me enche de amor e alegria ver a proporção que isso tomou, saber que tinha gente semanalmente aguardando os envios, se preparando, ansioses pra descobrir quem são as pessoas autoras e sobre o que elas escreveram. Foi tudo muito melhor do que eu poderia ter imaginado, com um resultado muito melhor do que eu poderia ter imaginado. Foi incrível, de verdade, e muito obrigado a cada um que acompanhou e vibrou comigo nas redes e por aqui. Cês fizeram um não binário e os amigos dele muito felizes!
Com o fim da kinktona, voltaremos ao normal dessa newsletter: envios mensais de textos eróticos queer escritos por mim. E porque eu sei que chegou uma galera nova aqui, vou me apresentar e falar brevemente do que já fiz e do que eu faço aqui no Só uma rapidinha.
Meu nome é Koda! Sou programador e escritor de pornô queer e transviado. Já escrevi alguns contos e novelas que você pode encontrar na amazon ou no meu site. O Só uma rapidinha é minha newsletter gratuita onde me permito experimentar diferentes textos, personagens e delícias eróticas pra minha diversão e a de vocês também 😉 Também tenho um catarse onde é possível apoiar meu trabalho de forma recorrente e receber recompensas exclusivas todo mês!
Lembrem-se de conferir a lista de aviso de conteúdo logo no começo do texto e se mantenham segures! Bora?
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Aviso de conteúdo
inspecting, praise kink, vários parceiros, amigos que transam, femdom (e dommes de outros gêneros também), enby sub, sexo em público, ele é perfeito e nunca vão deixar ele esquecer isso
Surrender
Yuri conseguia vê-los sem muito esforço mesmo estando atrás do balcão. O horário mais movimentado estava quase acabando, mas eles estavam ali há horas em uma mesa estrategicamente escolhida. Era do lado direito da porta de entrada, perto da janela, em uma mesa redonda que era feita para abrigar muitas pessoas além dos três que estavam ali. Yuri conseguia vê-los sem esforço porque era exatamente isso que eles queriam. Estavam rindo, os três. Conversando enquanto trabalhavam, cada um fazendo uma coisa diferente, cada um com sua bebida, além de um pratinho com sanduíches e salgados. Aurora dançava ao som da música ambiente, Mica parecia concentrado, com fones de ouvido, e Juniper rabiscava em seu caderno, provavelmente desenhando alguma coisa. Não havia nada de particularmente especial ou alarmante naquela cena. À primeira vista, pareciam ser o que eram: amigos trabalhando juntos.
Entretanto…
— Oi, boa noite! Queria um cappuccino grande, por favor.
Yuri piscou algumas vezes, se trazendo de volta para a realidade, lembrando sua mente de que estava trabalhando. Estava em público, sendo visto, e se deixou levar pela expectativa do que aconteceria em breve. Tentou focar ao menos parcialmente no atendimento, seguindo o script padrão, mas sua atenção toda vez era roubada por qualquer movimento mínimo que eles faziam na mesa. Ridículo. Patético. Confirmou o pedido e se virou para ajudar Karina na preparação. Ela não costumava precisar, mas Yuri queria ocupar as mãos e, por Deus, parar de olhar para os três ao menos por um segundo. Não deveria ser tão difícil, mas sua mente estava sendo inundada de ideias, nenhuma santa, do que aconteceria mais tarde, de como o provocariam até o horário de fechar o café, de como cuidariam direitinho dele depois que a porta fosse fechada e as janelas cobertas.
Quando se virou de volta para o balcão, entretanto, a pessoa que fez o pedido não estava ali. Mica estava exatamente onde a garota do pedido deveria estar. Seu cabelo preto estava parcialmente preso hoje, um coque com uma parte solta e caindo sobre seu pescoço, e usava uma camisa que parecia ter sido feita sob medida para combinar com seu tom de pele marrom. O sorriso era largo, seu olhar magnético mirava Yuri como se pudesse comê-lo ali mesmo, sobre o balcão, para todo mundo ver.
— Ela sentou ali ó! — Ele apontou para uma mesa no fim do salão. Yuri conferiu e a garota realmente estava lá, esperando. — Vou querer mais um croissant, meu bem. E acho que você deveria ir ao banheiro.
O coração de Yuri fez um barulho dentro do seu peito equivalente ao uma escola de samba inteira. Ele olhou para a mesa por cima do ombro de Mica. Juniper e Aurora estavam olhando na sua direção, também com sorrisos safados no rosto. Juniper estava até apoiando o rosto sobre as mãos, e, Yuri podia apostar, estava provavelmente balançando os pés no ar, já que era pequeno demais para encostar eles no chão quando se sentava nas cadeiras do café.
— Vou levar seu pedido na mesa, senhor — Yuri respondeu.
Mica deu a risadinha de quem entendia o que estava por trás disso. Yuri estava sendo um bom atendente, claro, mas também queria se aproximar deles por um segundo. Mica fez um sinal de joia e voltou para a mesa.
Yuri levou o café para a garota, seguindo mais uma vez o script, agradecendo pela visita e reforçando que se precisasse de algo, poderia chamá-lo. Voltou para o balcão e pegou o croissant em um pratinho e foi na direção da mesa dos amigos. Colocou o prato ao lado do computador de Mica e não conseguiu impedir o calor nas bochechas quando sentiu o olhar dos três sobre si. Aurora estava com as mãos no colo, segurando o vestido, os cabelos loiros bagunçados, mas tão bonitos. Juniper estava mais ao fundo na mesa e só estava visível porque seu computador estava de lado, e não aberto na sua frente. Seu cabelo caia sobre os seus olhos, sua pele marrom brilhava, e seu sorriso era o de quem estava aprontando.
— Obrigada, Yuri — Aurora respondeu por eles e apoiou o rosto na mão direita, sem desviar o olhar. — Fiquei sabendo que você precisa ir ao banheiro.
De novo, Yuri sentiu o coração batendo com força. De novo, a ansiedade e o desejo se espalhando pelo seu corpo inteiro. De novo, uma urgência esquisita de ser tocado e usado. Tudo ficava ainda mais latente sob o olhar dos três.
— Acho que preciso — respondeu.
— Hm… E se comporte quando voltar, tá bom? — Aurora pediu e Juni deu uma risadinha, seguido de Mica. Eles tornariam isso uma tarefa muito difícil, Yuri tinha certeza.
Acenou antes de se retirar, fechando as mãos com força para contar o leve tremor de seus dedos. Passou para trás do balcão de novo e avisou Karina que iria ao banheiro rapidinho. Ela apenas acenou e disse que tomaria conta do caixa. Yuri tinha sorte. Sorte que Karina ainda parecia mais sua colega de trabalho do que sua chefe, embora a Senhora Romano tenha aparecido cada vez menos e deixado cada vez mais as coisas nas mãos da filha. Sorte que ela era tão gentil com suas esquisitices, e, por Deus, sorte que duas vezes por semana ela deixava Yuri fechar a loja sozinho porque tinha aulas de dança. Sem isso, não poderia cometer essa pequena loucura.
Passou no seu armário, pegou sua mochila e a levou consigo para dentro do banheiro dos funcionários. Não precisava usar o banheiro de verdade. Precisava de um item que estava dentro de sua mochila, em uma sacolinha pequena de tecido. Tateou o bolso da frente, procurando, e então ergueu o paninho rosa. Tirou dali um vibrador de calcinha também rosa, formato anatômico, bateria de longa duração, controlável à distância, perfeito para usar com o seu amor. Yuri se lembrava perfeitamente do que dizia a caixa que recebeu da mão dos três. Como poderia esquecer?
Apertou o botão de liga/desliga e o vibrador tremeu nos seus dedos por cinco segundos, e então parou. A luz continuou piscando, indicando que estava ligado e aguardando comandos do controle, que obviamente não estava com ele. Yuri estremeceu mais uma vez. Soltou o cinto e desceu a calça preta que sempre usava para o trabalho, depois abaixou a cueca e encaixou o vibrador no lugar. Subiu tudo de volta, fechou o cinto e apalpou entre as pernas, sentindo o formato do vibrador, sua textura lisa se esfregando em seu clitóris que já estava meio melado em antecipação.
Ele conhecia a sensação de usar o vibrador. Não nessas circunstâncias, ainda não, mas os três obviamente o fizeram abrir as pernas e encaixar o vibrador na frente deles. Obviamente testaram enquanto bebiam cerveja e comiam batata frita na sala de casa, rindo, conversando, sorrindo e acariciando o não binário que fechava as pernas, mordia o lábio de tanto tesão e apertava o tampo da mesa em desespero. Eram especialistas em fazer ele sofrer e o pior era que gostava disso.
Yuri saiu do banheiro, deixou a mochila de novo no armário e voltou para o balcão com as pernas fracas. Não poderia estar tão morto tão rápido, ainda tinha algumas horas até o final do turno. Duas, para ser mais exato. Duas horas e uma ordem muito clara: não podia gozar. Esse era o combinado. Esse era seu desafio da semana, sua provocação, e sua recompensa seria de acordo, se conseguisse se comportar.
Duas horas.
Karina olhou para Yuri demoradamente quando ele voltou.
— Tá tudo bem, Yu?
— Tá sim, Ká. Né nada não.
Ela não pareceu acreditar, mas Yuri não quis dar tempo das dúvidas dela aumentarem e voltou para o caixa. O movimento diminuiria na próxima hora até praticamente zerar e então ele precisaria embalar o que sobrasse do balcão e deixar na geladeira de funcionários o que não quisesse levar pra casa. Deveria limpar o balcão e a estufa, as máquinas de café, as mesas, fechar as janelas, lavar o chão. Normalmente dividia essas atividades com Karina e não demoravam mais do que trinta minutos, mas hoje deveria fazê-las sozinho. Além disso, bom, dessa vez eles estavam ali.
Yuri encarou os três na mesa, esperando que um deles olhasse em sua direção, que pudesse ao menos confirmar que fizera como pedido. Depois de algumas tentativas, seu olhar cruzou com o de Juni. Yuri fez um joia com a mão e Juni cutucou Mica, sussurrando alguma coisa pra ele, e os dois fizeram joia de volta. Yuri suspirou lento, ansioso pelo que viria, mas logo acabou se distraindo com o trabalho de novo. Entregou mais cafés, salgados, pãezinhos, sucos. Estavam com um movimento acima da média para esse dia e horário, e tudo isso o distraiu o suficiente para até se esquecer do que aconteceria em breve.
Quando o movimento finalmente diminuiu, Yuri já não se lembrava mais do vibrador entre as pernas. Ele deveria ter imaginado desde o começo que esperariam esse momento, quando ele parecesse distraído o suficiente, para começar. O vibrador ligou quando ele estava na mesa ao lado da deles, anotando o pedido de um garoto emo vestido inteiramente de preto e com uma franjinha.
Merda.
Yuri se inclinou um pouco pra frente e quase gemeu, mas ocultou com uma tosse nervosa. Pediu desculpas para o cliente e continuou atendendo, usando todas as forças para as mãos não tremerem segurando a caneta sobre o papel, para não morder os lábios involuntariamente, para não começar a piscar devagar, como sempre fazia quando estava morrendo de tesão. Era difícil. Sentia as vibrações no seu clitóris e, mesmo sem ter certeza, sentia os olhares deles queimando suas costas.
Conferiu o relógio quando voltou para o balcão. Trinta e cinco minutos para o fim do turno. Poderia ser pior, né? Eles já fizeram muito pior, se Yuri parasse para pensar. Já fora torturado por horas e horas, mas sempre dentro de casa. Era a primeira vez em público. A primeira vez de todos eles. Yuri sentou por um segundo na cadeira ao lado do caixa, mas logo Juniper levantou a mão na mesa deles, chamando sua atenção. Quase foi correndo, como um bobo.
— Sim? — Yuri parou ao lado da mesa.
— Queria mais um café, por favor — Juni sorriu pra ele com malícia.
— Cla..claro. — Assim que abriu a boca e começou a falar, Yuri sentiu as vibrações em seu clitóris aumentarem. — Já pego pra você.
Andou devagar de volta para o balcão, tentando não rebolar — se para trazer o vibrador mais para perto ou se para afastá-lo, não saberia dizer, de qualquer forma. Seus movimentos estavam quase robóticos, mas ele estava se esforçando muito para não parecer tão esquisito. A única pessoa que poderia notar era Karina, porque os dois ou três clientes que ainda estavam ali pareciam concentrados em suas próprias mesas.
Yuri fez mais um café para Juni, do jeito que ele gostava, e não pôde deixar de notar o olhar de Karina o seguindo pelo salão até a mesa. Torcia que ela não decidisse encrencar com os amigos ali. Não era a primeira vez que eles passavam a tarde e a noite estudando ali, conversando, rindo. Sempre consumiam, embora uma vez ela tivesse comentado que não precisavam comer nada que não quisessem, e que poderiam ficar ali. Ainda assim, o fato de estar agindo estranho e estar sendo observado preocupava Yuri.
— Aqui está, senhor. — Entregou o café no centro da mesa e Juni puxou para o lado de seu caderno.
Todos os três deram risadinhas.
— Senhor? Juni tá mais pra…
— Sem ofender, Mica.
— É um diabinho, esse garoto. — Aurora passou os dedos no rosto dele, que sorriu pra ela. — Não só ele.
Aurora encarou Yuri com um desejo queimando no olhar. Era nítido, ela não parecia nem um pouco interessada em esconder. Desceu uma das mãos para o colo e, Yuri sabia, estava provavelmente tocando o próprio pau embaixo da mesa. Porra, que delícia. Pensar nisso não ajudava em nada com as sensações que já se acumulavam em seu ventre, seu clitóris extremamente sensível. O vibrador se mexia toda vez que ele andava, às vezes vibrando no lugar exato que Yuri gostava, às vezes não mais do que uma vibração distante e um lembrete de seu tesão. Gostoso, ainda assim.
— Só mais quinze minutos, meu bem — Aurora comentou, e Yuri percebeu que provavelmente estava fazendo uma cara de desespero pra ela.
Quinze minutos. Quinze longos minutos.
Voltou para o balcão porque ficar em pé com os amigos seria demais. Sem conseguir ficar quieto — um misto de ansiedade e desejo e tesão tomando conta de seu corpo —, começou a fechar o caixa, guardar as comidas que sobraram e limpar as máquinas. Karina continuava o observando, mas esperou até que todos os clientes tivessem ido embora para fazer alguma coisa.
Quando o garoto emo saiu, Karina foi atrás dele e desligou o neon de “Estamos abertos, café quentinho” que normalmente ficava aceso do lado de fora. Também abaixou as proteções das janelas, uma aquisição relativamente recente da mãe dela para que eles se sentissem mais confortáveis limpando a loja no fim do turno à noite sem que as pessoas ficassem observando do lado de fora. A senhora Romano não fazia ideia do uso que essas proteções teriam agora. Yuri estava pronto para dizer "boa noite" para Karina quando ela passou por ele e o chamou:
— A gente pode conversar ali nos fundos?
Yuri olhou brevemente para os amigos e torceu para sua cara não transparecer o pavor que sentia.
— Claro. Claro.
Secou a mão no avental e seguiu Karina para a parte de trás. Sentiu o vibrador aumentar e aumentar até o que parecia ser o máximo enquanto andava. Que filhos da puta. Sabia que eles não conseguiriam alterar as configurações do vibrador até que voltasse para a frente da loja, porque o alcance para mudanças era relativamente pequeno. Ficaria vibrando assim, dessa forma, até que ele voltasse para o balcão e algum deles decidisse ter piedade. Karina o levou até o escritório de sua mãe e sentou atrás de uma mesa de escritório. Yuri se apoiou contra a parede, tentando não transparecer a agonia e o desejo e o pânico que sentia.
Karina respirou fundo antes de falar.
— Eu não vou ficar de joguinhos. Me fala o que tá acontecendo entre você e seus amigos. — Karina estava com o olhar fixo nele, séria. — E não minta pra mim, Yuri.
Yuri mordeu o lábio inferior e tombou a cabeça para trás. Não queria mentir para Karina, mas não sabia como falar a verdade também. Sentia que ela era sua amiga depois de tanto tempo trabalhando juntos, e não é como se nunca tivessem falado sobre sexo. Só nunca… dessa forma. Levou os dedos até o rosto e massageou ao lado dos olhos. O vibrador ligado no máximo não ajudava, não ajudava mesmo. Não conseguia se concentrar. Não conseguia pensar direito. E sabia que, se abaixasse o rosto de novo, o olhar de Karina estaria sobre si.
— Eu… — Yuri começou, mas parou. — A gente…
— Sem problemas, tô com tempo. — Karina se inclinou na cadeira. Ela normalmente não era assim, não falava assim, e a seriedade na voz dela causava calafrios em Yuri.
Ele fechou os punhos. Se ao menos o vibrador o desse um maldito segundo de paz para pensar, para raciocinar alguma coisa para dizer para Karina.
— É só que… — Yuri tentou falar de novo, mas quando tentou olhar para Karina, sentiu o coração acelerar quando a encontrou apoiada sobre a mesa, segurando um sorriso visivelmente safado. — Ah, merda. Você sabe. Como você sabe?
Karina deu risada. Ela deu risada!
— Eu não tinha certeza, mas agora fica difícil não achar que estou certa. O que vocês pretendem aprontar no meu café? Acredito que tenho ao menos o direito de saber.
Yuri tinha tanto tesão acumulado que já sentia as pernas fracas. Inferno. Respirou fundo mais uma vez.
— Eles querem… — Não soube bem de onde tirou coragem para terminar a frase. — Querem se divertir comigo. Tecnicamente… já estão se divertindo comigo.
— Tecnicamente? — Karina voltou a se inclinar na cadeira, parecendo se divertir muito com a situação. — Seja mais específico.
Yuri olhou para o lado, incapaz de falar olhando pra ela.
— Me fizeram colocar um vibrador — murmurou. — Na cueca.
— Hm… — Karina ficou em silêncio por um minuto. — E vão se divertir mais com você quando eu for pra aula de dança, é isso?
Yuri acenou, ainda olhando para algum ponto na parede ao lado dela, e não para ela. Karina se levantou, passou ao redor da mesa e parou de frente para Yuri, o rosto muito perto do dele. Esticou a mão na direção do quadril dele, na altura perfeita para sentir seu clitóris e o vibrador se quisesse. Yuri achou que iria morrer.
— Posso sentir? — perguntou, a voz nada além de um sussurro.
Porra, porra, porra, porra.
A mente de Yuri estava acelerada, sua sanidade há muito apenas o resquício do que já foi. Karina, a sua colega de trabalho gostosa, as coxas mais fartas que já viu em toda sua vida, os lábios mais carnudos, o cabelo mais sedoso, os maiores peitos… estava pedindo para sentir o vibrador na sua cueca. Porra.
— Sim. — A voz de Yuri também estava fraca e baixa.
Karina encaixou a mão sobre a sua cueca, no formato perfeito para sentir o vibrador e apertá-lo ainda mais contra o seu clitóris. Yuri mordeu o lábio inferior com força, segurando um gemido que iria com certeza sair alto demais. Ela continuou com a mão ali e esfregou um pouco, massageando mais seu clitóris, mandando mais e mais ondas de prazer e desespero por todo o corpo de Yuri. Morreria ali. Pior: gozaria ali. Na mão da sua chefe-colega de trabalho que nem deveria saber que ele estava fazendo essa maluquice pra começo de conversa.
— Eu não vou pedir pra participar. Não sei se seus amigos… não sei se me querem lá, a gente não se conhece direito. Eu também sou tímida. — Karina estava falando baixo, perto do ouvido de Yuri, que não conseguiu segurar uma risada ao ouvir a garota mais extrovertida que ele conhecia se chamar de tímida. — Eu sou, seu ridículo. Pra isso eu sou. — Ela deixou um beijo no pescoço dele e respirou fundo, soprando ar quente em sua pele. — Mas eu quero assistir. Você… Vocês me deixam assistir? Daqui mesmo. Das câmeras de segurança.
Yuri não sabia se estava aliviado de não ser xingado ou se seu desespero tinha acabado de ficar ainda maior. Não seria apenas usado pelos amigos, seria observado e desejado pela sua chefe. Porra.
— Como se fosse um vídeo pornô especial?
— O mais especial de todos, eu diria. —- Karina soltou Yuri e se afastou, limpando um pouco de suor na manga de sua camisa. — Mas você pode dizer não. Vocês todos podem dizer não, e daí eu vou pra minha aula e só vou pedir pra vocês por favor, por favor limparem tudo depois. E não transem no meu balcão, pelo amor.
— Eu jamais cometeria essa atrocidade.
— É bom mesmo.
Yuri perdeu a paciência e segurou o vibrador com uma das mãos, afastando-o só um pouco do seu corpo para conseguir ao menos formular uma frase coerente.
— Eu acho que… Acho que não me importo. Você pode ver.
Karina acenou, parecendo satisfeita, os olhos brilhando.
— Mas pergunta pra eles também. Eles precisam saber.
Yuri riu.
— Ah, Karina. Acho que você vai descobrir um lado deles que não fazia ideia que existia.
— Então me deixa descobrir. Vai lá, conversa com eles. Se tiver tudo bem, faz um sinal pra câmera que fica atrás do balcão. Consigo posicionar ela.
Karina se sentou mais uma vez e Yuri soltou o vibrador, sentindo de novo as pernas fracas, o coração acelerado. Acenou pra ela antes de sair e começar a caminhar de volta para o salão. Que porra eu to fazendo?, se perguntou, e não conseguiu encontrar nenhuma resposta decente ou coerente para justificar o sim que disse para Karina. O pior era também não encontrar nenhuma justificativa para dizer não. Ela era gostosa, ele gostava dela, e se não iria o demitir, que mal faria se ela estivesse vendo? E só a ideia de que estava sendo observado acrescentava uma camada tão deliciosa ao que fariam.
Quando voltou para o salão, os três já tinham guardado os notebooks e cadernos e estavam conversando baixinho, todos virados para a porta, esperando quando Yuri voltaria. Nada discretos. Sua cara provavelmente demonstrava nervosismo, porque os três fizeram silêncio imediatamente quando o viram. Esperaram que se aproximasse antes de falarem todos juntos, um por cima do outro:
— Tá tudo bem? — Mica segurou Yuri pelo braço.
— Yuri? — Juni arregalou os olhos.
— Ela percebeu, não é? — Aurora foi direto ao ponto.
Yuri fechou as duas mãos, nervoso, e acenou devagar, concordando.
— Que merd… — Juni começou.
— Ela pediu pra assistir — Yuri o interrompeu. — Se tiver tudo bem por vocês.
Os três fizeram silêncio e se entreolharam. Poucos segundos depois, acenaram também, concordando.
— Mas você tá de boa? — Aurora questionou. Yuri sentiu as bochechas corarem. — Ah… Não precisa responder. Diz pra ela que tudo bem. Ela pode vir pra cá.
— Ela vai ver pelas câmeras.
— Hm… Bom. Ela pode vir pra cá se quiser, por mim. — Aurora insistiu, Mica e Juni concordaram. — Diz pra ela e vamos começar.
Yuri fez um sinal de joia pra câmera e, em seguida, também fez um gesto chamando ela para vir para o salão. Não tinha certeza que ela entenderia, e, se entendesse, não saberia se ela de fato viria. Entretanto, o recado estava dado. Ia se virar de volta para os amigos, mas Juni passou a mão ao redor de seu pescoço e começou a lamber sua pele e dar beijinhos e mordidas.
— Você vai ser bonzinho pra gente hoje? — Juni perguntou, suspirando contra o seu pescoço. Yuri acenou, concordando. — Bonzinho e obediente? Pra nós três? Nós quatro?
— Sim… — Yuri já estava gemendo.
O vibrador entre suas pernas estava bem fraco agora, quase esquecido no fundo de sua mente no meio de tanta tensão e antecipação.
— Então tira sua roupa — Juni ordenou.
Yuri estremeceu, mas obedeceria. Virou-se para a mesa. Aurora estava sentada em uma das cadeiras e Mica ao seu lado, os dois de mãos dadas, observando enquanto Juni tomava o controle daquele começo de interação. Juni estava apoiado na beira da mesa, esperando.
Com os dedos trêmulos, Yuri tirou seu avental. Jogou sobre a mesa vazia ao seu lado antes de descer os dedos para o cinto, abrindo-o devagar. Estava acostumado a ser observado pelos amigos, assim, exposto, objeto de desejo, mas agora havia uma nova pessoa nesse arranjo. Sentia o olhar de Karina em sua nuca, ainda que ela não estivesse ali, ainda que só estivesse o vendo pela câmera. Seu corpo inteiro estava arrepiado.
Enrolou o cinto com cuidado e o deixou na mesa também. Desabotoou sua camisa, soltando-a da calça, e sentiu o coração explodindo no peito quando Aurora murmurou algo no ouvido de Mica, que sorriu muito safado para Yuri. Porra. Estavam planejando alguma coisa indecente, ele tinha certeza.
— Foco — Juni chamou sua atenção.
Deus.
Terminou de tirar a camisa e dobrou. Tirou os sapatos, as meias, a calça. Ficou, por alguns segundos, somente de cueca e binder. Nunca antes sentiu tanto tesão e tensão ao mesmo tempo. Achava que sabia o que era morrer de desejo antes de uma cena, achava que conhecia as reações do próprio corpo, mas o coração acelerado, a respiração incerta e os dedos que não se aquietavam eram uma soma desesperadora e nova.
— Não precisa tirar o binder se não quiser — Aurora interviu. — Sabe disso.
Yuri acenou pra ela, mas não foi por isso que parou. Estava aguardando a permissão de Juni para continuar. Sentia-se observado, sentia o desejo queimando no olhar dele.
— Dá uma volta pra gente. — Ele olhou para a câmera. — Devagar.
Yuri rodou lentamente, exibindo o corpo para os três presentes e para a câmera. Seu peito era pequeno e tinha uma barriguinha que os três adoravam. Seu cabelo estava curto e repicado, suas coxas eram grossas e cheias de pelos macios, sua cueca destacava isso. Poderia, em outro momento — talvez alguns anos antes — sentir vergonha de se expor assim, de se exibir assim, mas não mais. Tinha orgulho do seu corpo, se sentia delicioso e sabia que gostavam disso. Que olhassem. Que o desejassem. Se mostraria e adoraria cada reação dos três. Dos quatro.
— Bom garoto. — Juni sorriu pra ele. — Tire o resto.
Se esforçando para manter os dedos firmes, desfez o encaixe do binder e soltou a peça. Desceu a cueca também, com calma para não deixar o vibrador cair no chão.
— Dá aqui — Aurora pediu, a mão esticada. Yuri entregou.
E então duas coisas aconteceram ao mesmo tempo.
Do seu lado esquerdo, Aurora levou o vibrador até a boca e lambeu toda sua extensão molhada, sugando o gosto de Yuri dali, cada gota.
Do seu lado direito, Karina entrou no salão e sentou em uma das mesas do canto, afastada deles o suficiente para não ser o centro da atenção, mas perto o suficiente para observar o que faziam.
Porra.
Yuri soltou um suspiro nervoso, inspirando e expirando. Aguardou a próxima ordem em silêncio, esperando enquanto os amigos olhavam para Karina por alguns segundos, como se a comprimentassem, de igual para igual. Era tão, tão sexy ver os quatro no poder. Ainda que Karina não fizesse nada, ainda que não o encostasse, era delicioso demais.
— Minha vez. — Aurora levantou da cadeira, serelepe, quase saltitando. À primeira vista, ela parecia uma mulher muito fofa. Ela de fato era, na maior parte do tempo, ao menos. Quando o assunto era sexo, entretanto, a história era outra. — Tire suas roupas dessa mesa, ela vai funcionar perfeitamente para o que quero fazer.
Enquanto Yuri juntava suas peças de roupa e movia para uma cadeira, Aurora e Mica juntaram duas mesas quadradas de madeira, criando uma superfície perfeita para… Merda.
— Sente aqui, Yuri. — Aurora apontou para a mesa. — E Karina, meu bem, prometo ajudar a limpar tudo direitinho depois.
— Sem problemas, queridos. Fiquem à vontade. — A voz de Karina estava tão sensual e gostosa. Tão diferente da voz do dia a dia, do trabalho.
— Talvez você queira chegar mais perto, mas só se quiser — Aurora falou para Karina, e então se virou de volta para Yuri, que só então conseguiu se mover para obedecer a ordem.
Apoiou-se em uma cadeira e subiu sobre a mesa, sentando no centro de uma delas, a ponta das pernas para fora, os braços servindo de apoio atrás das costas. Não sabia como se posicionar ou o que queriam dele, mas tinha certeza que logo descobriria.
— Vire para o lado de cá. — Aurora indicou. Yuri se moveu, apoiando os pés no centro da outra mesa. Estava de frente para Karina agora. Maldita Aurora. — Vou inspecionar seu corpo, Yu. Vou inspecionar você. Vou ver se está molhado, se está suado, vou apertar seus mamilos e sentir suas coxas e tudo que eu conseguir fazer. E vou te exibir no processo, pra quem te conhece… e pra quem está te vendo pela primeira vez.
Yuri acenou, concordando, o coração acelerado, seu clitóris pulsando entre suas pernas.
— Você sabe o que dizer se quiser que eu pare. — Aurora o lembrou, mesmo que não precisasse. — Até lá, vou me divertir com você.
Ai, caralho.
Juni e Mica se sentaram ao redor da mesa, aguardando, sorrisinhos atrevidos no rosto. Em algum lugar dentro de si, Yuri tinha certeza que Karina se aproximaria também, era só uma questão de tempo. Tão, tão sensual. Porra, porra, porra. Queria tanto que ela se aproximasse. Que o visse. Que o desejasse.
E então Aurora começou.
— Sente com as costas retas — ordenou.
Yuri endireitou o corpo e Aurora passou uma das mãos ao redor de seu pescoço, puxando seu rosto para cima. Afundou o nariz em seus cabelos e esfregou o rosto, depois segurou os fios com a outra mão e tombou o rosto de Yuri para trás.
— Cheiroso e macio, como sempre. Tão gostoso e bem cuidado, o meu Yu.
Yuri queria morrer ao ouvir cada palavra, desesperado e cheio de tesão com o menor dos elogios de Aurora. Ela continuou seu caminho e passou os dedos no pescoço de Yuri, sentindo sua pele, subindo até as orelhas, descendo de novo até os ombros. Andou ao redor da mesa, se posicionando de lado em relação à Yuri, e escorregou a ponta dos dedos pelos mamilos dele. Estavam duros, saltados, chamativos, e Aurora circulou os dois, massageando e sentindo.
— Sempre tão pronto e tão excitado, Yu. Os mamilos mais deliciosos. Vocês conseguem ver? Como ele está.
— Uhum — Juni acenou, o olhar vidrado.
— Podemos tocar? — Mica questionou, a mão esticada na direção da mesa.
— Ainda não, meu amor. Observe. Veja como ele é… — Aurora lambeu entre os peitos de Yuri e subiu com a língua molhada até o seu pescoço e bem perto de sua boca. — Veja como ele é perfeito.
Yuri precisou morder o lábio inferior com força para não se contorcer e se encolher sobre a mesa com os toques e elogios de Aurora. Era quente, tão quente, e tão sensual e tão erótico cada coisa que ela dizia, cada toque contra sua pele. Yuri se sentia delirante, sortudo, um escolhido divino para esse momento, para essas pessoas, suas pessoas favoritas.
Aurora pinçou o mamilo esquerdo de Yuri, testando a força nos dedos e nos puxões e medindo cada reação dele. Yuri apertou os dedos contra o tampo da mesa, desesperado para se agarrar a alguma coisa, qualquer coisa. Não pretendia esconder nenhuma de suas reações, então deixou os gemidos saírem a cada puxão, cada onda de dor e desejo que se espalhava pelo seu corpo. Yuri estava desesperado de tesão, se sentia molhado e o corpo inteiro estava sensível, ainda que tivessem feito tão pouco.
— Os melhores peitos, os mamilos mais deliciosos… De apertar… —- Aurora reproduziu o que falou. — De puxar. — De novo, fez exatamente como falava. — De morder… — Se inclinou sobre Yuri e mordeu com força a lateral de seu peito. Sabia que deixaria uma marca e fez de propósito. — De sugar, de usar, de oferecer. — Aurora lambeu e beijou mais o peito de Yuri. — Mica, vem cá.
Mica levantou e foi até ela, parando ao lado de Yuri. Aurora estendeu a mão sobre o peito dele, indicando e servindo, e Mica não hesitou em aproveitar. Se inclinou sobre Yuri e lambeu seu mamilo direito, depois mordeu, sugou. Manteve a mão apertando firme o outro peito e Yuri agora gemia sem pudor nenhum, trêmulo e surtando e querendo mais e mais e mais. Todos eles. Rápido. Forte.
— Você é tão gostoso e tão safado e tão delicioso, meu Yu. Tão insuportavelmente delicioso. — Aurora murmurava repetidamente, a voz baixa e arranhada. — Abra as pernas.
Yuri obedeceu, abrindo um pouco as pernas, sem saber exatamente até onde poderia ir sem que os pés escorregassem para fora da mesa. Inclinou o corpo um pouco mais para trás, se apoiando agora nos cotovelos, e foi quando viu Karina se aproximando mais deles. Sim, sim, sim, era tudo que conseguia pensar. Não fazia ideia de como algo que não havia acontecido até meia hora atrás poderia ser tão essencial agora, como se precisasse ser visto por ela também, desejado e tocado por ela também.
Juni percebeu a aproximação de Karina e a convidou para sentar ao seu lado, onde Mica estava até alguns minutos antes. Karina aceitou. Karina… aceitou. Yuri mordeu o lábio inferior, sem conseguir decidir se o que o enlouquecia mais eram os lábios de Mica nos seus peitos, os dedos pinçando seus mamilos, o olhar maníaco de Aurora ou os olhares safados de Juni e Karina. Juni comentou algo no ouvido de Karina, que riu um pouco enquanto olhava para Yuri. Não era uma risada ruim, era quase maléfica, era nítido. Aquele olhar, aquelas expressões, não poderiam ser nada além de desejo puro e simples, não havia nada que pudesse enganar Yuri quanto a isso.
— Abra mais as pernas — Aurora repetiu a ordem.
Yuri abriu mais, devagar, tentando sentir a borda da mesa com os pés. Quando parou, se sentia completamente aberto e exposto. Sabia que conseguiam ver o quanto estava molhado, como seu clitóris estava, conseguiam ver a parte interna de suas coxas e o caminho de pelos de sua barriga até sua buceta. Conseguiam ver tudo.
Aurora soltou um longo e audível suspiro.
Yuri morreu um pouco naquele instante. Perceber o vestido saltado onde o pau dela estava duro e provavelmente todo melado só piorou sua situação.
Porra, porra, porra.
Yuri adorava quando Aurora o olhava assim. Como se ele fosse precioso, como se fosse a melhor coisa do planeta, como se ela mal conseguisse se controlar ao seu redor e todo o seu corpo fosse um altar, um templo. Aurora estava inspecionando, exibindo e compartilhando o corpo de Yuri, sim, mas também o adorando com todas as suas forças e Yuri amava, amava essa sensação.
Aurora se inclinou entre as pernas de Yuri, o lábio inferior preso entre os dentes, o olhar fixo e queimando de tesão. Colocou os dedos em pinça ao redor do seu clitóris, massageou devagar e escorregou até sua entrada sem dificuldade, sentindo e esfregando.
— Você é tão… — Aurora murmurou e então mordeu o lábio de novo. — Ai, tão perfeito, meu Yu, sua buceta é tão perfeita e está toda molhada assim… Prontinha pra ser usada, pra servir, pra dar prazer pra gente. — Ela esfregou mais os dedos e levou até a boca, lambendo devagar. — Pra gente e pra você mesmo, né? Meu Yu é um putinho safado, você tá adorando, não está? Aposto que está pensando em coisa muito pior do que o que estamos fazendo agora.
Ela estava certa. Claro que estava. Enquanto ela o tocava com tanta gentileza e murmurava as coisas mais sexys e obscenas para ele, Yuri pensava em ser fodido pelos quatro em todos os seus buracos até seu corpo não ter mais forças para impedir orgasmo atrás de orgasmo.
Porra.
Yuri sentia um ganido pronto para sair de sua garganta, contido apenas pelos gemidos que não paravam e pelo fino fio que era o resquício de sua sanidade. Isso tudo era muito, muito melhor do que qualquer coisa que ele poderia ter imaginado antes. Queria morder alguma coisa, queria rosnar, queria deixar seu tesão escapar de alguma forma incontrolável e indomável, algo que chegasse perto de descrever o quanto estava adorando a sensação de ser inspecionado, exibido, compartilhado. Tanta atenção era demais, muito mais do que imaginou.
Porra.
Aurora acenou para Juni e Karina se aproximarem.
— Divirtam-se, amores. — Aurora sorriu para elas e se apoiou de lado na mesa, perto de Mica, que continuava alternando beijos, lambidas e mordidas nos seios de Yuri.
Juni não demorou e desceu os dedos por sua buceta, melando e escorregando até sua entrada. Deslizou dois pra dentro fácil, fácil demais, e adicionou mais um logo em seguida, sem hesitar.
— Tão apertado e quente. Porra Yuri, você é uma delícia mesmo, eu nunca me acostumo com a sensação de meter em você.
Yuri subiu a mão esquerda e apertou a bunda de Mica, unhando com força, desesperado. Ele pareceu receber isso como um incentivo e mordeu um dos seios, o que só piora. Yuri xingou baixinho, arfando, tentando manter o quadril imóvel enquanto Juni metia os dedos devagar.
Karina se aproximou com cautela. Tinha o olhar fixo entre as pernas de Yuri, mas os dedos pareciam se mover em câmera lenta. Ela tinha permissão para fazer isso — porra, Yuri duvidava que existia algo que não permitiria depois desse dia —, mas parecia hesitante, como se estivesse a ponto de quebrar. Ela finalmente — finalmente, finalmente, finalmente — tocou o clitóris de Yuri e foi terrível. Esfregou com a ponta dos dedos, depois formou uma pinça e o masturbou, e Yuri se sentia tão molhado e tão duro e tão sensível que parecia que iria explodir. Juni sorriu pra ele como um capeta endemoniado, Aurora observava cada uma de suas reações com luxúria, Mica parecia estar preso em seu próprio mundinho, adorando sua parte favorita do corpo de Yuri, e Karina… Karina parecia em transe.
— Seu clitóris tá tão inchado… Tão melado, tão duro, meu deus Yuri… — A voz dela estava rouca, seus dedos estão trêmulos, deslizando na buceta de Yuri com facilidade. — Tão… ai, eu vou ser assombrada por isso, olha… — Ela olhou para Juni, parecendo buscar alguma resposta ou confirmação.
— Eu tô vendo — Juni concordou, sem parar o que fazia. — Ele é assim, ele é…
— Perfeito — Karina o interrompeu. — Perfeito. Melado, duro e perfeito. A cena mais deliciosa que já vi na vida, que eu já senti. Acho que… Nossa, acho que eu cometeria um crime só pra poder te chupar, Yuri. Sentir se o gosto do seu clitóris duro e perfeito é tão incrível quanto… isso.
— Você pode, Karina — Aurora respondeu à pergunta não dita. — Meu Yu está aqui para isso. Será a nossa diversão e nós seremos a diversão dele, então se você quiser se abaixar e chupar o clitóris dele, você pode. Você deve, até.
Karina olhou para Aurora parecendo completamente perdida e Yuri teve certeza que ela iria se abaixar e iria chupar, ainda que ela parecesse não ter certeza ainda. Ele conseguia sentir o desejo dela quase tão claro quanto o seu, tudo explícito no seu olhar, nos seus dedos tremendo, no subir e descer de seu peito descompassado. E se ela estava ansiosa, Yuri estava pegando fogo.
Como incentivo, Mica levantou o olhar e segurou uma das pernas de Yuri abertas. Juni e Aurora seguraram a outra, analisando as reações de Karina a cada segundo que se passava.
Ali, aberto, exposto, desejado, exibido, cobiçado, Yuri se sentiu como um troféu. Um prêmio, uma iguaria em um jantar. Ele era a própria festa, mas também o convidado; estava sendo comido e ordenado e inspecionado, mas também endeusado e adorado e, porra, como, como seria recompensado.
Karina se inclinou sobre a mesa, seus seios pendendo para frente, fazendo volume na camisa, e se posicionou entre as pernas de Yuri. Passou os braços ao redor de suas coxas, um de cada lado, e Yuri soube o momento exato em que ela decidiu que faria mesmo aquilo, porque foi o momento exato em que Yuri soube que estava arruinado. Juni deixou Aurora e Mica segurando as pernas de Yuri abertas e usou as duas mãos para abrir mais a buceta dele, exibindo ainda mais o seu clitóris, deixando-o pronto para ser lambido, sugado, devorado. Yuri viu o olhar de Karina se perdendo e se perdeu junto, se preparando para a explosão de desejo que viria a seguir.
Quando Karina fechou os lábios ao redor do clitóris de Yuri, o mundo pareceu derreter. Sua boca soltou todos os palavrões conhecidos; seu peito subia e descia, mas era de novo e de novo prensado contra a mesa por Mica, que não queria perder um segundo de contato; as unhas de Aurora ao redor de sua coxa direita estavam deixando marcas, era evidente, e Yuri conseguia vê-la esfregando a ereção contra a borda da mesa; Juni manteve as mãos no lugar, abrindo Yuri para Karina, e se aproveitou da posição para deixar mordidas nas coxas dele, mais marcas para o dia seguinte, mais marcas para nunca se esquecer dessa noite.
E tinha Karina.
Sugando seu clitóris com os lábios fechados, saboreando, soltando gemidos baixinhos, suas unhas apertando as coxas de Yuri.
Porra, porra, porra, porra, porra, porra.
— É tão… — Karina começou a falar, mas desistiu e voltou a chupar. — Ah, Yuri, meu Deus… — Ela não parecia conseguir se afastar por mais do que um segundo, apenas o suficiente para recuperar mais um pouco de fôlego e continuar. — Tão grande, tão duro… — Ela esfregava a língua e passeava os lábios e sugava e lambia e Yuri estava tão feliz e radiante e surtado que não saberia descrever todas as sensações. — Perfeito. Porra, perfeito.
Talvez morrer fosse assim.
Quando você faz o que tinha que fazer e sua vida deu certo e a morte te acolheu como uma velha amiga, talvez seja essa a sensação. Seu corpo inteiro em chamas, cada pedacinho, tesão e tensão e desejo e ansiedade se espalhando e pulsando e pulsando, mas era tudo tão, tão certo e maravilhoso que foda-se que Yuri não conseguia respirar direito e foda-se que estava arfando e foda-se que estava empapado de suor e foda-se que seu corpo inteiro iria doer no dia seguinte, ele só queria mais mais mais.
Yuri gemia e rebolava e murmurava mais, Karina, mais, porra, mais, ai Aurora, ai Juni, Mica, porra, porra, porra mordendo o lábio inferior e não conseguia deixar de pensar que Karina parecia estar chupando como se Yuri fosse a melhor coisa que ela já provou na vida. Ela parecia em transe, tão dedicada e empenhada e tão boa no que fazia. Era gostoso demais, demais, demais. Yuri sabia que não aguentaria muito mais tempo. Não com tantos estímulos, não com tantas mãos em seu corpo, não sendo eles ali.
Karina não parou, Juni não parou, Aurora não parou, Mica não parou.
Yuri sentiu seus braços tremendo, suas pernas fracas estremecendo, seu corpo inteiro entregue ao prazer, rendido. Seus gemidos viraram murmúrios sem sentido, seus lábios inchados e doloridos depois de tantas mordidas, seus seios marcados com os dentes de Mica, seus mamilos vermelhos de puxões, suas pernas doloridas da posição, e seu clitóris…
Aurora murmurou alguma coisa para Karina, Yuri tinha certeza absoluta, mas não conseguiu ouvir o quê. Se sentia embaixo d’água, inundado, mas percebeu perfeitamente quando Karina se inclinou para o lado e abriu espaço. Juni tomou o lugar que era de Aurora segurando a perna de Yuri no lugar, e Aurora enfiou dois dedos na boca, sugando e lambendo de forma audível.
Yuri soube o que ela iria fazer antes que ela fizesse, mas não ajudou em nada.
Aurora enfiou os dois dedos na buceta dele, fundo, rápido, aproveitando o quanto ele estava molhado e úmido. Meteu ali uma, duas, três vezes, até que pareceu satisfeita e desceu os dedos para o cu de Yuri, Esfregou sua entrada, molhando, e enfiou um dos dedos devagar.
Yuri não aguentava mais. Não parecia ser possível aguentar mais.
Juni sorriu com maldade e enfiou três dedos onde há pouco estavam os de Aurora, metendo com força em sua buceta.
Karina sugava seu clitóris com devoção, ainda que prejudicada, agora que dividia sua buceta com mais duas mãos.
Mica se mexeu e foi para trás de Yuri, esticando os braços ao lado de seu corpo e apertando seus mamilos enquanto murmurava em seu ouvido.
— Olha pra eles, Yu. — A voz de Mica era tão gostosa. — Fodendo você, chupando você, tão gostoso e tão molhado. Três pessoas te comendo sem uma gota de lubrificante porque você é safado demais e está sempre escorrendo pra gente.
Demais. Tudo era demais.
— Até a Karina… Há quanto tempo você está fantasiando com ela? Pensando que ela podia tirar seu avental e te foder atrás desse balcão, ein? Putinho assim, aposto que ia pro banheiro se masturbar pensando nisso, não é?
Yuri não se lembrava mais nem de seu nome.
— Você é mesmo perfeito, Yu…
— Ah, porra, me deixem gozar? Por favor, me deixa gozar, por favor, porra, porra… — Yuri falou pela primeira vez em muito tempo, incapaz até de entender como as palavras descobriram o caminho para sair de sua boca.
O sim dos quatro foi uníssono.
— É claro que você pode gozar, meu Yu. — Aurora, como sempre, quis provocar ainda mais. — Você é delicioso, é safado demais, é perfeito, e garotos perfeitos merecem gozar. Goza pra gente, meu Yu.
E Yuri, como sempre, obedeceu.
O prazer explodiu em seu corpo e em seu peito e no meio de suas pernas e em seus braços e na ponta de seus pés e Yuri gemeu e gritou e revirou os olhos com tanta força que teve a sensação de ter visto dentro de sua própria cabeça. Estava delirando, surtando, incapaz de se comportar e se conter.
Yuri tentou fechar as pernas, tentou recobrar algum senso de si, mas todas as mãos o mantiveram exatamente no mesmo lugar enquanto continuavam fazendo exatamente o que estavam fazendo. Estava sendo torturado, seu orgasmo sendo levado a outro nível com um dedo de Aurora em sua bunda, outros três de Juni em sua buceta, a língua quente de Karina no seu clitóris, as mãos safadas de Mica apertando seus mamilos.
Yuri demorou muito tempo para conseguir se acalmar ao menos um pouco, ainda arfando, ainda sofrendo, ainda delirando, e só conseguiu sorrir abestado olhando para o teto. Que sorte. Que sorte a sua esses quatro estarem em sua vida.
Aurora tirou os dedos de dentro dele e se afastou, saindo do seu campo de visão. Todos se afastaram um pouco, o silêncio reinando por um segundo. Yuri reuniu forças para dizer:
— Porra, isso foi tão bom.
Seu peito fazia cosquinha, sentia uma felicidade dentro de si que não parecia caber.
Aurora deu uma risada fácil, alta, feliz.
— Eu só vim pegar água, meu Yu. A diversão acabou de começar.
Não tenho nada além de obrigado pra dizer. Obrigado por me permitirem fazer a arte que eu amo, por acreditarem nela mesmo quando eu duvido, por comemorarem cada coisinha comigo, por cada mensagem de surto, por cada comentário. Cês não tem noção do quanto essa newsletter foi e é importante pra mim, do quanto esse projeto foi importante pra mim, de como isso aqui se tornou minha casa, um lar que me permite ser o que eu sou e que, espero, permite que vocês sejam quem são. Que desejem, que explorem, que se divirtam. Sou grato, mesmo. Obrigado por estarem nessa jornada comigo, espero que tenham gostado. Até o próximo texto, querides safades.
Um beijo estalado,
Leia todos os textos da kinktona!
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