Garotas perigosas - Parte 2 - Só uma rapidinha

apenas seguindo ordens minha senhora

Boa noite safadinhes, como estamos?

A apresentação hoje vai ser curtinha porque a história está grande e, risos, não sobrou muito espaço para introduções. Essa é a parte 2 da história do mês passado, você pode ler a primeira parte aqui.

Queria deixar avisado que muito provavelmente essa história vai virar um continho na amazon também! Aguardem novidades. Beijos! Aproveitem!

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Garotas perigosas

Melina acordou feliz no dia seguinte. Nem se deu ao trabalho de abrir os olhos, saboreando dentro de si as sensações que as memórias provocavam. Seus dedos continuavam semi-entrelaçados com os de Eva, a pele um pouco quente em todos os lugares que se tocavam, e as lembranças dançavam dentro de sua mente: o sorriso safado de Eva; os mamilos marcando a camisola, tão gostosos de sugar; os gemidinhos que ela soltava, seus suspiros desesperados; a pressão do corpo de Eva sobre o seu quando ela sussurrou minha vez. Uma promessa de retorno que acelerava o seu coração só de pensar.

Essa sensação boa, essa felicidade e satisfação, era algo que Melina não sentia há meses. Tivera momentos bons no treinamento, claro, e costumava sentir bastante orgulho, em especial quando algo dava certo, mas a satisfação daquele momento era só talvez comparável a de ter sido chamada para estudar com a Mestre. Melina sorriu ainda de olhos fechados, se aproximando um pouco mais de Eva, fantasiando com todos os detalhes do corpo dela que ainda gostaria de explorar, todas as coisas deliciosas que ainda gostaria de fazer com ela.

Quando Melina finalmente abriu os olhos, alguns minutos depois, a primeira coisa que viu, pelo canto do olho e por cima do montinho que Eva era na cama, foi a Mestre. Merda. A Mestre estava sentada em uma cadeira ao lado da porta, folheando o próprio diário, a expressão séria. O quarto estava claro, muito claro, claro demais, e Melina não precisou de um relógio para saber que estavam atrasadas.

— Se divertiu ontem, Melina? — a Mestre falou sem mudar a posição e nem olhar para ela.

Melina sentou na cama de uma vez, assustada, e balançou o braço de Eva por baixo das cobertas, tentando acordá-la.

— Já é de manhã? — Eva murmurou, a voz manhosa, esfregando os olhos com a mão direita.

Eva se espantou, entretanto, assim que colocou os olhos em Melina, provavelmente reparando em sua expressão assustada. Se virou para entender para o que ela estava olhando e logo se sentou também, se aproximando um pouco de Melina, como se estar alguns centímetros mais distante da Mestre fosse fazer alguma diferença. As duas ficaram ali, em silêncio, observando a Mestre, que continuava virando páginas do diário. O coração de Melina parecia que iria explodir, sua respiração acelerada e incerta, toda essa tensão e ainda não sabia o que falar, como poderia começar a se justificar.

— De pé — a Mestra ordenou, como se soubesse que precisava interromper a ansiedade das duas.

Mesmo com a ordem, entretanto, o corpo de Melina não quis reagir. Ela encarou Eva, que também continuava parada, e as duas apertaram de novo os dedos embaixo da coberta. Juntas no bom, juntas no ruim, do orgasmo ao apavoro de serem pegas. Costumavam ser muito rápidas em obedecer todas as ordens da Mestre, mas a tensão da situação tomou conta das duas de um jeito novo.

— De pé, garotas — a Mestre insistiu, fechando o diário sobre o colo e só então olhando para elas. — Não gosto de me repetir.

A coberta se moveu na cama, saindo de cima delas e se dobrou perfeitamente em cima da cômoda. Mesmo que ainda usando a camisola, Melina se sentiu subitamente nua e exposta. Sentiu as bochechas queimarem e se forçou a colocar os pés para fora da cama, torcendo que Eva tivesse o bom senso de fazer o mesmo. Deu a volta ao redor da cama e parou do outro lado, perto de Eva, que também estava de pé. Resistiu ao impulso de segurar a mão dela ali, à vista da Mestre. Precisava se manter na linha agora se quisesse ter alguma chance de não arruinar seu futuro como magista.

— Bom. — A Mestre cruzou as pernas e apoiou os braços contra o descanso da cadeira. Essa era uma cadeira dela, que não costumava ficar ali. Provavelmente havia trazido para esperar enquanto elas não acordavam. Porra, não fazia nem ideia do quanto estavam atrasadas e, pior, do quando estavam ferradas. Ela fixou o olhar em Melina. — Não chegou a me responder. Se divertiu ontem, Melina?

Melina tinha certeza que essa pergunta era uma armadilha. Se falasse que sim, estariam encrencadas. Se falasse que não, seria mentira, e além de magoar Eva, eventualmente teria problemas com a Mestre, que com certeza saberia que era mentira. Enquanto decidia o que responder para tentar não piorar a situação para as duas, deu sorte, porque a Mestre decidiu continuar:

— De onde tiraram esse diário? — O olhar dela se virou para Eva, entretanto. — De onde você tirou esse diário, Eva?

Eva olhou para Melina, visivelmente nervosa, e mordeu o lábio.

— Foi na… na… arrumando a biblioteca. — A voz dela estava trêmula e as palavras saíam emboladas. — Na biblioteca ontem de manhã.

— Hm. — A Mestre não pareceu surpresa. — E como você o abriu?

Eva não conteve a própria surpresa, mas demorou a responder em palavras. Ela juntou as próprias mãos, apertando os dedos como sempre fazia quando ficava nervosa. Se continuasse, logo estaria coçando os próprios braços e arrancando pelinhas soltas da boca. Melina puxou os dedos dela e segurou entre os seus, fazendo pressão e tentando lembrá-la que estava ali. Naquele momento uma possível punição era menos importante.

— Eu só abri? — Pareceu mais uma pergunta do que uma afirmação. — Não deveria?

Eva moveu o olhar para Melina, parecendo cada vez mais confusa. Melina também não sabia o que tirar daquela conversa. Eva estava com medo e Melina não conseguia fazer nada sobre isso, o que era muito, muito irritante.

— Como imaginei. — A Mestre se levantou e deixou o diário sobre a cadeira. Caminhou até Eva e passou os dedos no rosto dela. Melina prendeu a respiração, ansiosa. — Você, Eva, é uma garotinha perigosa.

Eva de novo buscou o olhar de Melina, e isso pareceu irritar um pouco a Mestre, que segurou o queixo dela e virou seu rosto para frente de novo.

— Costumo gostar de garotas perigosas, então não se desespere, coisinha. — Por um breve segundo, a voz da Mestre soou quase maternal. Melina ainda não soube o que sentir. — Se conseguiu abrir meu diário sem problemas, isso só confirma que escolhi mesmo as mais poderosas. Ao menos, mais do que eu era naquela época.

Uma coisa diferente se espalhou por Melina. Orgulho. De si mesma, de Eva, de tudo que superaram para estar ali. Foram escolhidas, mas ouvir uma confirmação de que era boa era totalmente diferente.

— Mas… — A Mestre apertou mais os dedos no rosto de Eva. — Diferente de mim, você não tem nenhum controle. Ainda não. Precisa ser lapidada, moldada, e vai ser excelente quando eu fizer de você o que eu quero. Até lá… — Ela tombou o rosto de Eva e passou a língua pelo seu pescoço. — Até lá, vou te tratar como o que você é, Eva. Uma garota perigosa.

Essas palavras foram murmuradas no ouvido de Eva, mas Melina ficou arrepiada como se fosse com ela. O estômago de Melina estava enjoado, uma mistura de sensações esquisitas que ela não gostava — ansiedade, medo, inveja, ciúmes. Como se pudesse sentir — talvez pudesse mesmo, o que era assustador —, a Mestre se virou para Melina.

— E você… De um lado, alguém que não percebe que está a um gemido de partir as paredes do próprio quarto. — A Mestre apontou para Eva, que se encolheu. — Do outro, você, Melina, com tanto medo de perder o controle do próprio poder que calcula bem até a força do próprio orgasmo. Um autocontrole admirável, uma resistência… impressionante, na verdade. — A Mestre não desviou o olhar enquanto falava e Melina sentia as bochechas queimarem, sentia a pele quente. — Muitas teriam deixado o poder da Eva tomar conta de tudo, mas não você. — A Mestre subiu a unha do indicador pelo pescoço de Melina até a ponta de seu queixo. — Foi muito boa.

Eva estremeceu inteira.

— Como você sabe de tudo isso? — perguntou, mas se sentiu inocente assim que a frase saiu de sua boca.

— Acha que eu não sei de tudo, absolutamente tudo, que acontece dentro de minha casa? — A voz da Mestre era dura, e Melina encolheu um pouco. Pergunta estúpida. — Quanto leram do diário?

— Quase tudo. — Eva respondeu.

O suficiente, Melina pensou, mas mordeu o lábio inferior para não responder dessa forma. Ainda sentia um misto de surpresa e irritação com a coisa toda, sem saber porque a Mestre fazia tudo da mesma forma de Anne, no fim das contas. Antes que decidisse se existia uma forma de fazer essa pergunta sem ser repreendida, a Mestre continuou:

— Entendo. Então vocês sabem tudo. Ao menos do meu primeiro ano com a Anne. — A Mestre se afastou um pouco, parecendo pensar. — Sempre achei que faria tudo diferente quando fosse a minha vez, até que minha primeira pupila pegou fogo se esfregando no próprio travesseiro.

Ela… o quê?, Melina pensou, incrédula.

— Foi só aí que entendi que não eram só as pupilas de Anne que eram fracas, ou que os métodos dela eram questionáveis. Quase todas as garotas não têm controle do próprio fogo e de como ele afeta o poder. Até por isso, a maioria nem vale a pena ser treinada. Desde então, escolhi minhas pupilas a dedo, e deixei cada uma transar na hora certa — a Mestre enfatizou as últimas palavras como um ataque.

Melina nem sentiu a dor da ofensa, porque ainda estava paralisada pensando que a maioria das garotas não valia a pena ser treinada, e, ainda assim, ela e Eva estavam ali, levando bronca seis meses depois de terem sido escolhidas. Isso significava que elas valiam a pena? Que não eram tão descontroladas assim?

— O celibato é para o bem de vocês. O início do treinamento é o equivalente a uma adolescência mágica, e tudo está desgovernado, inclusive os hormônios. Pegar fogo é pouco perto do que pode acontecer. — A Mestre olhou demoradamente para Eva, depois para Melina. — Mas, minhas garotas, como vocês querem tanto transar, a ponto de me desobedecer, talvez seja hora de fazer diferente. Pularemos muitas etapas, mas seguindo as regras dessa vez, certo?

Melina e Eva concordaram rápido. Melina foi tomada pela curiosidade de uma vez. Qualquer resquício de arrependimento desapareceu, porque agora saberia de verdade como era ser treinada, sem coisas básicas para iniciantes. Se sentia, finalmente, uma iniciada da Mestre. Achava que conhecia a sensação, mas estava enganada.

— Vamos. — A Mestre abriu a porta, indicando o caminho para as duas.

— Mestre, nossas roupas… — Melina apontou para os robes em uma arara no canto do quarto.

— Não há necessidade. Sempre que formos treinar nessa sala, nesses termos, vocês têm a opção de irem nuas ou usando as camisolas de dormir. Sem roupas íntimas, naturalmente. Quero acesso livre a tudo que eu quiser usar. — Ela fez uma pausa. — Para o treinamento, ou não.

Melina sentiu cada palavra queimando debaixo de sua pele e saiu do quarto com a certeza de que voltaria uma mulher diferente. Se sentia pronta — ou, ao menos, sabia que precisava estar pronta, não era uma opção. Se antes da noite anterior e desse sermão matinal Melina já se irritava com as restrições, depois de tudo isso a chance de aceitar não poder tentar coisas — ainda que tivesse a chance de falhar e ser punida — era nula. Não importava quantas palmadas na bunda levasse, ou qualquer que fosse a punição desse suposto próximo nível de treinamento. Agora que a caixa de pandora havia se aberto, não havia como fechar ou voltar atrás.

Então, naturalmente, a caminhada até a sala de treinamento pareceu demorar uma eternidade. Elas passaram direto pela antiga sala de estudos, e Melina teve certeza de que estavam indo para a única sala do lugar — além dos aposentos da Mestre, é claro — que ficava permanentemente trancada. Todo tipo de atrocidade passou pela mente de Melina, fantasiando sobre o que estava atrás daquela porta, que tipo de objetos, que tipo de treinamento, como seriam punidas, e, deusas, como seriam recompensadas também.

O som da chave na porta — uma trava física em uma casa de magista era algo inusitado, e, ao mesmo tempo, uma demonstração de poder assustadora — fez o coração de Melina acelerar ainda mais, como ela nem sabia que era possível. A sala, entretanto, não tinha nada de intensamente especial. Todas as paredes eram de madeira antiga, e, ao fundo, um desnível destacava algo que poderia ser considerado um altar, de certa forma, ou o trono de uma rainha, talvez.

Não havia móveis a vista além de um trono de madeira detalhada perto da parede ao fundo, e, Melina notou alguns segundos depois, quando conseguiu parar de observar o trono, do lado direito estava uma espécie de cadeira, ou, talvez, mesa de tortura. Por cima dela, deitada com o tronco sobre um tecido escuro, os braços amarrados atrás do corpo, as pernas presas aos pés da mesa, estava Agatha.

Melina, Eva e Agatha costumavam fazer as refeições juntas quase todos os dias, às vezes se banhavam juntas também, mas as interações entre elas acabavam aí. Agatha estava em treinamento há dois anos, sempre fazendo algo que as garotas desconheciam, e, muitas vezes, nem estava na casa. Mas Melina não estava pensando em nada disso, não naquele momento, não quando entendeu plenamente o que estava acontecendo no canto daquele quarto. 

Agatha estava suada, a pele brilhando, e estava rodeada de efeitos mágicos. Um pênis grosso metia na buceta dela, sua bunda estava vermelha, seu cabelo estava desgrenhado, o chão aos seus pés, molhado. Apesar da cena desesperadora, ela estava em silêncio. Melina não conseguia ver o rosto de Agatha, mas poderia apostar que ela estava com a expressão concentrada, fechada, os lábios apertados. Como? Como ela conseguia ficar concentrada e em silêncio e quieta e tão… calma?

— Sexo é uma ferramenta, garotas. De ensino, de poder, e de punição, também. Quanto mais eu deixo, maior é a punição por errar, vocês entendem? — A voz da Mestre vinha de trás dela, e Melina precisou se esforçar muito para continuar se concentrando nela e não se perder na visão de Agatha. — Você, você entende, Eva? Preciso que você entenda.

Melina se virou, impressionada com o tom duro da Mestre, e reparou que Eva estava flutuando a alguns centímetros do chão, o olhar fixo em Agatha. A Mestre segurou Eva pelos cabelos com firmeza e estava falando em seu ouvido. Melina apertou os punhos, se esforçando para não voltar a olhar para Agatha, para a tentação, para não cair como Eva nitidamente parecia estar caindo.

— A Melina é minimamente controlada, Eva, e espero que você dê a ela o devido agradecimento porque é por ela que você também está aqui nesse momento. — A Mestre continuou a falar no ouvido de Eva, mas Melina ouvia tudo. — E até que você consiga se controlar também, você só vai assistir.

Uma das primeiras coisas que aprenderam com a Mestre foi a identificar de onde uma magia estava vindo, quem a estava executando e quem estava sendo alvo. Isso nem sempre era fácil de fazer, porque quanto mais treinada a magista, mais ela conseguia esconder os próprios rastros, mas, muitas vezes, eles eram deixados em evidência de propósito. Melina soube exatamente quando Eva parou de flutuar porque sua magia estava levemente fora de controle e passou a flutuar porque a magia da Mestre tomou conta do corpo dela.

— Mestre? — Eva reagiu assustada, buscando o olhar da Mestre.

— É para o seu bem, minha garota. — A Mestre deu um beijo na bochecha dela. — Você vai poder assistir, e quando eu confiar que você não vai explodir minha casa, te solto.

Eva fez um beicinho e Melina quis correr para abraçá-la.

— Eu não explodi nada ontem — ela murmurou baixinho.

— Porque eu não deixei — a Mestre respondeu de forma simples.

Não pareceu haver espaço para discussão. Melina se perguntou se existiria alguma forma de ajudar Eva quando não estivessem em treinamentos obrigatórios. Até aquele momento estavam iguais em tudo, em todos os treinamentos, e a sensação de ser treinada sozinha era estranha. Não queria que Eva ficasse só olhando, não queria que ela ficasse para trás.

Eva flutuou um pouco mais acima do chão, suas mãos atrás do corpo, as pernas um pouco abertas no ar, e a visão de seu corpo assim, entregue, causou um tormento que Melina não queria admitir que sentia. O ar daquela sala cheirava a sexo, a orgasmos reprimidos, a suor e tesão e desespero, e os mamilos de Eva estavam rijos, a camisola colada em alguns pontos do corpo dela pelo suor, as bochechas vermelhas, e tinha o olhar de quem queria implorar por alguma coisa. Tudo isso foi estremecendo a confiança de Melina. Muita coisa, muitos estímulos, muito, tudo era muito.

— Como eu disse, Melina… — A Mestre apareceu ao lado de dela, sem deixar um rastro de como se moveu de um lugar ao outro. — Vejo como você está se esforçando, mas sei que está no seu limite. — A Mestre respirou fundo contra a orelha de Melina, soltando um ar quente que só piorou o estado dela. — Seu coração está acelerado. — Deixou um beijo ali, e soltou mais um suspiro. Era um teste, e Melina estava falhando. — Por muito pouco sua aura mágica não está perceptível fora da casa, minha garota, e você sabe que isso é um erro grave.

Melina não gostava da sensação de perder o controle. Nunca gostou, e agora que seu treinamento estava sendo posto à prova gostava menos ainda. Mas sabia, sexo sempre fora seu ponto fraco. Gostava de se entregar, de sentir, e era estranho precisar estar tão em alerta. Se perguntou, por um momento, se algum dia ficaria mais fácil. Se seria como a Mestre disse, catalisador, mas não destrutor.

— Sua primeira tarefa de hoje é bem simples, Melina — a Mestre parou de sussurrar no ouvido dela, o que aliviou bastante a sensação, mas Melina tinha certeza que esse alívio não duraria muito. — Quero que inspecione Agatha.

Inspecionar? Como em uma cena? Melina deve ter demonstrado alguma surpresa, porque a Mestre logo adicionou:

— Tenho certeza que você conhece o termo, Melina, porque sei bem que você não era conhecida por santa antes de vir para cá. — A Mestre tinha um sorrisinho nos lábios. — Quero que inspecione a Agatha para que você saiba como uma boa garota deve se comportar. Magicamente, claro, mas fisicamente também. E compartilhe seus pensamentos em voz alta, para Eva aprender algumas coisinhas.

Melina prendeu a respiração, tensa, antes de se virar novamente na direção de Agatha. Fechou os olhos uma última vez e se virou, se esforçando para que tudo de sua magia continuasse nos lugares que deveria ficar. Sabia exatamente o que a aguardava, e, ainda assim, foi um desafio se manter no controle. Se fosse apenas uma inspeção mágica, poderia fazer tudo dali, no pouco conforto que a distância trazia, mas não era. Sabia que precisaria caminhar até lá, um pé depois do outro, mesmo que suas pernas falhassem a cada passo.

Demorou muitos segundos para cruzar a curta distância, e quando finalmente chegou, se virou para a Mestre, mas a expressão dela não demonstrava raiva ou desgosto. Melina engoliu muita saliva, tentando limpar a garganta, e usou esse tempo para concentrar sua magia na de Agatha. Era só nisso que queria pensar, ainda que não conseguisse deixar de perceber como a pele dela estava suada e parecia quente, como ela tinha inúmeras sardinhas nas costas e, deusas, Melina precisou de uma força sobre-humana para resistir a vontade de se ajoelhar e lamber o suor em cada uma dessas pintinhas.

— É… — Sua voz saiu arranhada quando tentou falar. Tossiu uma vez, nervosa, os dedos trêmulos. Sentia a própria magia trêmula também, querendo sair. — Quase sem aura mágica. Eu… — Melina esfregou o próprio rosto com uma das mãos, tentando se concentrar, precisava se concentrar. — É difícil sentir, ela é boa nisso.

O elogio foi sincero e de forma alguma uma tentativa de provocação, mas Melina sentiu a magia de Agatha reagir. Foi rápido, um mero segundo antes dela se concentrar novamente, mas estava ali. Todas elas eram iguais, então? No fundo, apenas garotas safadas sedentas por elogios? Foco, Melina, foco.

— O coração está um pouco acelerado, mas de forma bem controlada. Como se… —- Melina não conseguiu encontrar as palavras certas para descrever o que estava pensando. — Consigo ver que ela está sentindo coisas, mas ela não me deixa perceber isso. Ela poderia muito bem estar… sei lá, varrendo os corredores da casa há alguns minutos, acho que as minhas impressões seriam parecidas.

— Mas? — A Mestre questionou.

Melina desviou o olhar para ela de novo, pensativa.

— Eu sei que a magia dela está maior do que consigo sentir, mas não consigo mensurar, mesmo me esforçando.

— Vai melhorar. — A Mestre abriu um sorriso quase maternal. Melina se sentiu bem. Se sentiu boa. — Por hora, se concentre em conferir o balanço mente e corpo. Veja como controlar uma coisa não significa impedir a outra de sentir.

Melina se aproximou com cuidado. Notou rápido que, quanto mais perto, mais ficava evidente que não era exatamente a aura mágica de Agatha que era pouca, e sim que estava sendo comprimida, apertada. Com muito cuidado e atenção dava para sentir essa força ao redor dela que a mantinha exatamente no lugar, quase imóvel, silenciosa, obediente. Ainda assim, quando Melina se abaixou de frente para Agatha, notou lágrimas escorrendo de seus olhos. Não eram de tristeza, isso era bastante óbvio, e os olhos de Agatha encararam Melina tão profundamente que ela se sentiu exposta, ainda que Agatha estivesse nua e Melina parcialmente vestida.

Só de olhar para o rosto dela, Melina soube que Agatha estava uma bagunça. As linhas de lágrimas partiam do canto dos olhos e desciam pelas bochechas vermelhas, os lábios se mexiam pouco, só para pequenos arfares que ela soltava e não pareciam produzir som algum, o vermelho na pele descia pelo pescoço até o colo dos seios. Melina queria continuar descendo o olhar e conferir como estavam os seios de Agatha, mas sua curiosidade falou mais alto e ela acabou aproximando os dedos da boca da garota, tentando entender como ela fazia o que estava fazendo.

— Não toque — a Mestre a interrompeu.

— Desculpa, Mestre — Melina se afastou rapidamente. — Só fiquei curiosa. Acho que tem alguma magia na boca dela, ou na voz dela, mas não consigo identificar daqui.

— Nossa voz é poderosa, Melina, e cada uma encontra sua forma de controlar quando ela deve ser ouvida e quando não. Essa é a dela. — A Mestre fez uma pausa e Melina ficou ali, encarando o respirar silencioso de Agatha. — Continue a inspeção e lembre de falar.

Melina aproveitou a deixa para se ajoelhar, para então conseguir ver melhor como estavam os seios de Agatha, e de novo sentiu a magia dela mudar brevemente. Por fora, Melina não demonstrou nenhuma reação, mas por dentro, sentiu um certo triunfo ao perceber que, mesmo muito mais experiente, Agatha ainda era afetada. Pouco, porque muito controlada, mas certamente afetada.

Com essa confiança adquirida, Melina se inclinou bem perto de Agatha. Não iria tocá-la, de forma alguma quebraria uma ordem tão direta da Mestre — ao menos não depois de, bom, já ter quebrado uma ordem da Mestre —, mas queria ver o quanto conseguia afetar a outra aprendiz. Mesmo que, no fim, isso talvez causasse punições para as duas. Melina se inclinou até estar bem perto dos seios dela, pendendo para baixo, grandes, inchados, os mamilos rijos. Estavam vermelhos, até levemente roxos em algumas partes, e muito nitidamente foram alvo de alguma magia na última hora. Estavam visivelmente sensíveis e, Melina logo percebeu, esse jogo de provocação era muito perigoso. Sabia que não poderia tocar, mas queria, queria tanto tocar, queria sentir a pele quente, queria apertar os mamilos com a ponta dos dedos, queria passar a língua molhada neles e medir cada pequena alteração na magia de Agatha, cada coisinha que conseguiria provocar nela.

Melina quase não resistiu por si mesma, quase decidiu que aceitaria a punição, mas como se soubesse das coisas terríveis que ela estava pensando, Eva murmurou:

— Melina… Não.

A fala dela fez Melina imediatamente se levantar e recuar três passos para trás, se afastando do magnetismo de Agatha e da situação. Se perguntou, por um segundo, se a Mestre estava mexendo com ela de alguma forma também, agravando os desejos que já sentia. Melina respirou fundo e se concentrou de novo, pensando em si, pensando em Eva, que precisava dela agora mais do que nunca.

— Ela está… — Melina tentou primeiro escolher cuidadosamente as palavras, mas desistiu. — Com tesão, visivelmente. Não sei descrever de outra forma. Vermelha, choramingando, ainda que em silêncio, suada, e…

Melina queria completar com melada, mas só porque sabia, sem precisar olhar, como Agatha estava. Mas isso não era inspecionar. Ela precisava ver, conferir, e então dizer. Melina rodeou a cadeira-mesa onde Agatha estava, indo para o outro lado, e mordeu o lábio inferior, descobrindo que talvez fosse esse o seu método para controlar quando sua voz saía ou não.

Agatha estava com as pernas amarradas nos pés da mesa, exposta e aberta, e com um dildo mágico em sua buceta e um em sua bunda, metendo sem parar. Dizer que estava molhada era um eufemismo injusto com a situação: seu tesão escorria pelas pernas e pingava no chão, que deixava evidente há quanto tempo ela estava sendo torturada, e era muito. Melina se perguntou quantas vezes ela já tinha gozado nesse meio tempo. Em um segundo de horror, se perguntou se ela sequer pôde gozar nesse meio tempo. Não parecia ruim, não importando qual fosse a resposta, mas isso com certeza mudava o quanto foi desesperador. O quanto ainda era desesperador.

— É. Ela tá… muito molhada. — Melina sentia a própria voz saindo muito mais trêmula do que ela esperava. — Não acho que essa é a primeira coisa que… que está sendo feita com ela. Mas não sei dizer se ela gozou ou não. Certamente gostaria.

— Porra. — Eva murmurou ao longe.

Melina sentia Eva brigando com o próprio desejo, sua magia vibrando, lutando contra as restrições da Mestre, querendo sair. Melina não duvidara quando a Mestre disse que o poder das duas era intenso demais, mas não teve dimensão do perigo que realmente correram na noite anterior até ver à distância como Eva parecia sofrer para se controlar. Com tão pouco já quase fora tomada pela magia dela. Teve sorte de ter decidido não continuar ou algo muito pior poderia ter acontecido.

Não. A Mestre não permitiria.

— Você foi muito boa, Melina. — A Mestre sorriu para ela, parecendo realmente satisfeita. — Venha aqui.

Melina caminhou até o local indicado, perto do trono ao fundo da sala, em silêncio. Não conseguia deixar de sentir a magia de Eva, agora muito mais claramente. Era diferente quando não era o alvo, quando a magia dela estava ocupada lutando contra a da Mestre e não estava mais se esgueirando por debaixo de sua pele. Conseguia ver com mais clareza agora o que a Mestre disse, a diferença entre o poder desgovernado de Eva e a sua cautela. Mesmo que o desejo estivesse ali, pulsando, urgente, Melina conseguia respirar fundo. Precisava respirar fundo.

— Está me deixando orgulhosa, Melina. — A Mestre voltou a falar e tirou Melina de seus devaneios. — Acreditei em você, e gosto quando minhas apostas são certeiras. — Melina sentiu as bochechas corarem. Era o olhar. Tinha algo no olhar da Mestre que fazia Melina querer se ajoelhar e implorar por mais elogios. — Ajoelhe-se.

Melina se assustou, por um segundo, ao receber uma ordem tão próxima de seus pensamentos. Obedeceu por instinto, de joelhos no chão antes que pudesse perceber o que estava fazendo.

— Tão rápida. Tenho certeza que vai merecer uma recompensa hoje ainda. — A Mestra não tirava um sorrisinho dos lábios, e Melina não conseguia nem fingir que não era afetada por ele. Inferno de mulher bonita e, pior, que sabia que era bonita e poderosa. — Me conte o que vocês fizeram ontem, em detalhes.

Melina mordeu o lábio de novo. A Mestre estava certa em dizer que ela nunca fora santa, mas essa configuração era nova. Nova e desesperadora, de um jeito terrível, mas bom. Ainda assim, olhou para trás, para Eva, que agora estava levemente mais comportada, mas Melina sabia que era só questão de tempo.

— Elas vão ouvir. É parte do treinamento das duas. — A Mestra respondeu à pergunta não dita.

Melina olhou também para Agatha, ainda imóvel e em silêncio, ainda sendo torturada de formas inimagináveis. Agora, olhando com um pouco mais de calma e de menos perturbação para a cena, Melina tinha certeza de que não estava vendo tudo que estava acontecendo. Tinha mais, e era assustador imaginar como Agatha aguentava ainda mais.

Obediente, apesar de tudo, Melina começou a narrar. Falou sobre o diário, sobre o que leram, sobre o tesão que sentiu. Falou sobre como estava observando Eva, e não deixou de fora nenhum dos pensamentos profanos que teve — com os seios dela, com a buceta dela, com a boca linda e macia dela. Se a Mestra queria detalhes, ela teria detalhes, e Melina esperava que os elogios fizessem bem para Eva também. Talvez a perturbassem ainda mais, o que seria um desafio, mas ela também precisava ser treinada.

Descreveu cada movimento de mão, cada toque, cada coisinha, a sensação de sentir o gosto de Eva na língua, e relembrar cada coisa dava a sensação de viver a cena inteira de novo, o tesão se acumulando entre as pernas, os punhos fechados em um desejo que Melina queria mais do que tudo manter sob controle. Falou sobre o orgasmo de Eva, sobre a sensação deliciosa de ver ela gozar na sua boca, sobre como não tinha percebido o quanto queria isso, o quanto queria ela. Falou de como a magia das duas se entrelaçou com muita intensidade, como foi tentador se deixar levar, como por muito pouco não continuou deitada, de pernas abertas para Eva, e não terminou a frase, mas sentiu, de novo, receio pelo que poderia ter acontecido.

— Agatha, minha querida, junte-se a nós. — A Mestre olhou para Agatha e, no mesmo instante, todas as magias se desfizeram. Num instante ela estava presa e carregada de estímulos, e, no seguinte, se levantando devagar. — Venha aqui.

A Mestre colocou a mão sobre o próprio colo e Melina sentiu uma inveja adoecedora. Quase não se reconhecia com esses sentimentos estranhos, com esse desejo tomando conta de si. Ficava cada vez mais evidente porque a Mestre as controlava, porque precisavam de tanta disciplina. Se sentia exatamente como a analogia que ela usara, uma adolescente cheia de hormônios incontroláveis.

Agatha sentou no colo da Mestre, que fez um carinho no cabelo dela. Sexy.

— Você pode dizer para elas depois de quanto tempo você teve autorização para ter seu primeiro orgasmo, minha querida? — O tom maternal voltou fortíssimo na voz da Mestre. Melina olhava desesperada.

— Um ano — Agatha respondeu.

— Bom. E foi comigo, garotas, e todos os orgasmos depois daquele foram autorizados, foram recompensas, porque Agatha é boa, obediente e controlada. — A Mestre enfatizou a última palavra encarando Eva. — Quero que vocês gozem, quero que seja bom, mas para isso, vocês precisam se provar. Eu nem sempre vou estar aqui para segurar a casa no lugar, para controlar o descontrole de vocês. — A Mestre parou por um instante e deu um beijo na bochecha de Agatha. — Está liberada, minha querida, e você pode gozar hoje. Duas vezes, na verdade, porque aguentou muito bem a inspeção da nossa Melina. — A Mestre fez as palavras nossa Melina soarem quase pornográficas. Porra.

— Obrigada, Mestre. — Agatha acenou antes de se levantar e sair.

A sala ficou em silêncio por alguns segundos. Melina se mexeu um pouco no lugar, virando para ver Eva, que ainda estava flutuando. A magia dela estava mais calma de novo. Ela estava se esforçando, Melina conseguia sentir, mas era difícil. Era evidentemente mais forte do que Melina, o que talvez explicasse toda a situação.

— Vamos testar uma coisa nova, garotas. — A Mestre parecia animada. — É a primeira vez que tenho duas garotas ao mesmo tempo, no mesmo nível de treinamento, e isso nos dá possibilidades. Eva, venha aqui também.

Melina viu o momento em que ela desceu e os pés encostaram o chão, e estendeu a mão para ela quando viu que seus passos estavam incertos. As duas ficaram lado a lado, esperando a próxima ordem, aguardando o que Melina sabia que seria uma tortura. Deliciosa, mas ainda uma tortura.

— Quero que façam o que fizeram ontem de novo. — A Mestra começou. — Com algumas condições.

É claro.

— Nenhuma de vocês pode gozar até eu autorizar. E cada gemido, Eva, será punido. Controle a sua voz, é uma ordem. Eu quero você. — A Mestre se aproximou de Eva e sua voz amoleceu, evidentemente. — Quero te treinar, eu sei do que você é capaz. — Eva estava com os lábios entreabertos, suspirando, mas nenhum som saía de sua boca também. Aparentemente, esse também seria o método dela. Se não conseguia se controlar, era melhor desligar sua voz. — Vou te dar um voto de confiança, a minha palavra de que eu te quero aqui, apesar de estar sendo tão dura.

A Mestre segurou o pescoço de Eva, um gesto possessivo e delicioso de assistir, e, distraída, Melina demorou a notar a magia que saia dos dedos dela. Linhas finas de couro entrelaçado se formaram ao redor do pescoço de Eva, evidentemente no formato de uma coleira. Uma guia apareceu atrás, e flutuou por um segundo antes de cair sobre as costas dela. Inveja. Melina sentiu inveja, mas não era doentio, não a consumiu. De alguma forma, sabia que existia alguma coisa reservada para ela, e só para ela, também.

— Você é minha pupila, minha garota, Eva. E vai cuidar da sua coleira, porque será a única. Posso impedir que você quebre meus vidros, mas não vou impedir que rasgue sua coleira, você me entende? Ser punida será a menor das suas preocupações, mas sinto que você sabe disso.

Eva acenou, concordando. Ela levou os dedos até a coleira, sentindo-a, e buscou o olhar de Melina. Eva parecia radiante, e, de novo, isso apagou qualquer sentimento ruim que Melina pudesse sentir. Ver Eva feliz era gostoso, gostoso demais. A Mestre parecia saber de tudo isso, entender perfeitamente a dinâmica das duas, e usava isso a seu favor. Melina não reclamaria.

— E você, Melina, minha garota medrosa. — A Mestre se aproximou e fez um carinho em seu rosto. — Seu poder não deve ser temido, nem o seu desejo. Você precisa controlá-lo, mas não o suprimir. Se você fugir de todas as sensações, nunca será poderosa de verdade. — A Mestre sussurrou suas últimas palavras só para Melina ouvir: — Tudo que eu fizer com você a partir de agora vai ser dissipado ao menor sinal de resistência. Se você quiser ser treinada por mim, terá que deixar.

Melina sentia o coração acelerado, a boca seca, a pele arrepiada com as palavras da Mestre. Não fazia ideia de como obedeceria essa ordem, como faria para não fugir do poder quando ele tentasse inundá-la. Queria o poder enquanto pudesse controlá-lo, mas agora tinha ordens específicas para não resistir. Parecia impossível.

A Mestre sentou no trono e não disse mais nada. A ordem já havia sido proferida, elas já sabiam o que fazer, só precisavam fazer. Melina se virou para Eva devagar, buscando o olhar dela, alguma segurança, a antecipação e o desejo do que aconteceria em breve tomando conta muito rápido de sua cabeça.

Eva levou de novo a mão até o pescoço, deslizando a ponta dos dedos sobre a coleira. Melina se perguntou se teria permissão para puxá-la. Se algum dia poderia sentir tudo isso plenamente, se sexo voltaria a ser algo que fazia sem medo de explodir.

Até lá, ela só poderia contar com a sorte de que a Mestre cuidaria das duas, e obedecer, obedecer e obedecer. Com essa certeza — e tantas, tantas dúvidas —, Melina deu um passo na direção de Eva, depois outro, até juntar os lábios nos dela de novo. E, deusas, como pode um simples beijo reordenar tantas prioridades. Talvez fosse sempre difícil, sim, talvez aprender fosse impossível, talvez sexo fosse para sempre feito desse equilíbrio tênue e frágil, deusas, talvez Melina nunca mais gozasse com a mesma força de antes, mas importava de verdade? Enquanto ela pudesse continuar beijando Eva e descobrindo coisas e tentando de novo, sentindo a magia dela seduzir a sua com tanta facilidade.

Melina desceu os dedos do rosto de Eva para o seu pescoço, sentindo a coleira também, sentindo a magia da Mestre nela.  Eva estava com as mãos firmes no quadril de Melina, as unhas apertando sua pele. Melina conseguia sentir a concentração dela, como aceitava o beijo, mas lutava com o próprio desejo descontrolado. Melina se lembrou de como Eva estava no dia anterior, de como ela se inclinou na cama e disse vem, chamando, pedindo, e não aguentou ficar afastada por muito tempo. Beijou Eva de novo, depois o pescoço dela, abaixo da coleira, e apertou um seio com a mão esquerda. Por um breve momento só existiram as duas ali, perdidas uma na outra, tentando encontrar esse equilíbrio entre se perder e não se render.

Melina.

Melina ouviu seu nome como um gemido na voz de Eva e estremeceu, mas quando levantou o olhar, Eva estava em silêncio, arfando. Ela balançou a cabeça. A Mestre. A lembrança de que não estavam sozinhas, de que não transariam sozinhas, de que não eram os únicos efeitos mágicos naquele local, fez Melina ter certeza de que não precisava de calma. A Mestre cuidaria delas. Sempre cuidaria delas.

Melina desceu as alças da camisola de Eva, deixando os seios dela a mostra, e desceu mais os beijos. Beijou o pescoço, o colo, e logo estava com um dos mamilos dela na boca de novo, sugando e lambendo e mordiscando de leve. Isso era bom, tão bom, e a magia de Eva parecia ligeiramente controlada, e Melina se sentia o suficiente fora de controle. Perfeitamente dentro das regras. Tudo estava perfeito. Delicioso.

Até que Melina começou a ouvir barulhos.

Assim que ela terminou de descer a camisola e se ajoelhou para chupar Eva, os gemidos começaram. A voz era igual a de Eva, aguda, arfando, baixinha, dando a sensação de uma garota prestes a segurar seu cabelo e esfregar sua cara na buceta dela. Exceto que Eva continuava relativamente imóvel, em silêncio, as pernas entreabertas, agora flutuando um pouquinho. Parecia de propósito, para facilitar o que Melina estava se preparando para fazer — estava beijando a parte interna das coxas, deixando mordidas, lambendo e subindo com as mãos espalmadas nas coxas dela, abrindo-as mais um pouco. Tudo isso e a voz não era dela, de novo, mas a sensação para o corpo de Melina era de que sim, estremecendo sua magia, abalando sua confiança.

A magia de Eva continuava buscando a de Melina, e a reação mais fácil era reprimir. Era se fechar, rejeitar essa magia, rejeitar os seus efeitos, mas a voz da Mestre ecoava em sua mente com força, tanta força: você vai ter que deixar.

Tentando muito deixar, só deixar, Melina fechou os lábios ao redor do clitóris de Eva, sentindo finalmente o gosto dela de novo — tão bom, tão terrivelmente, assustadoramente, desesperadamente bom —, mas, ao mesmo tempo, também sentiu duas coisas que se pareciam com dedos se esfregando em sua buceta. O gemido que escapou de seus lábios foi involuntário, e ela logo mordeu o lábio inferior, pronta para se segurar, para se fechar, para aguentar os sentimentos sem se render. A magia que estava a masturbando tremulou, ameaçando se desfazer, um lembrete constante. Não era que Melina queria conscientemente impedir tudo, ela só temia o descontrole, temia ruir, e se conseguisse soltar as pontas certas e segurar as pontas certas… talvez… talvez…

Então Melina se concentrou em chupar, a língua esfregando o clitóris de Eva, tão gostoso e melado e pronto, se concentrou nas mudanças no corpo de Eva, sua pele nitidamente arrepiada, se concentrou nas mudanças no seu próprio corpo, nos dedos que estavam esfregando sua entrada devagar, porque talvez concentrada, talvez fazendo direitinho, talvez, talvez, talvez… Mas claro que não era bem isso, claro que se concentrar demais não era a resposta, porque mais uma vez a magia que estava tocando sua buceta falhou e ameaçou se dissipar.

Você tem que deixar.

Melina bufou de frustração, mas só por um segundo, porque Eva a olhou confusa e preocupada, e Melina não suportaria a ideia de fazer a garota sofrer por qualquer problema pessoal com seu treinamento. Era só… deixar. Se concentrar não era a resposta, no fundo, bem no fundo, ela sabia. Conseguia sentir como Eva estava, conseguia sentir a mão esfregando seu clitóris, mas sabia que estava racionalizando o próprio tesão.

Ela respirou fundo, o coração acelerado em antecipação, ciente do que abrir mão de se segurar poderia causar, mas decidida a insistir. Era melhor do que isso. Era capaz, a Mestre disse.

Então Melina afundou de verdade o rosto na buceta de Eva, decidida a esquecer o mundo só um pouquinho, ao menos um pouquinho. Chupou Eva como se ela fosse sua primeira mulher e também a última, sentindo a própria buceta molhada, pulsando, os dedos mágicos esfregando seu clitóris com mais força agora, pinçando e masturbando. Conseguiria fazer isso. Podia lamber Eva e deixar o gosto dela escorrer pelo queixo, podia sentir o próprio gozo escorrendo pelas coxas, podia apertar a bunda de Eva com força, trazendo-a para mais perto, podia deixar seu corpo sentir o prazer e se entregar a ele. Ao menos um pouquinho.

Quando a Mestre — ou a magia dela — começou a meter em Melina com vontade, ela apertou ainda mais a bunda de Eva. Estava determinada a deixar a magia agir, sentindo seu próprio poder se debatendo dentro do corpo, buscando uma forma de sair, buscando o poder de Eva, buscando e se agarrando ao prazer com tanta urgência. O medo de explodir era grande, mas ela precisava, precisava deixar, precisava sentir.

Eva tentou fechar as pernas, seu poder estremecendo, seu controle falhando enquanto ela apertava o rosto de Melina, mas logo a Mestre interferiu. Segurou cada uma das pernas de Eva com correntes mágicas, mantendo-as abertas.

— Não fujam da magia, não fujam do desejo, garotas. Aprendam a controlá-lo.

A voz da Mestre parecia murmurada diretamente nos ouvidos de Melina, ainda que isso não fizesse o menor sentido. Ela estava afastada, sentada no trono. Não interagia com elas de forma física, mas sua magia e sua presença estavam em todos os espaços daquela sala, daquela casa.

Quanto mais Melina se entregava aos desejos, mais sensível foi ficando aos efeitos mágicos do lugar, da Mestre. Talvez por isso, sentiu exatamente o momento em que a Mestre criou alguma coisa e começou a estimular a bunda de Eva. Nitidamente desesperada, Eva levou as duas mãos para tampar a boca. Melina tentava manter os olhos abertos, ao menos um pouco, para ver as expressões dela, ver como ela estava, e não apenas sentir, mas era difícil.

O gosto dela era inebriante, saber que ela estava morrendo de tesão era desesperador, estar morrendo de tesão também era mais desesperador ainda. E acima disso tudo, seus sentidos aguçados e amplificados estavam cheios de informação para processar: cada reforço mágico do cômodo, encaixes e coisas permeando as paredes, uma proteção forte, um alçapão em algum lugar. Nada fazia muito sentido, nem era definido na sua cabeça, mas estavam ali. Tudo junto da Mestre, é claro, uma fonte de poder inigualável, tremulando e se projetando sobre elas, sobre todo o lugar.

Melina estava tão excitada e tão consciente que não parecia haver espaço dentro dela para o medo mais. Só havia a magia, o desejo, a presença de Eva se misturando à sua, a magia da Madre estimulando as duas. Estava muito claro para ela naquele momento que não havia mesmo como melhorar sua força mágica sem deixar que ela tomasse conta, sem se entregar de verdade, sem deixar o medo vencer. Sim, era tênue a linha entre se entregar e ser dominada, mas precisava se esforçar para que essa linha fosse o mais fina o possível. Seu objetivo era a perfeição, não a destruição.

Subitamente querendo mais, Melina usou uma das mãos para esfregar Eva e meter nela enquanto chupava, o que finalmente arrancou um gemido dela. Melina se alegrou muito mais do que devia com essa conquista, porque o objetivo era que Eva se controlasse, afinal. Entretanto, Melina estava subitamente interessada pelo descontrole, pelo caos, desejando testar os próprios limites e, porque não, os limites de Eva também.

O único detalhe foi que Eva não conseguiu mais parar quando começou a gemer, arfando baixo, murmurando Melina, ah, Melina, a ponto de estremecer os vidros da sala. Melina abriu os olhos imediatamente quando sentiu essa vibração, bem a tempo de ver a Mestre se movendo na direção delas. A Mestre segurou Eva pelos cabelos de novo, puxando com certa força, tombando sua cabeça para trás.

— Você vai poder gemer quando não ameaçar estourar os vidros da minha casa, garota. — A voz dela estava séria. — Até lá, boca calada.

Melina não conseguiu mais fechar os olhos depois disso e viu uma mordaça se formando na boca de Eva. Ela pareceu quase aliviada, ao contrário do que se esperaria, mas não houve tempo para muita calma.

Melina sentiu a primeira mordida no ombro direito.

Depois uma na coxa esquerda, na canela direita, no braço, no seu seio, bem no mamilo, no lóbulo de sua orelha.

A Mestre se afastou sorrindo, os braços cruzados, e se sentou novamente sem dizer uma única palavra. A magia era dela, sem sombra de dúvidas, mas ela não parecia muito interessada em dar explicações. As mordidas não pararam, mudando de lugar, às vezes várias ao mesmo tempo, e algo parecido acontecia com Eva, porque ela se contorcia, ou tentava se contorcer, e quanto mais se mexia, mais as correntes ao redor de suas pernas se apertavam.

Melina estava tão satisfeita e perdida e rendida, adorando a sensação de entrega, do desejo formigando sua pele, da magia agindo de dentro para fora e de fora para dentro. Era estranho se permitir tanto, não temer nada, mas, naquele momento, parecia não haver o que temer. Se perdesse o controle, talvez fosse punida, mas faria mesmo diferença? A Mestre cuidaria dela. A Mestre cuidaria delas.

Como se pudesse ler esse pensamento — será que podia? —, a Mestre pareceu usar sua cartada final do dia.

Melina escutou um sussurro em seu ouvido em uma voz desconhecida dizendo: você é tão boa, Melina, e abriu os olhos por instinto bem a tempo de ver o vulto de uma mulher ao seu lado. Era uma mulher negra, nua, muito, muito bonita. Ela sorria, alisando as costas de Melina, queimando sua pele e aumentando tanto o seu desejo quanto possível. Logo mais uma mão segurou seu cabelo com força, uma outra mulher do seu lado esquerdo, mais baixa, pele branca, cabelos escuros e longos cobrindo seus seios, o pau duro levantado pra cima. Mais três vultos apareceram ao redor de Eva, lambendo seus seios, mordendo seu pescoço, segurando seu cabelo também.

Você chupa tão bem.

Melina não conseguiu mais parar, estava em um frenesi. Precisava daquilo, de Eva, daquelas mãos, daquela magia, do poder, da Mestre, de tudo, tudo, tudo.

Eva começou a chorar, estremecendo sob as mãos de Melina, que também já estava desesperada a ponto de não aguentar mais.

— Mestre ela quer gozar — Melina choramingou, pronta para implorar se fosse necessário. — Eu quero gozar também. Por favor.

Em um segundo, todos os efeitos mágicos pararam. Melina e Eva começaram a flutuar na direção da Mestre, poucos centímetros acima do chão. Melina sentia o coração muito acelerado no peito, o corpo desesperado por mais contato, pela permissão para gozar.

Melina flutuou até o colo da Mestre, que a segurou sobre o seu joelho, e Eva até estar sentada aos pés da Mestre, de frente para as duas.

Mãos mágicas, com o exato contorno das mãos da Mestre, aparecem próximas de Eva.

— Meus dedos de verdade são um privilégio para garotas muito obedientes, Eva. Mas não serei maldosa a ponto de te impedir de gozar, você se esforçou hoje.

Melina quase morreu ao sentir os dedos da Mestre esfregando seu clitóris de verdade, devagar, apertando, movendo, escorregando tão fácil, evidenciando o quanto ela estava molhada e pronta. Os mesmos movimentos eram replicados em Eva, também de pernas abertas, também tocada pela mão mágica, e observar a cena de cima adicionava uma camada ao seu tesão que era indescritível.

— Tente gemer, minha garota. — A Mestre falou baixinho no ouvido de Melina. — Controladamente.

Melina respirou fundo, agoniada, tremendo, e soltou algo que se parecia mais com um suspiro do que com um gemido, sofrido. Era o máximo que conseguiria fazer dessa vez, mas a Mestre pareceu satisfeita.

— Isso. Boa garota. Tão obediente. Gosto muito de garotas obedientes.

Melina não aguentou mais e gozou ali, fechando os olhos e mordendo o lábio inferior. Sua magia se expandiu muito e ela precisou se controlar, trêmula, ansiosa, para não deixá-la se espalhar demais. Seu coração estava martelando com força no peito e era tão bom e tão terrível ao mesmo tempo, tão gostoso e tão infernal. Ela sentia a magia de Eva lutando também, como Eva parecia lutar para se conter, para não perder o controle, e parecia falhar quanto mais se aproximava do orgasmo.

Eva gozou também, e Melina soube exatamente quando foi, quando a magia dela se expandiu um tanto além do próprio corpo, como nitidamente algo a conteve no lugar. Ainda assim, pareceu mais controlado, menos desesperador, Melina não sentiu que correram riscos. Tão. Bom.

A Mestre segurou Melina pela cintura, terminando de assentar sua magia no lugar também, dando tempo para que ela respirasse fundo e retomasse o controle do próprio corpo de novo.

— Foi um bom começo, garotas. — A Mestre tinha um pequeno sorriso no rosto. — Poderia ter sido melhor, mas poderia ter sido muito pior também. Tomem um banho e almocem, retomaremos os estudos à tarde.

Melina estremeceu e olhou de relance para Eva.

Como pode uma vida inteira mudar em menos de vinte e quatro horas.

É isso! Um xêro e um queijo,

Kodinha

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