#46 - Bendito é o fruto do vosso ventre - Só uma rapidinha

salve rainha, mãe de misericórdia

Bom dia, boa tarde, boa noite querides fiéis, amantes da freira e da madre

Bem vindes de volta ao só uma rapidinha, sua rádio pornô local! Eu tô de volta, como prometido, com o segundo dia da novena da freira e da madre 😄 Preciso avisar: a história completa é uma novena (nove dias!) e uma recompensa muito da boa no final, mas, bem, eu não consigo parar e escrever ela até o final agora. Então essa será a última aparição da Madre e da Freira por um tempo, mas elas voltarão, eu prometo!

Hoje, teremos um teste de sanidade. Da Irmã Raquel e de cada um de vocês. Madre Madalena irá caminhar pela mente e pelo desejo de cada um. Boa sorte! Você irá precisar.

Por favor, voltem nas minhas redes pra surtar comigo depois de ler! Eu agradeço ❤️ Tô bastante animado e orgulhoso dessa história e feliz de poder compartilhar essa doidera com vocês.

Se você quiser reler os outros dois textos da madre e da freira, onde essa história começou, você pode ler aqui e aqui.

ps: Se você leu e gostou dessa rapidinha, considere falar dela por aí! Um RT num tweet, um comentário, um like já levam a palavra mais longe e fazem esse autor que vos fala MUITO feliz e radiante! E se quiser contribuir com o meu trabalho, considere doar qualquer valor para [email protected] e me ajudar a continuar contando histórias.

Novena dia 2

No dia seguinte, Irmã Raquel acordou sozinha na cama. Sentou abraçando os joelhos, encarando o quarto e repassando o dia anterior mentalmente. As horas ajoelhada, a lingerie sensual da Madre, sua pele brilhante e macia, a renda abraçando seu corpo. Passou as mãos sobre os joelhos, massageando, a dor agora nada além de uma lembrança que podia ser observada pelos pontos roxos em sua pele. Olhou para o próprio corpo, para a camisola preta emoldurando seus seios pequenos, curta ao redor de suas coxas, contrastando com a sua pele.

Na cômoda ao seu lado avistou mais um bilhete. Esse parecia ser um novo método de conversa entre as duas, a Madre deixando muitas instruções quando não estava por perto. Irmã Raquel suspirou, reparando como aparentemente parte de sua penitência seria ter o número de interações com a Madre limitado. Sentia falta de estar perto dela. Sentia falta de tocá-la, de sentir seu corpo, mas, acima de tudo isso, sentia falta de só gastar muito tempo ao redor dela, servindo, agradando-a e ao convento. Puxou o bilhete para conseguir ler:

Cumpra sua jornada de orações da manhã com as outras irmãs normalmente. Almoce e tome um banho. Depois, e só depois, vista o que deixei para você na segunda gaveta do banheiro. Não abra a gaveta antes do horário. Quando estiver pronta, se apresente no meu escritório.

A curiosidade se expandiu dentro da Irmã quase como um pecado, se alastrando e tomando conta de seus pensamentos. Levantou de pronto e foi até o banheiro, parando de frente para o espelho e de frente para o móvel, observando a gaveta. Os dedos formigam… Ela queria muito abrir, sentia a gaveta chamando-a… resistiu. Contemplou suas olheiras recém adquiridas no espelho, ciente de que elas não existiam meses antes, quando ainda não servia à Madre tarde da noite, todos os dias.

Pegou de volta seu véu e o hábito e vestiu os dois — sem sutiã, sem calcinha, porque ainda precisava respeitar as regras da Madre —, se preparando para o turno de orações da manhã. Para os fiéis, uma novena não deveria tomar muito tempo do dia, sendo algo que poderiam fazer enquanto seguiam a vida normalmente. Para as Irmãs, uma novena sempre envolvia questões mais complexas. Elas precisavam incluir a novena com o terço infinito que acontecia no convento, além de outras tarefas usuais do dia a dia. O terço era especificamente complexo, porque sempre precisava de ao menos uma Irmã rezando, nunca podendo ser completamente interrompido. Como muitas das Irmãs estavam dedicadas à novena, Irmã Raquel foi designada para cuidar de um dos turnos do terço infinito durante o dia, seguindo nos outros horários sua novena dedicada com a Madre.

Apressada, como se pudesse mudar o passar do tempo e agilizar a passagem das horas da manhã para estar de novo com a Madre, Irmã Raquel chegou adiantada para o seu turno. Se ajoelhou ao lado de Irmã Tereza e igualou seu terço ao dela, observando suas mãos e a posição que se encontravam nas contas. Respirou fundo, lavando seus pensamentos. Fez um sinal da cruz, fechou os olhos e começou a rezar.

Ficou assim por três horas.

Se tivesse que ser sincera, não viu o tempo passar. Não mesmo. Rezar o terço a acalmava, do fundo do coração. Já chegou a fazer turnos maiores de vigília, inclusive, chegando a cinco ou seis horas. Gostava. Gostava mesmo. O silêncio da sala e a escuridão da capela ajudavam, as velas ajudavam, o cheiro amadeirado do incensário ajudava. Tudo naquele lugar a colocava em comunhão com Deus e seu propósito e não era um fardo contribuir com essa oração.

Irmã Raquel esqueceu de tudo, das horas, de suas ansiedades e de seus medos, até, é claro, que percebeu outra Irmã se ajoelhando ao seu lado. Só então a percepção do tempo veio, e, junto dela, a lembrança do que a aguardava após o almoço. Seu corpo inteiro se acendeu de uma vez, as mãos estremeceram no rosário. Ela mal conseguiu se concentrar no final de sua oração, terminando seu último terço com a voz sussurrante e um frio na barriga que não passava. Disse seu último amém e esperou alguns segundos para levantar, buscando forças para o corpo e silêncio para a mente.

Tão perto. Estava tão perto.

Com certa dificuldade, se levantou, saiu da sala em silêncio e voltou para o corredor de cabeça baixa. Desviou o olhar das outras freiras e se esforçou para seguir direto para o quarto da Madre, sentindo o coração batendo forte no peito e a ansiedade tomando forma em seu estômago e em sua mente. Quando entrou no corredor do quarto da Madre deu até uma corridinha, impaciente e desesperada, e bateu a porta atrás de si com muito mais força do que esperava quando finalmente entrou.

Nem releu as instruções, porque as tinha decoradas na mente, e foi direto para o banheiro. Arrancou o hábito e o véu com pressa, deixando as peças caírem pelo chão, sem se importar que aquele não era o seu banheiro, que precisava tomar cuidado com as coisas da Madre. Nem olhou para a banheira e foi direto para o box, como sempre, porque tinha urgência e nenhuma calma. Não queria relaxar, queria estar logo na sala da Madre e descobrir o que tinha preparado para si. Se lavou inteira, rapidamente, mas com cuidado, para estar preparada para o que fosse. Não conseguia prever o que viria a seguir, nunca conseguiu. Sua imaginação era pouca perto do que a Madre era capaz.

Quando terminou o banho mal conseguia se manter parada. As mãos tremiam um pouco, o corpo estava agitado, a mente inquieta. Se enrolou na toalha e deu passos largos até a pia, só então abrindo a gaveta indicada no bilhete. Não sabia como tinha aguentado esperar tanto, nem de onde vinha sua obediência pura, mas essa era ela, no fim do dia. Não. Essa era ela pela Madre. E também essa era ela por Deus. Não necessariamente nessa ordem. Irmã Raquel até sentia todas as vontades de quebrar as regras, de se rebelar, de espiar antes da hora um pouquinho só, que fosse, mas o prazer e a satisfação que sentia quando era recompensada por se comportar valiam toda a ansiedade da espera.

Dentro da gaveta encontrou uma calcinha. Preta, bonita, de renda, detalhada. Não era pequena demais, nem grande demais. Ao lado dela, um bilhete.

Espero ter acertado seu tamanho. Vista junto do hábito e só então me encontre na minha sala. Tenho planos para você.

Irmã Raquel encarou a calcinha entre os seus dedos, curiosa e inquieta. A Madre tinha insistido que não queria roupas íntimas entre as peças da Irmã, então por que uma agora? Não compreendia as intenções da Madre, mas não ousaria questioná-la, não de verdade, então vestiu a peça. Sentiu a textura diferente da renda contra a sua pele, tão diferente das suas calcinhas simples de algodão, e, se perguntada, não seria capaz de esconder o quanto gostou da sensação. Se perguntou se a Madre a veria assim. Se gostaria da vista.

Por cima, colocou o hábito, amarrou a corda na cintura, encaixou o véu. No espelho, não via nada diferente em si. Era esse o objetivo do hábito, trazer uma simplicidade e uniformidade para as Irmãs, tirar a pessoa do centro e colocar o serviço, Deus, a comunidade. Ainda assim, Irmã Raquel se sentia um pouco diferente. Não saberia explicar como ou por quê.

Desistindo de entender o que seu coração sentia, Irmã Raquel saiu do quarto da Madre e foi até seu escritório. O caminho não era longo e era bem iluminado, dando vista para o jardim da entrada do convento. Normalmente, passaria por ali observando as flores e árvores, admirando o sol contra sua pele, mas nada disso pareceu relevante naquele momento. A única coisa na mente de Irmã Raquel era a placa no final desse outro corredor que dizia Administração, Madre Maria Madalena Pontes. Admirou o nome por todo o caminho, ansiando por ele, deixando que a puxasse como um ímã. Caminhou rapidamente e bateu a porta.

Nada.

Esperou por um minuto, dois, três. Decidiu bater mais uma vez, só pra ter certeza de que foi ouvida. Andou em círculos na frente da sala, tentando não demonstrar impaciência batendo pela terceira vez, mas sentindo a respiração acelerada, um leve suor na lateral do rosto. Estava a ponto de abrir a porta, só pra conferir se a sala não estava vazia, quando Madre Madalena a abriu. Estava acompanhada de outra freira, que sorriu pra ela e se despediu com um abraço.

Irmã Raquel não conhecia até então a sensação de ciúmes.

Sabia como era querer algo que estava nas mãos de suas irmãs, claro, mas isso foi o mais próximo do sentimento de posse que teve em toda sua vida. Nunca antes desejou com tanta força que algo fosse seu, só seu, e de mais ninguém. Um sentimento venenoso, mordendo suas convicções, abalando seu emocional. Ali, naquele momento, de frente para a Madre e Irmã Karina, não gostou dessa sensação.

Respirou fundo, observando de lado enquanto Irmã Karina dizia algumas últimas palavras para a Madre. Repetiu para si mesma que a Madre sempre prometeu que faria o melhor por cada uma delas e por todas, sem exceção, então era só isso que estava acontecendo. Madre Madalena estava fazendo o melhor para Irmã Karina, independente do que fosse. Não era só Irmã Raquel quem merecia o melhor, todas mereciam. Seu coração se acalmou um pouco, mas não muito. A inveja ainda estava ali. Os ciúmes ainda estava ali. Mordeu os lábios, dando tudo de si para afastar esses pensamentos.

— Irmã Raquel, entre. — Madre Madalena terminou de se despedir de Irmã Karina e abriu um espaço para que Irmã Raquel entrasse. — Estava finalizando uma orientação. Agradeço sua paciência.

Irmã Raquel entrou, de cabeça baixa, olhando um pouco ao redor. Ainda estava tentando espantar seus pensamentos estranhos, engolir seus ciúmes, silenciar a agonia em seu estômago. Infelizmente, a sensação de ver Irmã Karina ali dentro não parecia querer ir embora.

Madre Madalena fechou a porta atrás dela e foi para trás de sua mesa.

— Fez tudo como eu pedi, Irmã?

— Fiz tudo como pediu, Madre.

A voz de Irmã Raquel saiu trêmula. Apertou os dedos das mãos, contendo o nervosismo.

— Ótimo. Venha aqui. — Madre Madalena fez um sinal com a mão, convidando-a para a parte de trás de sua mesa.

A Madre sentou na cadeira e olhou para Irmã Raquel, ainda em pé ao seu lado. A Irmã se sentiu exposta com esse olhar. Como se todas as suas inseguranças estivessem sendo vistas, dissecadas, devoradas.

— Quer compartilhar alguma coisa, Irmã?

Irmã Raquel teve de conter uma careta. Não gostava de ser tão transparente a ponto de não conseguir nem esconder um leve desconforto. Não queria mentir para a Madre, mas, ao mesmo tempo, parecia bobo admitir esse ciúme. Respirou fundo, escolhendo as palavras com cuidado.

— Não esperava encontrar Irmã Karina aqui.

Madre Madalena pareceu segurar um sorriso. Fechou os olhos por um momento. A ansiedade se enrolou de novo sobre Irmã Raquel.

— Então é isso? Está com ciúmes, Irmã? — Agora sim Madre Madalena estava sorrindo. — Ciúmes não é algo muito bíblico.

Irmã Raquel sabia disso. Sabia disso com certeza, e sentiu ainda mais vergonha com a constatação da Madre. Era estúpido, era bobo, inocente. Não queria sentir isso.

— Apesar disso… — Madre Madalena continuou tirando Irmã Raquel de sua espiral de culpa. — Você não tem com o que se preocupar. É minha protegida, minha pupila. Estou te moldando, te elevando. — Esticou os dedos e segurou o pulso da Irmã, massageando e esfregando a ponta dos dedos. — Você é a Serva perfeita, Irmã Raquel. Não tenho outra como você.

Irmã Raquel corou inteira. Sentiu as bochechas arderem, o estômago fazer uma festa, as pernas ficaram fracas. Arregalou os olhos e não conteve um sorriso pequeno, desviando olhar porque não conseguia encarar a Madre agora. Serva perfeita, as palavras ecoaram dentro dela. Não tenho outra como você. Que sorte. Quanta sorte ela tinha. Era tão bom servir.

— Agora, ajoelhe — a Madre falou com a voz séria.

Pegou a Irmã de surpresa, nesse momento de fragilidade, e por um momento ela não soube como reagir. Piscou e balançou a cabeça, buscando foco. Levantou um pouco o hábito, se preparando para ajoelhar.

— Aqui. — Madre Madalena apontou para o chão na frente da cadeira, entre ela e a mesa. — Embaixo da mesa, entre as minhas pernas.

Dessa vez sem hesitar, Irmã Raquel obedeceu. Estava se acostumando com isso, com essa obediência sem questionamentos. Não fazia ideia do porque havia duvidado do cuidado e atenção da Madre há poucos minutos. Já não lembrava dos ciúmes que ameaçou corroê-la por dentro, não lembrava de nada disso. Naquele momento, só a Madre importava, sua ordem, e a obediência de Irmã Raquel. Com cuidado, ela se abaixou e se ajoelhou. O corpo estava encolhido embaixo da mesa, curvado pra frente, na direção da cadeira onde a Madre estava sentada.

Madre Madalena esticou a mão para Irmã Raquel, outro terço escuro, de contas cinzas, em seus dedos.

— Sua oração não será durante a noite hoje, Irmã. Será agora, aqui, comigo. Se concentre no terço, rosários completos, e a oração de Maria Madalena, se já tiver decorado.

Ela tinha. Claro que tinha. Não parecia complicado, não mais do que qualquer outra oração que já tinha feito. A posição era ligeiramente desconfortável e parecia desnecessária, mas, ainda assim, não parecia difícil.

— Você vai rezar em silêncio por toda a tarde e farei todas minhas reuniões. Deverá ficar de cabeça baixa… — A Madre fez uma pausa dramática. Irmã Raquel prendeu a respiração. Sentia que algo mudaria agora. Algo crucial. — E vai se manter dentro da minha saia, sem encostar em mim. Apenas respirará fundo e continuará suas orações em silêncio e imóvel.

— Dentro da sua saia? — Irmã Raquel murmurou, mas não era exatamente uma pergunta para a Madre. Talvez questionasse a si mesma, talvez o universo. Ela entendeu o que a Madre quis dizer, mas precisava ter certeza. Queria que ela falasse, queria ter certeza do que iria acontecer.

Madre Madalena levantou a saia do hábito e chegou à cadeira para frente. A visão fez Irmã Raquel imediatamente salivar e lamber os lábios: ela estava sem calcinha. A Madre estava sem calcinha. Linda, molhada, os pelos esparsos, e, por Deus, sem calcinha. Irmã Raquel respirou fundo, as mãos firmes ao redor do rosário.

— Se eu tiver a impressão de que você encostou seus lábios em mim, Irmã Raquel, irei de punir de formas inimagináveis. Não quero isso, por favor. Seu dever é rezar, seu corpo colado no meu, e só.

Irmã Raquel olhou pra cima, encarando o rosto da Madre, ainda sem acreditar no que foi pedido. Tentação. Pura. Simples. De propósito. Obedeceria, claro. Obedeceria a tudo. Madre Madalena esperou, o hábito levantado, enquanto Irmã Raquel abaixava a cabeça. Desceu o hábito por cima da cabeça dela e chegou à cadeira para a frente, encaixando-a na mesa e forçando a Irmã a se aproximar ainda mais da umidade no meio de suas pernas.

O espaço era muito pequeno, apenas o suficiente para ela fazer exatamente o que foi ordenado: afundar a cabeça no meio das pernas da Madre, seus lábios a milímetros da pele dela. Madre Madalena estar sem calcinha foi… crueldade. O cheiro era a parte mais difícil. Doce, pungente. Um teste de todos os seus sentidos, aguçando seu olfato, provocando o seu desejo, deixando sua mente e corpo inquietos.

Suas mãos estavam fixas para baixo, segurando o terço, e Irmã Raquel sabia que precisava começar a reza, mas não conseguia. Não conseguia focar, não conseguia conter a respiração acelerada, não conseguia sequer conter os dedos que passeavam pelo terço, apertando as contas.

Era escuro embaixo do hábito, mas não o suficiente para impedi-la de ver. As sombras deixavam muito em evidência os contornos da vagina da Madre, seus lábios, o clitóris chamativo, sua entrada molhada. Não conseguia desviar o olhar. Não conseguia fechar os olhos para rezar, não conseguia.

Ainda assim, Irmã Raquel sabia que precisava começar. Sabia mesmo. Com muito esforço, e ainda de olhos abertos começou — se precisasse mesmo fechá-los, sairia dali sem ter rezado um único pai nosso. Começou pelo credo, mexendo a boca sem deixar nenhum som sair. Sentia o ar passando pelas suas narinas, sentia o desejo se condensando em seu ventre, sentia o calor nas bochechas.

Irmã Raquel sempre soube que não conseguia acompanhar os desejos e a criatividade da Madre, mas isso era muito mais do que poderia imaginar. Esse desejo, essa tentação, era só… demais. Era demais. Tão, tão perto. Molhada. Dela.

Antes que ela chegasse ao final da primeira ave maria, alguém bateu à porta.

— Entre — disse a Madre. Sua voz estava perfeitamente normal, como se nada demais estivesse acontecendo, como se não tivesse uma freira de joelhos entre as suas pernas, rezando o terço, sentindo o cheiro doce de sua buceta e usando toda sua concentração para não a atacar como um viajante no deserto, como se ela fosse a água que Irmã Raquel buscara em toda sua vida.

Irmã Raquel continuou rezando, se atentando em mexer os lábios, mas não falar, só deixando o ar sair e entrar de seus pulmões conforme precisava. Escutou quando a outra Irmã entrou na sala, sentou na cadeira do outro lado da mesa, ignorante ao que acontecia, e começou a conversar sobre a novena, a paróquia, projetos e outros assuntos. Tudo era muito… trivial. Nada daquilo era sobre Irmã Raquel, não eram informações importantes ou nada que fosse necessário ela saber, e, ainda assim, ouvia. As palavras não passavam de murmúrios, entretanto, um incômodo, confusão em cima da confusão que já estava ocupando sua mente.

Se concentrar no rosário já seria um desafio por si só, mas fazer isso enquanto se restringia do que mais desejava era insuportável. Não importava muito o que conversavam.

Importava muito mais a ideia de que tinha outra pessoa na sala com elas, completamente alheia ao que acontecia a poucos centímetros de distância, ignorante do desejo latente que tomava conta do corpo de Irmã Raquel, e, ela notava, tomava conta do corpo da Madre também. Notava como sua respiração fazia a Madre se remexer um pouco na cadeira, o calor abafando as duas, só deixando as duas mais molhadas.

Ainda assim, era como tinha que ser. Essa Irmã, seja lá qual fosse — Irmã Raquel estava ocupada demais para tentar reconhecer pela voz —, precisava continuar sem saber o que acontecia ali. Não poderia saber, não poderia estragar os planos perfeitos de servidão que a Madre tinha para Irmã Raquel. Então ela continuou em silêncio.

Avançou pelo rosário devagar, as palavras lhe fugindo, a mente bagunçada, a concentração vaga e lhe faltando. Outra Irmã entrou na sala, ela tinha certeza, e depois outra, conversando de vários assuntos. Não importavam. Não eram importantes.

Só importavam o segundo atual e os próximos segundos, ali, debaixo do hábito da Madre, salivando, suspirando, se esforçando muito pra não gemer. Pra não implorar. Pra não gritar. Irmã Raquel continuou apesar do sofrimento, apesar das pernas bambas, apesar da tensão e do tesão condensados em sua barriga, a agonia se misturando ao desejo e a tentação.

Era quase insuportável.

Quase irresistível.

Porque estava logo ali. Bem na frente dela, tão perto que só precisava abrir a boca, só precisava esticar a língua e devorar a Madre inteira até que estivesse suspirando exatamente do jeito que Irmã Raquel gostava. Era só passar os lábios e sugar o clitóris dela da forma que tinha aprendido, esfregando na ponta da língua. Era só subir os dedos e enfiar dois dentro dela, talvez três ou quatro, se a Madre estivesse mesmo muito animada. Era só agarrar as coxas da Madre e puxar ela até afundar seu nariz e sua boca e seu rosto inteiro no meio das pernas dela, afogada da melhor forma possível, sem conseguir respirar outra coisa, sem conseguir provar outra coisa.

Jamais pensou que provaria algo mais purificador e delicioso do que o corpo de Cristo, mas talvez só não tivesse ainda provado o gosto de mulher.

Queria.

Precisava.

Mas as palavras sobre punição ainda a rondavam. Acima disso, a ideia de decepcionar a Madre causava calafrios em Irmã Raquel.

Por isso ela resistiu.

Resistiu e resistiu.

Um rosário após o outro, visita após visita, horas e horas a fio.

Chegou a ficar tonta, a fome e a sede aumentando, os joelhos cada vez mais doloridos, somando o cansaço de tantas horas ajoelhada, e, ainda assim, demorou muito tempo para a Madre voltar a reconhecer sua presença. Irmã Raquel já estava perdendo a noção de si, certamente perdeu a conta de quantos rosários fez, já nem sabia direito o que rezava, só sabia que rezava, e acabou assustada quando ouviu um:

— Muito bem, Irmã Raquel.

Prendeu a respiração, sem saber o que viria a seguir.

A cadeira da Madre se afastou, fazendo barulho contra o piso antigo enquanto era arrastada para trás. Irmã Raquel saiu de baixo do hábito da Madre e só então respirou fundo, como se buscasse agora o ar que havia lhe faltado nas últimas horas, como se estivesse sendo sufocada há muito tempo, mas não estava, não de verdade. Era estranho. Era estranho respirar um ar que não estava carregado do desejo da Madre. Uma liberdade que parecia não ser bem vinda, nem requisitada.

— Está bem? — a Madre afagou o rosto da Irmã, que fechou os olhos e se apoiou contra os dedos dela.

— Só com sede. Um pouco de fome.

— Cuidarei disso. Pedi que me levassem o jantar no quarto hoje, só hoje, para que eu pudesse finalizar algumas coisas antes de dormir. Venha, vamos resolver isso. — A Madre se levantou e esticou a mão para a freira, ajudando-a a se levantar também. — E tenho um último pedido para você quando chegarmos no quarto.

Mais um?

Irmã Raquel quase deu um pulinho de alegria. Se afastar da Madre a deixou tão vazia, tão desnorteada, que apreciaria qualquer oportunidade de servi-la de novo, ainda que estivesse com sede, fome e dor. Não se importava. Não mesmo.

Elas caminharam lado a lado até o quarto. Irmã Raquel estava muito consciente do corpo da Madre ao seu lado, pensando e repensando o que poderia ser o pedido extra da noite. Percebeu, feliz, que se lambesse os lábios devagar ainda podia sentir uma lembrança do cheiro da Madre, uma imaginação forte do seu gosto. A saudade e a fome — não de comida, mas do líquido precioso da Madre — a atormentaram ainda mais.

Dentro do quarto, como a Madre disse, duas pequenas bandejas com o jantar usual do convento estavam sobre a mesa. Sem pensar, Irmã Raquel foi direto para a comida. Fome. A fome ainda estava ali.

— Espere um segundo, Irmã. — A Madre fechou a porta atrás de si e chamou a freira. — Venha aqui, tenho um último pedido.

Irmã Raquel voltou para o centro do quarto, de frente para Madre Madalena, e esperou. Esperaria o quanto fosse necessário.

Madre Madalena passou um, dois minutos, só observando Irmã Raquel. Seus olhos bem abertos, analisando, buscando uma resposta que a Irmã não fazia ideia de qual era.

E então, sem avisar, sem preparar, contrariando qualquer ideia torta que Irmã Raquel pudesse ter, Madre Madalena se ajoelhou. O coração de Irmã Raquel parecia que saltaria pela boca, seu corpo inteiro reagiu de imediato, a visão da Madre abaixo de si, de joelhos, olhando pra cima desejosa, confiante e… excitada. Era demais. Por Deus, era demais.

— Abra um pouco as pernas, por favor. — A Madre parecia ainda mais gentil que o usual, e sua voz estava rouca e carregada de desejo. Era tão, tão maravilhoso.

Irmã Raquel abriu as pernas e esperou.

Com calma, Madre Madalena começou a suspender seu hábito, levantando a saia devagar. Parecia esperar alguma coisa, talvez estivesse aguardando para ver se ela a impediria, se diria não, como se Irmã Raquel fosse capaz de dizer não para qualquer coisa que a Madre quisesse fazer com ela.

A saia do hábito foi levantada até o quadril. A Madre segurou-a ali, ao redor do corpo da freira, e então ergueu o rosto até afundar o nariz na calcinha da freira, esfregando o rosto ali. Foi um contato tão íntimo, tão desejado, aguardado e inesperado que a freira arfou, sentindo as pernas falhando.

Quente. Era tão quente. Os movimentos dela eram lentos, milimétricos, mas pareciam muito mais do que isso. Pareciam ecoar dentro da alma da Irmã.

— Tão molhada… — a Madre murmurou baixinho. Não pareceu algo que ela disse em voz alta de propósito. Parecia em transe.

Irmã Raquel também se sentia em transe.

Madre Madalena puxou as mãos da freira uma a uma, indicando que segurasse o hábito no lugar, suspenso. Quando estava com as mãos livres, Madre Madalena desceu a calcinha da Irmã devagar, observando com devoção algo que Irmã Raquel não conseguia ver daquele ângulo.

A Madre sorria.

Um sorriso imenso, quase maníaco, e Irmã Raquel teve convicção de que morreria ali. De que o tesão que sentia seria sua causa mortis, que a felicidade que sentia não poderia ser superada nunca, que a agonia seria demais, finalmente seria demais.

Levantou os pés um a um para liberar a calcinha, com ajuda da Madre, porque mal conseguia se manter de pé. Tremia. Tremia inteira.

— Pode soltar o hábito, Irmã Raquel.

Ela soltou.

E achou que tinha acabado. Achou que era isso. Que esse era mesmo o dia mais feliz de sua vida e agora poderia se acalmar, tentar, ao menos, que poderia tentar se manter de pé.

Até que a Madre levou a calcinha até os lábios e lambeu.

Lambeu.

Lambeu.

Uma, duas, três vezes.

Esfregou a língua com vontade, de olhos fechados, como se estivesse sozinha no quarto, como se estivesse sozinha no mundo inteiro apreciando algo só seu, algo que ninguém mais provaria, algo que o divino tinha colocado na terra especialmente para ela.

A visão foi demais para Irmã Raquel, que cambaleou até cair sentada na beira da cama. Não conseguia respirar. Não conseguia desviar o olhar. Hipnotizada. Desesperada. Entregue.

Lambeu.

Lambeu.

Lambeu.

Irmã Raquel não soube como jantou, se jantou. Não soube como se banhou, não soube como foi até a cama, como se deitou, nem se surpreendeu quando o sono não quis vir, nem mesmo quando a Madre massageou seus joelhos e prometeu que a paciência era uma virtude.

Irmã Raquel sabia.

O problema é que sua mente não conseguia parar de reviver tudo como um disco arranhado, o dia inteiro repassando na sua cabeça uma vez atrás da outra. E, toda vez que fechava os olhos, toda vez que quase dormia, acabava com a imagem da perfeição ecoando dentro de si, molhando suas pernas, fazendo-a querer gritar.

Lambendo.

Lambendo.

Lambendo.

E AI, MORREU? PASSA BEM? RESPIRANDO POR APARELHOS?

hehehehehehehehehehehehehe

Prometo que assim que possível eu trago as meninas de volta! Esse segundo semestre do Só uma rapidinha vai ser caótico e intenso (de um jeito muito bom), mas eu tenho muita coisa planejada pra elas que vocês ainda vão ler. Prometo!

Como sempre, se quiserem falar sobre, minha DM está aberta e o curiouscat também! Agora também estou com um canal no telegram onde mando notícias, fofocas e novidades aleatórias, em um ambiente mais informal!

É isso! Um xêro e um queijo,

Kodinha

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