Garotas perigosas - Parte 1 - Só uma rapidinha

love, sex, magic - ciara ft. justin timberlake starts playing in the background

Boa noite safadinhes, como estamos?

Hoje trago pra vocês a parte ½ de um texto que eu adorei escrever. Recebi a sugestão de escrever sobre punições mágicas e espiralei sozinho na ideia. Gastei muito mais tempo pensando em lore do que era necessário, me apaixonei pelas personagens e muito provavelmente vou trazer elas de volta, e espero que vocês gostem delas tanto quanto eu gostei.

Não vou me estender muito dessa vez, só dizer: se divirtam! Me contem se gostarem! E mês que vem a parte dois está aqui na newsletter. Mas se você quiser ler AGORA, ela já está disponível no catarse para apoiadores aqui.

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Garotas perigosas

Melina vestiu a camisola depois do banho, deixou o roupão no gancho atrás da porta e estava pronta para dormir no mesmo horário de todos os dias. Estava cansada dos treinamentos e também da limpeza que fizeram em mais um setor da biblioteca da Mestre. Eva já deveria estar pronta também, mas Melina não a vira no fim da limpeza nem no banho que costumavam tomar juntas.

Pegou seu diário no fundo da gaveta de roupas e se sentou no seu lado da cama. Quase não usava mais as roupas daquela gaveta (de dia, usava os robes da irmandade de sua Mestre; à noite, as camisolas semitransparentes), mas as mantinha guardadas por puro apego. Eva já tinha colocado quase todas as dela para doação no mercado do vilarejo, mantendo apenas dois pares para eventuais saídas, mas Melina ainda estava se adaptando à nova vida.

Na maior parte dos dias, não escrevia nada extenso no diário. No máximo, anotava o que fizeram no dia, um detalhe sobre alguma magia, ou observações que a Mestre havia feito. O diário não era proibido, mas também não era permitido, então Melina preferia assim. Sucinto, só registro de memórias.

Eva sabia dele, claro, porque as duas tinham virado carne e unha no momento que pisaram juntas na mansão da Mestre. Um sonho maluco em comum de serem boas magistas, uma Mestre excêntrica e popular e o isolamento aproximariam muitas pessoas, mas fizeram delas muito mais do que próximas. Melina e Eva confiaram uma na outra rápido, e logo Melina não conseguia mais imaginar um pedacinho de seus dias sem ela. Se não tivesse medo das consequências de admitir isso, diria que a amava.

Então, Melina anotou: treinamento motor fino com magia, limpeza da ala dois da biblioteca de Antonella. Depois suspirou e acrescentou: Eva estava mais quieta que o normal.

Não tinha um relógio para conferir, mas sabia que era tarde e que, se Eva não aparecesse logo, perderia o boa-noite da Mestre. Isso nunca havia acontecido e Melina não tinha certeza se queria descobrir como seria.

Dizer que Eva estava mais quieta que o normal era um eufemismo gigante, preferível para o diário, mas que Melina não conseguia minimizar em nada dentro de sua cabeça. Eva estivera distante e distraída o dia todo, não fizera as leituras da manhã direito e errara tantas vezes as magias que a Mestre a puniu com dez palmadas na bunda. Melina estremeceu só de se lembrar da cara de Eva ao apanhar. Não fora uma expressão só de dor, mas de prazer também, e não esboçar nenhuma reação custara muito de sua energia.

Melina ouviu barulhos ao longe no corredor e se levantou com certa pressa para guardar o diário de volta no fundo da gaveta. O coração acelerado logo se acalmou, entretanto, quando o barulho pareceu se afastar sem que sua porta se abrisse. Tudo certo. Eva ainda tinha algum tempo para chegar. Ficaria tudo bem. Ao lado da porta, seu reflexo no espelho entrou em foco quando a angústia baixou um pouco. A camisola curta e fina, de um perolado semitransparente, com rendas que cobriam seus seios. Não usavam sutiã ou calcinha ali, nunca. Mantinha seu cabelo raspado antes de chegar ali, mas ele já estava crescendo em um corte desconexo. Ao menos ainda estava acima das orelhas.

Melina não conseguia deixar de pensar — ao menos sempre que sobrava espaço em sua mente — que tudo nas configurações daquela casa, daqueles ensinamentos, que tudo que Antonella fazia com elas, em resumo, era sensual demais para o nível de restrição que tinham. Não podiam se masturbar, não podiam se beijar, e sexo era estritamente proibido. Ainda assim, apanhavam quando faziam algo de errado e dormiam juntas basicamente seminuas. Melina sabia que isso não precisava ser sexual, mas não conseguia evitar que fosse. Tudo bem, sonhava em estudar com uma mestre do nível de Antonella desde a adolescência, e Antonella era a mestre das mestres, a mais forte da região, então discutir sobre sexo não deveria ser sua prioridade quando tinha tanto a aprender. Ainda assim, parecia excessivo. Talvez em algum momento não pensasse mais tanto sobre isso. Talvez ficasse mais fácil. Certamente ficaria mais fácil não divagar sobre coisas aleatórias se Eva…

Não precisou estender sua preocupação, entretanto, porque no minuto seguinte Eva entrou pela porta. Estava um pouco suada, seu cabelo longo ainda molhado do banho, as bochechas vermelhas, como se tivesse feito um grande esforço nos últimos minutos. Já estava com a camisola, então já tinha tomado banho, mas usava um casaco pesado por cima dela… no meio do verão?

— Eu achei uma coisa.

Eva fechou a porta atrás de si, apressada, os olhos brilhantes buscando os de Melina. Aquilo tudo só podia ser sinal de problema, mas, naquele momento, a curiosidade de Melina foi mais forte. Eva tirou das costas, debaixo da blusa de frio, algo que parecia um livro ou um caderno. A capa era de couro antigo e surrado e a lateral das páginas estava amarelada pelo tempo.

— É dela — murmurou Eva, segurando o livro diante de Melina.

Melina demorou o olhar no livro, por um segundo pensando que sim, obviamente era dela, tudo naquele lugar era dela, mas o tom de Eva era mais específico. Era pessoal. Não era algo da Mestre, era algo de Antonella. Aquilo era tão errado que chegava a dar calafrios, mas, depois de meses e meses de obediência, fazer uma loucura pareceu tão adequado.

— Espera as luzes se apagarem — murmurou Melina de volta.

Elas não podiam ser pegas, não era uma opção. Esperar era mais sensato porque aí teriam a certeza de que a Mestre já passara e se retirara para seus aposentos. Teriam a noite inteira para ler — bastaria usar um pouco de magia na ponta dos dedos —, e seria certamente mais seguro do que qualquer outra coisa que fizessem às pressas antes de a Mestre chegar.

Eva escondeu o casaco e o livro na cômoda ao lado da cama e as duas se ajeitaram lado a lado, como se fossem dormir. A rotina de sempre: deitaram-se de lado, uma olhando para a outra, e Melina desceu a ponta dos dedos pelo rosto de Eva. Aqueles momentos já eram naturais entre as duas. Os silêncios, os murmúrios, os pequenos testes de magia que faziam uma na outra. Agora também tinha outra coisa, aquela ansiedade compartilhada, aquela eletricidade pulsando que parecia conectá-las, aproximá-las, que parecia querer pular de Melina para Eva.

A porta se abriu algum tempo depois e Antonella entrou sem cerimônias. Usava um longo robe de seda cor de vinho, que só acentuava seu ar de quem mandava naquele lugar, de quem mandava nelas.

— Minhas pupilas, boa noite.

Ela tinha um sorriso satisfeito no rosto ao se sentar ao lado de Eva e se inclinar, deixando um beijo em sua testa. Uma pequena mancha do batom vinho ficou no lugar, uma marca de posse, talvez, ou um lembrete de quem mandava nas duas agora. Ela foi na direção de Melina e se sentou ao seu lado. Melina se preparou para o beijo na testa, mas Antonella parou por um momento, observando-a. O olhar dela era intenso, como se soubesse de algo, como se tudo que Eva e Melina pudessem tentar esconder não pudesse, de forma alguma, ser escondido. Melina prendeu a respiração, ansiosa de verdade, mas Antonella somente beijou sua testa também, sem dizer uma única palavra.

— Durmam bem, meninas. Amanhã, quero as duas de pé ao amanhecer.

— Sim, Mestre. — As duas responderam juntas.

Antonella ainda olhou para Melina uma última vez, fazendo-a estremecer, mas saiu do quarto sem dizer mais nada. Se sabia de algo, não falou, e talvez isso bastasse. Talvez bastasse não serem pegas fazendo algo de errado. Ou talvez o olhar de Antonella fosse sempre aquele e Melina só estivesse um pouco paranoica, só isso. Era só o medo, nada mais.

Eva segurou a mão de Melina por baixo do lençol quando a Mestre saiu pela porta e as luzes se apagaram, como uma boa confidente. Estavam naquilo juntas, era a sensação que Melina tinha. E aquilo era a situação das duas como um todo: o treinamento de magista, o trabalho de pupilas de uma quarentona gostosa, o futuro incerto de punições pela frente, o desejo profundo de descobrir o que as aguardava do outro lado, com a magia controlada, com o poder inteiro à sua disposição.

— O que é? — perguntou Melina, a voz incerta, a curiosidade finalmente vencendo.

Eva tirou o livro-caderno da cômoda e o colocou entre as duas na cama, fazendo um mistério injusto.

— Abre.

Melina olhou para o livro-caderno, depois para Eva de novo. Eva deu um sorriso atrevido, como o de uma adolescente bebendo sem permissão ou pulando o muro de casa para sair de madrugada. Estavam fazendo algo errado, algo muito errado, evidentemente, e Eva parecia se divertir. Nunca a tinha visto sorrir assim. Desde o começo do treinamento, ela demonstrara alegria às vezes, claro, raiva, frustração, tesão, até, mas nunca aquela diversão.

Pegou o livro com a ponta dos dedos, que já brilhavam um pouquinho. Um brilho fraco, só o suficiente para conseguir ver os contornos do couro e ler. Antonella, diziam as letras douradas apagadas na primeira página. Olhou para Eva, ainda incrédula, e encontrou nos olhos dela o mesmo atrevimento que sentia dentro de si.

Virou a primeira página com o coração acelerado, mas as primeiras anotações eram, na verdade, bem sem graça. Não muito diferentes das suas primeiras anotações, ao menos, só escritas de outra forma. Bem mais íntima. Antonella falava sobre sentir falta da mãe e da irmã — ela tinha uma família, então —, sobre seus estudos e pesquisas, e sobre a casa de sua Mestra, Anne. Melina já tinha ouvido sobre Anne por aí, nos sussurros de aspirantes a magistas como elas, mas nunca tinha a visto ou conhecido alguém que a conhecia. Foi virando as páginas sem ler inteiramente, porque não podia ser só aquilo; Eva não tivera todo aquele trabalho para roubar anotações exatamente iguais às de Melina.

Então viu. Estava lendo apressada as anotações do mês de abril do primeiro ano de Antonella como magista, já sem paciência, quando viu a frase que a fez segurar o caderno com ainda mais força.

Hoje gozei pela primeira vez em três meses.

Melina levantou o olhar para Eva, sentindo o corpo reagir só de ler aquela frase.

— Você já leu?

— Não tudo, mas isso, sim.

Obviamente. Por isso roubara o diário, por isso estavam ali no escuro, murmurando. Três meses… Elas estavam ali há seis, mas as regras continuavam as mesmas. Nenhum orgasmo, nada de se tocar, nada. Como? Continuou lendo.

Ninguém sabe disso, é claro, mas tive que contar cinquenta tapas na minha bunda hoje por ter discutido com Anne, e saí do quarto dela tão melada e tão excitada que, se eu não gozasse, ia explodir. Eu sentia a magia dentro de mim pulsando, eu sentia tudo se movendo, e assim que entrei no meu quarto só me deitei na cama, abri as pernas e fui até gozar. Porra, foi libertador.  Fiz três vezes seguidas, na verdade, porque, depois que gozei uma vez e nada de ruim aconteceu, eu quis mais. Anne fez todos aqueles discursos sobre magia descontrolada, mas ela não sabia, não sabe, que eu sou a mais forte de todas nós. Eu vou fazer a porra que eu quiser.

— Eva, isso… — começou Melina, a voz trêmula, o coração acelerado.

— Continua lendo.

Melina virou uma página e leu o texto só por cima. Os olhos passeavam pelas palavras mais rápido do que sua mente era capaz de processar, mas, naquele começo, era tudo muito parecido: gozei hoje antes da aula e consegui levantar a mesa com Anne em cima dela; me esfreguei no travesseiro e no dia seguinte parti um grão de arroz perfeitamente ao meio só com o olhar. Uma série de descrições de orgasmos e mais orgasmos e feitos e mais feitos de magia, e como Antonella tinha certeza de que satisfazer o próprio desejo estava tornando-a uma magista ainda melhor do que já era. Melina sentia o corpo reagindo a cada palavra, desejo pulsando entre as suas pernas, a magia pulsando dentro de si também.

Fui pega. Nem foi pela Anne, o que é estúpido por si só, mas aquela bocuda da Safira achou que ia ganhar pontos com a Mestre por me dedurar e apanhou do mesmo jeito, a idiota. Anne disse que sabia o que eu estava fazendo e só permitiu porque achou que eu causaria minha própria ruína. Ela estava errada. A sensação de ver Anne Maglieto admitindo que estava errada foi… Achei que ia gozar ali mesmo, só pelo poder correndo em minhas veias. Anne disse que terei treinamentos especiais com ela e eu achei que fosse ser alguma das magias obscuras que sei que ela guarda nos livros da biblioteca, mas ela apenas me botou de joelhos pra chupar a buceta dela. Nunca fui de negar uma mulher bonita, então aproveitei pra me divertir. Sei que ela estava fazendo alguma coisa com a minha magia, ou tentando, ao menos, como se estivesse de pernas abertas só pra me distrair. Parece que ela nunca vai entender que eu sou mais forte que ela. Fiz ela gozar duas vezes e saí sem um único arranhão.

— Eva, que caralhos…

— Continua. Lendo.

O que mais havia para se descobrir? Já sabia que sexo causava um aumento na magia. Sabia que Antonella era poderosíssima. Sabia que sexo podia afetar o autocontrole de uma magista, mas só se… só se ela fosse fraca, certo? Já estavam treinando há seis meses, bem mais do que Antonella. Melina demorou o olhar um segundo em Eva, reparando nela de verdade. As bochechas ainda estavam coradas, o cabelo caía parcialmente sobre o rosto, o peito subia e descia acelerado, como se a mera lembrança do que estava nas páginas mexesse com ela também, e Melina prendeu a respiração ao notar os mamilos dela duros contra a camisola.

Desviou o olhar e voltou a virar as páginas, sem saber o que estava procurando, passando os olhos com pressa, e parou quando encontrou um marcador que sabia que era de Eva.

Anne cometeu um erro. Eu fiz Anne cometer um erro. Quase tudo que a gente faz envolve sexo de alguma forma agora. Eu chupo a buceta dela, ela enfia os dedos na minha, sempre alguma coisa sexual acontecendo enquanto preciso executar algo difícil (na semana passada, curei os ferimentos de um gatinho), e Anne continua tentando revirar minha magia. Dessa vez, ela apareceu com um pau de cristal em uma cinta, me segurou com umas vinte mãos mágicas e só me fodeu e fodeu e fodeu e fodeu. Não tinha desafio nenhum, nada, apenas a magia dela opressivamente me segurando no lugar enquanto ela me fodia. E porra, nem era ruim, porque ela é gostosa pra caralho, mas já não parece ter propósito algum nisso e eu queria que ela admitisse. Se ela quer me foder só por me foder, que ao menos tenha a decência de admitir e sair do papel de Mestre por um segundo. Eu gozei, claro que gozei, mas estava irritada e perguntei quando é que ela ia admitir que eu já era melhor do que ela, e que agora ela só estava inventando maneiras diferentes de continuar trepando comigo. Anne estourou todos os vidros da sala de uma vez, e essa foi sua única resposta. O sexo é uma delícia, mas a verdade é que não vejo a hora de sair daqui e fazer as coisas do meu jeito.

Melina não entendia. Se o sexo tinha sido tão bom para o aprendizado de Antonella, por que diabos ela agora restringia as suas pupilas? Por que, no fim, usava o mesmo método de palmadas de sua mestre? Exceto que… Bom, tinha a Agatha. Nenhuma das duas sabia como era o treinamento da única pupila mais velha, que já estava há um ano e meio na casa da Mestre.

Melina levantou o olhar de novo, um pouco temerosa do que ia encontrar ao encarar Eva. Não sabia se tinha medo de revelar o desejo que sentia ou de descobrir que Eva desejava algo também, mas bastou olhar para Eva que Melina soube que as duas estavam perdidas. Eva estava com as mãos apoiadas na frente do corpo, sentada de lado na cama, o olhar fixo em Melina. Respirava pela boca, os lábios entreabertos, um olhar feroz e felino que Melina só tinha visto uma única vez antes.

Melina sentia as mãos trêmulas, mas não conseguia desviar o olhar. Não conseguia deixar de reparar nos seios pequenos de Eva perfeitamente encaixados na renda, nos mamilos rijos que faziam sua boca salivar, na barriga visível através da camisola, e teve a súbita lembrança de que as duas nunca usavam calcinha para dormir. Melina não conseguia interromper a linha de pensamento que começara nos lábios de Eva e estava agora se perguntando se ela estava molhada também. Se perguntando qual seria a sensação de sugar o clitóris dela.

— Você já transou, Eva? — Melina começou a falar sem perceber, como se seu corpo estivesse agindo por si só, movido pelo desejo e, talvez, pela magia. — Antes de vir pra cá?

— Uma vez. — A voz de Eva era não mais que um sussurro. — Com um garoto do colégio.

Melina arfou. Será que estava imaginando coisas? Será que Eva não tinha interesse nela? Precisava saber. Precisava saber ou ia enlouquecer, explodir, surtar.

— Eu tive uma namorada — contou Melina, mais uma vez sem conseguir segurar as palavras dentro de si. — Você gosta de garotas também?

Melina tentou desviar o olhar, porque, no fundo, estava um pouco envergonhada, mas parecia fisicamente impossível. Não costumava ser tão direta, tão… desesperada. Então era isso que ficar sem transar por meses e meses fazia com alguém? Só que não era só o desejo pulsando dentro dela, era a magia também, como se a puxasse na direção de Eva, e vice-versa. Melina sentia sua magia puxando e sendo puxada, e o desejo se espalhando pelo seu corpo inteiro como um veneno, ou, talvez, uma cura. O resto do mundo era silêncio absoluto, só Eva importava naquele momento.

— Só vou poder te responder isso quando eu ficar com uma.

Melina quase não esperou que Eva terminasse de falar antes de se sentar no colo dela com uma urgência desconhecida. Estava com o rosto dela nas mãos em menos de dois segundos, puxando a boca dela contra a sua. Nenhuma das duas era particularmente boa naquilo, o que ficou claro muito rápido. O beijo foi desajeitado, elas bateram os dentes uma, duas vezes, mas os lábios de Eva eram viciantes, deliciosos. A língua dela invadia a boca de Melina como se tomasse posse de seu corpo, que, menor sob o seu, irradiava um calor inexplicável, fazendo as duas arfarem, gemerem baixinho, enquanto se beijavam como se o mundo fosse acabar. Melina se sentia quente, tão quente, pegando fogo, e não sabia dizer o que vinha de Eva e o que nascia dentro dela mesma, o que era a sua própria magia estalando ou a de Eva em resposta, não sabia dizer onde começava e terminava o seu desejo e onde tudo se mesclava com o de Eva.

Sentiu crescendo dentro de si aquela coisa, que podia ser magia ou maldição àquela altura. Não tinha sido assim das outras vezes, nem de longe tão intenso, não só com um mero beijo. Mas não era só um beijo, claro que não, não com Eva sendo tão perfeita, não com a coxa dela encaixando entre as pernas de Melina e esfregando sua buceta molhada, não com os gemidos trêmulos que saíam de sua boca.

Melina se esforçou para conter a própria magia, mas não queria parar, não queria parar por nada. Precisava daquilo, não fazia ideia do quanto precisava daquilo, do quanto precisava de Eva. Afastou a boca da dela por um segundo, mas só para voltar de novo, descendo pelo pescoço dela, sugando o ponto perfeito embaixo de sua orelha, escutando o ar saindo descontrolado da boca dela.

— Melina… — Eva gemeu o nome dela baixinho, as mãos quentes e urgentes a cada toque.

Melina se afastou por um momento, tentando decidir o que fazer, como fazer, tentando ter um pensamento coerente que fosse, mas Eva não ajudava. Melina acreditava que ela nunca tivesse transado com mulher, mas duvidava que fosse a santinha que fingia ser. Eva reparou que Melina estava olhando para ela e inclinou o corpo para trás, apoiando os braços na cama, fazendo os seios e mamilos marcarem ainda mais na camisola. Deixou um sorrisinho diabólico aparecer no canto dos lábios, e Melina caiu como uma tonta.

— Vem — murmurou Eva.

Ela não precisou de outro convite como aquele — porque aquilo, a posição, o sorrisinho, o jeito como ela se movia devagar, a forma como disse vem tinha que ser um convite para tudo, não poderia ser outra coisa. Melina abocanhou o mamilo direito de Eva por cima da roupa mesmo, desesperada, sua energia, seu foco, sua vida dependendo daquele contato, do orgasmo de uma das duas, de qualquer coisa que aumentasse aquele fogo para talvez apagá-lo depois. Sentia-se quase um bicho, um animal incontrolável, sem ter notado o quanto desejava e sentia falta daquilo até se dar autorização para desejar outra mulher de novo. Não percebeu o quanto estava reprimindo seus desejos e seus poderes e seu tesão até tudo estar posto daquela forma, até ler aquele diário, até Eva se mostrar daquele jeito, pedindo um orgasmo que Melina queria tanto, tanto dar.

Melina não pensou, não mais. Só deixou o desejo a guiar, a magia junto dele, fazendo sua mão subir e apertar um dos mamilos enquanto ela sugava o outro, se deliciando como nunca antes. Eva gemia baixinho, tudo parecendo existir em uma dimensão só das duas. Apesar de tudo, estavam sendo silenciosas quase instintivamente, mas a coisa dentro de Melina não parecia se importar muito e só queria queimar, escapar, explodir.

Desceu os beijos pelo corpo de Eva até o quadril, quando parou e subiu a camisola dela. Eva abriu as pernas sem precisar de pedido algum e Melina precisou de um segundo para apreciar a visão, desnorteada ao vê-la assim. Eva mantinha os pelos aparados bem curtos e estava melada, tão melada, a buceta brilhando e o clitóris saltado. Melina não hesitou.

Inclinou o corpo entre as pernas de Eva e, desde a primeira lambida, teve a sensação de voltar para casa, de que os planetas tinham se alinhado, de que não havia mais nenhuma dúvida ou pergunta em sua vida, de que nenhum treinamento era mais necessário, de que Eva e sexo e muito sexo eram as respostas para tudo. Não havia nada naquele momento que Melina não conseguiria fazer. Poderia curar o mundo inteiro, finalizar guerras, eliminar bandidos e construir reinados, tudo alimentada pelo gosto de Eva em sua língua, pelo clitóris dela melando seus lábios, pelo som dos gemidos dela em seus ouvidos. Melina poderia tudo, tudo mesmo.

Ainda assim, seguiu colocando um freio em tudo aquilo. Lambia e sugava e chupava Eva, sabendo que poderia se entregar de vez para o vórtex que a magia criava dentro de si, que poderia se deixar levar pelo poder, pelo desejo, mas não, ainda não. Ainda que a magia estivesse crepitando, ainda que fosse quase impossível, ela resistia, concentrada no prazer, no desejo, no momento, em Eva, nada mais, nada mais no mundo inteiro.

Será que era assim para Eva também? Ela estava gemendo baixo, sim, mas não demonstrava estar lutando nenhuma guerra nem controlando nenhum demônio. Melina olhava ocasionalmente para cima, mas o máximo que viu foi um brilho diferente na pele de Eva e seus cabelos flutuando ao seu redor, já secos. Para ela, a sensação não parecia tão difícil, não parecia tão impossível, mas, apesar disso, parecia gostosa.

Melina colocou um dedo dentro de Eva, sem parar de chupá-la, sem dar trégua. Queria, no fundo, ir devagar, saborear o momento, curtir cada segundo com Eva, em especial porque temia não ter outra chance, mas não conseguia. Suas forças estavam todas em segurar a magia descontrolada dentro de si e em fazer Eva gozar, em dar prazer para a mulher que, ao menos naquele instante, era dela, só dela, e de mais ninguém no mundo inteiro.

Eva gozou tampando a boca, abafando ruídos de uma forma visivelmente mágica, e o gosto dela e o corpo tremendo e a magia atravessando a pele de Melina e entrando em seu corpo e pulsando junto de sua magia foram demais, demais. Melina estava arfando também, trêmula também, completamente desesperada. Bom, ver Eva gozando era bom em tantos sentidos — era delicioso de assistir, era tão bom saber que era o motivo daquilo, e talvez, só talvez, conseguisse descansar um pouquinho, parar de se conter por um segundo, respirar fundo sem se preocupar.

Mas Eva não lhe deu muita paz. Virou Melina na cama, deitando-a contra o colchão.

— Minha vez — murmurou Eva no ouvido dela.

Melina sentiu o corpo inteiro tremer por dentro, subitamente consciente de cada célula do seu corpo se agitando, de cada pedacinho da magia que existia dentro dela se rebelando. Ia explodir, não ia aguentar, precisava, precisava parar.

— Hoje… hoje, não. Amanhã. — Buscou o rosto de Eva com as mãos, tentando se convencer de que estava trazendo bom senso para Eva e não para si mesma. — A magia. Minha magia. Tem… tem algo de errado.

Eva parou por um segundo e Melina percebeu quando a magia dela começou a se separar da sua, deixando de forçar o caminho para dentro dela e se tornando de novo algo que existia ao seu lado. Sentiu o momento exato em que voltou a ter dentro de si somente a magia que sempre foi sua, nada mais, e também o toque gentil da magia de Eva medindo a sua, confortando a sua de longe.

— Desculpa — murmurou Eva, e saiu de cima dela. Afastou o diário também, deixando-o sobre a cômoda, e deitou ao lado de Melina na cama. — Estraguei tudo, né?

Melina se aproximou até as duas estarem apertadas no mesmo travesseiro, os rostos quase colados, os lábios separados por milímetros.

— Você foi perfeita, Eva. — Melina a beijou devagar dessa vez, tomando muito cuidado para não colocar fogo nas duas de novo. — Precisamos dormir. Teremos muito tempo juntas, você sabe. Não temos pressa.

Eva acenou concordando e abaixou a cabeça, logo sendo abraçada e confortada por Melina. Por cima da cabeça dela, Melina encarou a cômoda ao lado da cama, pensando no diário e nas palavras contidas nele. Um mundo inteiro de possibilidades parecia se abrir diante das duas, mas com um preço a se pagar, aparentemente. Por um minuto, antes de apagar de cansaço, Melina não soube dizer se temia mais o próprio poder ou o de Eva.

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É isso! Um xêro e um queijo,

Kodinha

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