- Só uma rapidinha
- Posts
- #3 - A Senhora e o Verme - Kinktona - Larissa Siriani
#3 - A Senhora e o Verme - Kinktona - Larissa Siriani
tapa na cara, pede pra apanhar
Olá querides safades, tudo bom?
Hoje vamos seguir sendo insaciáveis e cheios de tesão com a kinktona, a maratona kink do Só uma rapidinha! Até o dia 04 de dezembro teremos textos novos por aqui toda semana, cada um de uma pessoa convidada diferente, e todos muito queer e kink!
Quem escreve pra vocês hoje é a Larissa Siriani!
Apresentação
Lara (ou Larissa) Siriani (ela/dela) é autora, faz pole dance, trabalha com conteúdo adulto e com livros. Seu lançamento mais recente como Larissa é “Para Ana, com Amor”, uma história profunda e complexa sobre a relação que construímos com os nossos corpos, com uma boa rede de apoio e com o tempo. Também tem outros títulos marcantes como “O Amante da Princesa”. Com Lara, publicou o “O estagiário”, uma história quente de romance entre uma publicitária e o estagiário gostosão que ela está treinando. Recomendo muito!
Fiquei muito feliz quando ela topou participar da newsletter e sabia que ela traria uma visão diferente pra proposta, algo que ainda não apareceu por aqui, e ela naturalmente não me decepcionou! Sei que algumas pessoas que acompanham essa newsletter já me pediram um texto nessa dinâmica e fico muito feliz de saber que serão muito bem servidos no dia de hoje!
Lembrem-se de conferir a lista de aviso de conteúdo logo no começo do texto e se mantenham segures! Bora?
Se quiser contribuir com o trabalho da Lari, considere doar qualquer valor para [email protected] para a ajudar a continuar contando histórias.
Aviso de conteúdo
degradation kink (degradação), mulher dominante, homem submisso, aftercare, exibicionismo
A Senhora e o Verme
Mal passava das oito quando o Verme chegou em casa.
Ele adorava as quintas-feiras. Não apenas simbolizavam que o fim de semana estava quase ao alcance de suas mãos, mas também eram o dia dela. Enquanto destrancava a porta do apartamento, já sentindo o aroma inebriante do incenso de canela que ela tanto adorava, sentiu o formigamento familiar de excitação cobrindo cada parte de seu corpo. Anos haviam se passado desde o início deste arranjo, mas ele nunca deixava de se sentir ansioso para estar na presença dela.
Entrou em casa e encontrou seu uniforme já deixado sobre a mesa da cozinha. Despiu-se do terno e da gravata e trocou a calça e camisa social por uma cueca de couro e a coleira com o nome dela gravado em letra cursiva. Por fim, tomou para si a máscara de látex e a lambuzou de talco antes de cobrir o rosto. Só então colocou-se em quatro apoios e rastejou até o quarto.
Sua Senhora estava deitada sobre a cama, fumando um cigarro e assistindo a algum filme em preto e branco na TV. Mesmo com as luzes apagadas, o Verme podia vê-la em toda sua glória, com o macacão de látex que marcava cada uma de suas perfeitas curvas e os pés descalços, as unhas vermelhas combinando com as garras rubras de suas mãos. Mantendo a cabeça baixa, o Verme engatinhou até ela e esperou.
Como um bom cão de guarda, o Verme se manteve prostado ao lado da cama, esperando ser notado. Ele nunca falava primeiro — não seria tão soberbo. Apenas ajoelhou-se e aguardou por longos instantes até sua Senhora dizer, em um tom desconcertantemente neutro:
— Está atrasado.
— Sinto muito, Senhora, eu... — o Verme começou a dizer, mas a Senhora o interrompeu.
— Não quero suas desculpas. — disse, seca. — Não existe você, existe apenas eu.
Algo nele acordou, um arrepio que percorreu sua espinha do topo até a base, excitando-o sem que sequer fosse tocado. O Verme abaixou a cabeça.
— Sim, Senhora.
Ela passou então os pés para fora da cama, e, sem dizer uma só palavra, o Verme pegou seus belos saltos pretos e os afivelou em sua Senhora. De pé, ela parecia uma escultura em tamanho real de uma deusa grega, e, não pela primeira vez, o Verme sentiu uma necessidade única de jogar-se diante dela e chorar em agradecimento pelo privilégio de poder servi-la — mas não o fez. A Senhora tinha razão: suas vontades não eram nada, ele não existia.
O Verme a seguiu de volta para a cozinha, e não foi até sua Senhora estar confortavelmente sentada em uma cadeira e ele estar atrás do balcão que se colocou novamente de pé. Seus joelhos ardiam, mesmo já calejados. O incômodo nunca ia embora, um lembrete de que aquele era seu lugar.
Cozinhou o jantar para sua Senhora enquanto ela terminava seu cigarro e conversava com pessoas mais importantes pelo celular. Fez ravioli ao molho pesto, o favorito dela, e serviu um vinho branco. Então, sem comer, foi ajoelhar-se novamente ao lado dela, aguardando enquanto ela provava de sua comida e saboreava o vinho, a excitação arrepiando cada pelo de seu corpo.
Quando sua Senhora terminou de comer e se levantou, dando a deixa para que ele limpasse a mesa, o Verme arriscou perguntar:
— Gostou, Senhora?
Ele olhou em expectativa para cima, tentando ler as expressões no rosto dela. Com desprezo, ela apenas disse:
— Medíocre, assim como você.
O Verme poderia chorar ali mesmo de felicidade. Semana passada, fora “deplorável”. “Medíocre” poderia ser um sinal de que estava agradando sua Senhora?
— Deixe a louça aí. Venha comigo — disse ela, e o Verme obedeceu.
Engatinhou atrás dela até a sala, onde sua mala mágica já estava disposta sobre o chão, os apetrechos favoritos da Senhora dispostos sobre a mesa de centro. O Verme sentiu a comichão particular da mistura de medo e ansiedade que sempre precedia uma noite com ela. Nunca sabia exatamente o que ela poderia fazer, mas sabia que, invariavelmente, sairia desta noite um novo homem. Um novo Verme.
Ajoelhou-se ao lado da mesa enquanto sua Senhora escolhia por onde começar. Observou de canto de olho suas belas mãos passearem pelos chicotes, floggers, cordas e algemas, além da extensa coleção de próteses e vibradores, até parar sobre o strap, já armado com a prótese vermelha de quase 20 centímetros. O coração do Verme deu um salto dentro do peito.
Assistiu com crescente ansiedade enquanto sua Senhora vestia a cinta pelas pernas, afivelando-a na cintura até a prótese ser uma presença incontestável diante dos olhos do Verme. Então a Senhora sentou-se em uma poltrona e esticou os pés. Ainda em silêncio, o Verme engatinhou até ela e desafivelou os sapatos.
— Estão cansados — disse ela, e o Verme entendeu.
Apoiando o pé direito sobre seu colo, ele pegou o esquerdo em suas mãos e passou a gentilmente esfregar e massagear a sola e o calcanhar. Sua Senhora sorriu, satisfeita, sua mão se mexendo lentamente sobre a prótese, brincando com a cabeça e descendo e subindo devagar, tornando a concentração do Verme mais e mais escassa. Era tão grande que a mão de sua Senhora mal fechava ao redor. Tão grande que ele se perguntou o que mais ela poderia fazer com algo daquele tamanho, se quisesse.
— Sei no que você está pensando, e a resposta é não. — Sua voz era firme e o Verme sentiu seu rosto corar por sob a máscara, se perguntando como ela conseguia sempre prever o que ele estava pensando. — Cuspa.
Obedientemente, ele se inclinou sobre a prótese e cuspiu, seus lábios terrivelmente próximos da cabeça, quase sentindo o gosto do silicone com a ponta da língua. Se fosse mais ousado, esse seria o momento em que desobedeceria suas ordens e engoliria a prótese com a boca, apenas para buscar algum alívio para a excitação que se acumulava no peito e no couro da cueca. Mas o Verme jamais desapontaria sua Senhora daquela forma. Sua vontade jamais se faria mais importante do que a dela.
Então massageou os pés dela enquanto assistia sua Senhora subir e descer a mão, melecada de saliva, tentando não parar tudo para se deixar hipnotizar pelo movimento. Era difícil. Tantas imagens passavam pela cabeça dele, tantos desejos, tantas fantasias. O sorriso de sua Senhora se alargou.
— Você gostaria de ser tocado, Verme? — ela disse, o pé apoiado sobre o colo do submisso deslizando até estar sobre o volume entre suas pernas — Gostaria que eu tocasse você como toco meus brinquedos?
A boca do Verme salivou. Gostaria mais do que tudo o privilégio de ser tocado por sua Senhora. Imaginou tantas vezes como seria senti-la sobre ele. Suas mãos, apenas. As pontas dos dedos que fossem. Um toque voluntário, pele sobre pele. Mas conhecia bem demais seu lugar. Sabia exatamente o que era.
— Não mereço, Senhora — respondeu, por fim, baixando os olhos. A Senhora pressionou o pé sobre a cueca e o Verme engoliu em seco a vontade de gemer.
— Não, não merece — ela riu. — Não há nada aí que me interesse. Nada em você é capaz de me satisfazer. Me servir é o mais próximo que você vai chegar de me dar prazer.
Ela esticou a perna e pousou a planta do pé completamente sobre o rosto do Verme. Ele fechou os olhos. Queria lambê-la. Queria senti-la. Queria engoli-la. O cheiro do suor dos dedos dela era inebriante.
— Abra os olhos — ela comandou.
Ele escancarou as pálpebras de imediato. Sua senhora retirou a prótese da cinta e balançou diante dos olhos dele.
— Quantos centímetros será que tem seu pau, Verme? — disse, em um tom jocoso. — Cinco? Dez?
A cada palavra, seu pé pressionou mais a ereção do submisso. Ele respirou fundo, engolindo a agonia de forma impassível, sem responder. Sua Senhora, então, tirou o outro pé de seu rosto, pousando-o sobre o ombro do Verme, e levou a prótese até meros centímetros do rosto dele.
— Olha só pra isso — disse. — Isso é um pau de verdade, não esse vermezinho que você guarda nas calças. É por isso que você me serve. É a única forma de você servir para alguma coisa.
Sem cerimônia, a Senhora bateu com a prótese no rosto do Verme. Apesar de já ter recebido essa mesma punição várias vezes, sempre se surpreendia com o peso da prótese em choque com seu rosto. A dor do impacto enviou uma onda de excitação pelo seu corpo. Sem conseguir evitar, ele sorriu.
— Isso mesmo, Verme, sorria — ela continuou, batendo em seu rosto repetidas vezes com a prótese. — Você adora, não é? Adora ser maltratado. É pra isso que você serve. Esse é o seu lugar.
— Esse é o meu lugar — ele concordou num murmúrio.
— Abra a boca.
Obediente, ele o fez, e a prótese que atingia seu rosto foi enfiada sem qualquer delicadeza entre seus lábios. Ele salivou, abrindo a boca o máximo que podia para engolir tudo que sua Senhora quisesse lhe dar. A força do silicone indo de encontro com sua garganta fez seus olhos lacrimejarem, mas tudo que ele queria era continuar. Sua Senhora riu alto.
— Veja só como essa boquinha está bem treinada — ela sussurrou, cheia de sensualidade. — Anda chupando muita rola no trabalho, Verme? Mamando seus colegas e seu chefe para eles esquecerem do quão inútil você é? Chupando o saco de cada cliente para eles fecharem negócio? Afinal, você é mais do que um homem incompetente, você é uma excelente boca de caçapa, não é? Aposto que está treinando tudo que eu te ensinei aqui com os seus amigos.
Ele assentiu, engolindo a prótese em um mar de saliva que escorria pelos cantos da boca e pingava sobre suas pernas. Imaginou-se sendo descoberto pelos colegas, pelo chefe, pelos amigos de infância, e a imagem mental de ser pego com um pau de borracha de 20 centímetros dentro da boca deixou seu próprio pênis dolorosamente rígido, pulsando dentro da cueca. Se fosse descoberto como o Verme que era, não precisaria mais fingir. Se soubessem que ele não era nada, poderia viver ali, apenas servindo sua Senhora.
De súbito, ela puxou a prótese de volta, admirando o trabalho. Então apoiou o outro pé sobre o ombro livre do submisso, sua mão desocupada lentamente abrindo o zíper entre as pernas do macacão. O Verme tremeu. Raras eram as sessões em que conseguia ver o corpo de sua Senhora, e a honra nunca deixava de ser especial.
— Você gostaria de me dar prazer, Verme? — As pontas dos dedos dela se demoraram sobre a carne macia que se abria entre suas pernas. O coração do Verme acelerou em expectativa, a boca salivando.
— Sim, Senhora — murmurou.
— Fale pra fora. Não estou aqui para ficar implorando para entender sussurros seus — a Senhora ralhou, fazendo o submisso se contrair e sua ereção doer ainda mais em expectativa. — Gostaria de me dar prazer, sim ou não?
— Sim, Senhora — repetiu ele, mais alto agora.
O sorriso dela se alargou. Lentamente ela o puxou com as pernas, até o rosto mascarado do Verme estar tão perto que ele podia sentir o cheiro doce da excitação de sua Senhora, vê-la úmida e perfeita. Tão próximo que se ele quisesse, se ele sequer ousasse, seria capaz de tocá-la com não mais do que um anseio de sua língua. Ele umedeceu os lábios, contudo, e esperou, imóvel.
— Por favor, Senhora — implorou, a voz quebrando.
O pé esquerdo de sua Senhora se encaixou sob o queixo do verme, erguendo seu olhar de volta para os olhos dela, que faiscavam com poder. Ajoelhado, tão perto da fonte de todos os seus desejos, sem poder fazer nada além de sentir seu aroma e seu calor, o Verme sentia cada pedaço seu se agarrando a resquícios de esperança. É hoje, pensou. É hoje que serei digno. É hoje que serei honrado.
Mas o rosto dela estava inteiramente sério quando perguntou:
— E que prazer um verme como você pode proporcionar a uma deusa como eu?
O queixo do Verme se deixou cair, mas ele não emitiu nenhum som. As palavras eram ferrões que simultaneamente deixavam marcas em seu peito e queimavam seu ventre. Queria tocá-la. Queria se tocar. Queria fazer alguma coisa.
Tudo que fez foi olhar de perto enquanto a prótese que segundos antes estava em seus lábios era esfregada contra os lábios úmidos de sua Senhora, ocupando o espaço que gostaria que fosse dele.
— Você não é capaz de satisfazer alguém como eu. Você não é capaz de satisfazer ninguém — disse ela, arqueando as costas com prazer enquanto se tocava. — Você e esse carocinho podre que tem entre as pernas. Você não serve para nada. Olhe e aprenda.
E ele olhou. Olhou enquanto o silicone macio da prótese foi sendo engolido, milímetro a milímetro, com uma calma deliberada que arrancou suspiros de sua Senhora de uma forma que ele jamais seria capaz de arrancar. Olhou enquanto as mãos hábeis de sua deusa iam e voltavam, encaixando a prótese mais e mais fundo, cada vez mais molhado, cada vez mais fácil, escorrendo pelas mãos e coxas e tentando-o a provar do fruto proibido. Olhou enquanto as pernas dela tremiam sobre seus ombros.
— Um verme como você jamais seria capaz de me fazer gozar — ela continuou, a voz arfando a cada novo grau de excitação. — Um ser insignificante como você serve apenas para limpar meus restos e me servir de cabeça baixa. É sua única utilidade. Você não é um homem, é um capacho, e capachos servem.
Ele sentia o corpo todo enrijecido, e, mesmo sem se tocar, sentia-se pulsando, o próprio êxtase crescendo e deixando-o em ponto de ebulição. Dividia-se entre o dever e o desejo.
Preciso tocá-la.
Não posso tocá-la.
Ela é uma divindade. Eu não sou ninguém.
— Você é menos do que um capacho — a voz de sua Senhora continuava a guia-lo. — Um capacho serve para que se limpe os pés. Você é fraco. É substituível. Quando me cansar de você, vou ter outros escravos para colocar no seu lugar. Você não significa nada. Você não é nada.
Ela gemeu alto, o corpo se contraindo em uma única liberação poderosa. O Verme assistiu quando o gozo dela escorreu sem timidez pelas mãos, e se perguntou como seria provar do néctar dela, ser digno de senti-la por dentro, fazê-la tremer.
Jamais saberia. Ele não era nada.
Nada. Não sou nada. Ninguém.
Ele sucumbiu sobre os próprios joelhos, sentindo o couro encharcado por dentro quando o orgasmo veio sem ser chamado. Seu corpo tremia, murmúrios esquecidos saindo pelo sorriso entreaberto que parecia costurado em seu rosto.
Sou insignificante. Não sou ninguém.
Delicadamente, os braços dela envolveram o pescoço dele, puxando sua cabeça para o colo dela. Ele se deitou, grato, abraçando as pernas daquela que, instantes atrás, era sua Senhora, e agora era apenas sua companheira, acariciando seus cabelos, o corpo ainda trêmulo e a respiração ainda falha.
— Shh, shh... vamos pra cama? — ela sugeriu.
Ele aquiesceu e levantou-se com calma para acompanha-la até o quarto, onde aninhou-se ao peito dela e deixou-se cobrir de carinhos e palavras tranquilizadoras, sentindo o corpo e a mente relaxarem, envolto no calor da intimidade entre os dois.
Aqui, ele não era nada.
Aqui, ele era tudo.
Oi, pessoal! Obrigada por lerem ate aqui! Se você gostou e quer ler mais putarias escritas por mim, já confere De Mala e Cuia, disponível no Wattpad, e O Estagiário, disponível para Kindle e Kindle Unlimited! Obrigada, Koda, pelo espaço ❤️ Sigam safados!
Um beijo,
EDIT:
Leia todos os textos da kinktona!
E se você leu até aqui, essa é só a terceira rapidinha de DEZ com autores convidados que virão nas próximas semanas. Fica por aqui, manda pra amigues, divulga nas redes sociais e me ajuda a levar esse projeto mais longe ❤️
É isso! Um xêro e um queijo,
Kodinha
Reply