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#27 - Trio de tontos - Só uma rapidinha
Uma fanfic do (quase) trisal mais amado
Olá!
Eu passei a última semana inteira em surto completo trabalhando na rapidinha de hoje e estou BEM animado de finalmente poder compartilhar ela com vocês! Ela é tão especial que teremos um misto de indicação da quinzena com a rapidinha em si.
Algumas edições atrás comentei sobre uma novela da Isabelle Morais, a Estudo sobre amor e outros venenos letais, que está sendo publicada de forma seriada pela noveletter. Eu estou amando a história, mas não é de hoje que sou apaixonado pelos protagonistas dessa novela. Morena, Ivan e Aleksey são também os protagonistas de Tratado sobre tempestades e outros fenômenos extraordinários, que li em versão seriada ano passado e reli na versão de e-book recentemente. As duas novelas são romantasias cheia de tensão sexual, muita confusão e enquanto no primeiro o maior inimigo é um tio filho da puta, no segundo o maior inimigo (até agora) é a incapacidade das pessoas de terem uma boa conversa (de um jeito sexual).
Como sou um rato de fandom obcecado, Aleksey, Morena e Ivan estão morando na minha cabeça sem pagar aluguel. Eu estava inquieto com algumas ideias e só sosseguei quando fui parar no chat da própria Belle e disse: e aí, eu posso escrever uma fanfic dos três e enviar como uma rapidinha? Com a autorização somada a uma falta de senso que me é característica, dediquei os próximos dias (e noites) aos três e deixei Aleksey murmurar uma história na minha orelha de forma incansável.
O resultado foi essa fanfic que você lerá hoje, de duas mil palavras (sim, a maior rapidinha já enviada!) de pura obsessão pelo quase trisal que eu amo! Meu objetivo era que o texto fosse divertido para todo mundo, até quem não conhece ainda a história original. Inclusive, caso ainda não conheça, considere MUDAR essa situação porque, juro, vale muito a pena!
Enfim, bora pro texto?
Trio de tontos
Aleksey não era burro, ele sabia desde o começo que estar perto de Morena e Ivan era perigoso em muitos sentidos. Mesmo assim, sempre gostou de encarar toda a situação como uma dança em volta de uma fogueira, a céu aberto e sob o luar. Na vida real só ele e Morena dançavam de fato, mas na sua cabeça, nessa coreografia improvisada que ele acreditava controlar, os três dançavam juntos, com os corpos colados, flutuando entre estar mais perto ou mais longe do fogo.
Não, Aleksey não era nada burro. Ele jamais teria se enfiado nessa dança se não tivesse certeza de que guiava o passo mais do que era guiado por ele. Em situações normais, na Azote, a dinâmica entre os três era perfeitamente equilibrada, como todas as coisas deviam ser. Era leve quando precisava ser leve, intenso quando precisava ser intenso, constantemente ao redor do fogo, como se estivessem sendo atraídos por um ímã, mas nunca se queimando de fato, sempre recuando a tempo.
Infelizmente, ou felizmente, aquele não era um verão na Azote. O ambiente controlado e seguro que Aleksey julgava confiável não existia ali, na cidade natal de Morena, onde passava o tempo livre enquanto se recuperava da porra do tiro que o filho da puta do Yakov deu em sua perna era. Estar ali era, ao mesmo tempo, um alívio e um castigo; ali, onde os dias eram quentes e longos e as noites eram abafadas e alegres. Esse lugar o fazia se sentir em casa e talvez tenha sido esse o primeiro passo errado que Aleksey deu em toda essa dança. Claro, considerando que errado e certo são definições que quase sempre dependem de ponto de vista.
Aquela noite não começou particularmente diferente de nenhuma outra das noites daquele mês. Depois de um longo dia, os três estavam amontados no quarto de Morena e Ivan, praguejando o calor intenso e bebericando vinho para deixar a cabeça e o corpo mais leve. Começaram em copos, como sempre começavam, mas agora Morena e Aleksey passavam a garrafa um para o outro enquanto Ivan recusava educadamente. Nenhum deles estava bêbado de fato, mas a quentura no peito era boa para esquecer de problemas e aliviar tensões que se inundavam no peito de Aleksey.
Ivan estava em uma cadeira, de frente para os outros dois, que estavam sentados na cama. Mesmo que Aleksey sentisse que seu coração estava mais leve naquele momento, não conseguia ignorar o quanto o leve ruído que existia entre eles ficava mais alto nesses momentos. Estava ali, sempre ali, criando a música que os mantinha dançando ao redor da fogueira, atraindo e atraindo para perto do fogo e por alguns segundos ele teve medo de se perder na melodia. Todos esses pensamentos se misturavam dentro dele, mas por fora ele estava perfeitamente bem, mantendo uma conversa suave com Morena sobre alguns arquivos em que mexeram durante à tarde.
— Vou pegar frutas para vocês — Ivan se levantou, interrompendo a conversa. Morena abriu a boca para dizer alguma coisa, mas ele continuou: — E vocês vão comer, sem discussões.
Ivan saiu do quarto e Morena suspirou, segurando uma risada.
— Sempre terminamos assim.
Aleksey queria dizer que a sensação de ser cuidado por Ivan mexia com lugares dentro dele que eram errados e doloridos, mas não disse. Ao invés disso, comentou:
— Ele está minimizando as chances vômito sincronizado, sim.
Morena riu e Aleksey queria não ter sentido nada. Queria, inclusive, que seu coração parasse de bater, se fosse possível, que essa coreografia exaustiva desse uma pausa, que houvesse como ter paz sem precisar constantemente segurar suas emoções na palma da mão. Morena riu e Aleksey riu junto e logo as risadas viraram gargalhadas que foram rapidamente contidas, porque eles não queriam acordar ninguém. Errado. Desejar sua melhor amiga com essa intensidade não poderia ser nada certo, especialmente quando você desejava o marido dela com a mesma voracidade.
— Lyoshaaa — Morena estendeu o apelido de Aleksey e se jogou contra a cama. — Me ajude com esse vestido, sinto que vou derreter.
Talvez se ele tivesse hesitado. Talvez se não tivesse sentido um arrepio percorrer todo o seu corpo imediatamente, talvez se não estivesse tão alegre, mesmo que ainda com tanto medo, talvez. O que ele de fato fez foi concordar, sem pensar duas vezes, e se colocou de pé, de frente para Morena, como se já tivesse feito isso várias vezes. Desabotoou os botões com calma, mordendo os lábios, se perguntando se quem costurava esses vestidos tinha noção do quão perto dos seios era necessário chegar para tirar a roupa de alguém. Perto demais, se ele tivesse que opinar, e Aleksey não conseguia decidir se estava pagando seus pecados ou sendo abençoado antes mesmo de morrer.
Quase no fim, arriscou encarar o olhar de Morena. Ela o encarou de volta com intensidade, a dança se agitando ao redor da fogueira, a pele de ambos em brasa, o ar abafado e sufocante. Morena deu um passo para frente, com as mãos de Aleksey ainda segurando o vestido, e as respirações dos dois eram audíveis e descompassadas.
O segundo erro de Aleksey foi acreditar que conseguia ditar como os três reagiam ao calor da proximidade da fogueira, que a dança continuaria sob controle, não importava o quão perto estivessem de se queimar.
Aleksey foi tirado de um transe muito perigoso quando Ivan voltou para o quarto e parou por um segundo na porta, analisando a situação com um olhar indecifrável. Morena deu um passo para trás e terminou sozinha de desabotoar o vestido enquanto Aleksey tentava encontrar algo para fazer com as mãos. Quando não encontrou, resolveu voltar para a cama, esperando que não precisasse ser confrontado com nada disso de novo, não agora.
— Está quente, meu amor — Morena disse, despreocupada.
Escorregou o vestido pelos braços e ele caiu no chão ao seu redor, relevando sua roupa de baixo simples — a camisa justa segurando seus seios no lugar e a calça leve, ambos de um tecido de algodão que parecia macio e confortável. Aleksey segurou a respiração por tanto tempo que achou que iria morrer ali mesmo, com o coração explodindo no peito e a consciência um pouco pesada.
— Por isso eu trouxe água e mangas, meu bem — Ivan respondeu e trouxe a cadeira para mais perto da cama. Morena se sentou sobre uma das pernas dele e apoiou a cabeça em seu ombro. — Mas você sempre fica melhor assim, então isso não é uma reclamação.
Aleksey sabia que não devia olhar demais para os dois, em especial nesses momentos tão íntimos, porque não conseguia segurar a cavalaria que tocava em sua cabeça, mas olhou mesmo assim. Eles eram sua perdição e ruína, a salvação e o tormento, de novo e de novo. A curva do pescoço de Morena, a ponta dos seios para fora do vestido, a forma como o braço de Ivan passava ao redor do corpo dela como se os dois tivessem sido esculpidos um para o outro, a abertura grande demais na camisa de Ivan, seu peitoral exposto, as bocas dos dois muito perto, bonitas de se observar.
Ele, de novo, estava perdendo o foco.
Ivan começou a falar alguma coisa enquanto descascava a manga, parecendo terrivelmente despreocupado com o fato de sua esposa ter tão pouca roupa sobre o seu colo. Aparentava estar perfeitamente controlado, mesmo que ela fosse estonteante e maravilhosa, como se Aleksey não estivesse logo ali, sofrendo para segurar sua sanidade no lugar.
Errado. Essa palavra não fugia do fundo da cabeça de Aleksey, que tentava chutá-la para longe com uma confiança enfraquecida, reafirmando para si mesmo que tinha total controle da situação. Eram só amigos se divertindo em uma madrugada quente. Só amigos.
Ivan esticou a faca com um pedaço da manga na ponta e Morena mordeu com cuidado, arrancando a fruta sem se aproximar da lâmina. Em seguida, esticou a faca na direção de Aleksey, que se curvou e comeu o seu pedaço. Estava doce e úmida, exatamente como ele gostava, e a casualidade da cena toda era esquisita.
— Bom garoto — Ivan disse, sorrindo.
Morena riu também e o beijou no pescoço. Aleksey travou como se o beijo tivesse sido nele. Aquele momento durou o que pareceram horas, com Morena dando beijinhos em Ivan e Aleksey sendo alimentado um pedacinho por vez. As conversas foram substituídas por longos silêncios e eram quebradas apenas pelo som de suspiros e da faca contra a manga.
Se sentindo menos bêbado, portanto menos corajoso, Aleksey quase se afastou na cama quando Morena voltou para o seu lado, mas ela passou um braço ao redor dele e o manteve por perto.
— Você está muito suado, Lyosha — Morena comentou com o rosto quase colado no dele, o corpo perto demais.
— Suado e melado.
Ivan se aproximou e limpou o canto da boca de Aleksey, fazendo o resto de sanidade que ele tinha se derreter por completo, a sensação queimando contra a pele.
— Por que não tira a roupa também? — Ele continuou. — Posso te ajudar, como você bem ajudou nossa Morena.
Nossa.
Tirar a roupa.
Ajudar.
As palavras chegaram pela metade aos ouvidos de Aleksey, que naquele segundo não saberia apontar a data do dia em um calendário ou responder seu nome completo nem se toda sua existência dependesse disso.
Em algum momento houve uma dança e uma fogueira.
Nesse momento havia o fogo, puro e simples, uma combustão ensandecida que não se importava com o que Aleksey queria ou deixava de querer e só fazia queimar e se divertir com o estrago depois.
Lembrando desse dia no futuro, Aleksey ia jurar que estava bêbado, mas ele sabia, no fundo, que nunca esteve mais sóbrio do que quando murmurou Sim, meu bem, tire a minha roupa. Ele sabia porque esse sim foi desejado com todo o seu corpo e alma e colocá-lo para fora foi como se permitir um alívio de meses, até anos.
De novo ele sentiu resgatar para si algum controle do que acontecia entre eles. Talvez Aleksey fosse um pouco burro.
Ivan sorriu de um jeito muito específico, algo que Aleksey só tinha visto direcionado a si nos seus sonhos mais secretos. Colocou fruta e faca de lado e avançou na direção dele sem hesitar. Passou os dedos pelos botões da camisa de Aleksey, um por um, sem pressa, e deu um golpe final junto de Morena, que tinha a língua traçando um caminho perigoso no pescoço de Aleksey.
— É mesmo um bom garoto — Ivan sussurrou, dessa vez no ouvido dele, tão perto que o ar quente que saia de sua boca arrepiou cada centímetro de pele disponível.
Aleksey falhava em se lembrar, toda maldita vez, que Ivan e Morena escapavam do que suas mãos e mente conseguiam prever e controlar. Como, ele se perguntaria depois, como chegaram naquela situação, como ele tinha mais uma vez parado entre os dois, com a boca dela sugando seu pescoço e a língua dele no lóbulo de sua orelha. Como poderia ter sido tão inocente. A sensação não seria de arrependimento, mas de falta de controle e caos. Algo que com o tempo ele aprenderia a amar, mas ainda era cedo. Muito cedo.
Ivan terminou de desabotoar a camisa e puxou Aleksey de pé, descendo a língua pelo seu peitoral e depois voltando até a mandíbula de novo. De alguma forma, Morena apareceu de joelhos, as mãos começando a descer a calça de Aleksey. Ele se sentiu tonto e fraco, prestes a desmaiar e mal tinha sido tocado.
— Ivan, meu amor, você não está usando roupas demais?
Morena murmurou, mas não tirou os olhos de Aleksey nem por um segundo. Beijou o quadril dele devagar, sem pressa nenhuma de terminar o serviço. Não demonstrou nenhuma reação ao encarar o volume que o pau de Aleksey fazia na bermuda que usava por baixo da calça, mas ele sentia a proximidade dela causando estrago. Tinha tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo que Aleksey achou que fosse morrer.
Ivan, ao lado deles, tirou as roupas peça a peça como se sua presença por si só fosse um espetáculo inteiro, o ator principal de um teatro obsceno e intenso. Aleksey não sabia se devia ou não encarar por muito tempo, mas não conseguiu segurar suas reações ao vê-lo descendo a calça, exibindo a bermuda justa contra suas coxas e um volume saltado na frente. Sua boca salivou e ele se esforçou para se manter em pé.
Aleksey voltou a olhar para Morena e teve certeza de que a palavra delírio foi inventada somente para descrever essa cena, porque ele nunca mais em sua mente ia conseguir desassociar uma coisa da outra.
Ivan segurou Aleksey pela mão e o levou de volta para cama, sentando-se sobre o quadril dele bem no centro do colchão. Aleksey viu estrelas, o peso de Ivan sobre si, apertando o seu pau, o quadril dos dois se mexendo devagarzinho, os olhares conectados. Morena passou as pernas ao redor do tronco de Aleksey e se deitou sobre o peitoral dele, deixando os rostos dos dois a milímetros de distância. Ela estava perfeitamente alinhada com Ivan e provavelmente sentia o pau dele contra sua bunda. A cena fez Aleksey pensar em vontades que ele nem conhecia, mas agora tinha urgência em sanar.
Aleksey desceu os dedos pela bochecha de Morena, depois pelo pescoço e apertou a cintura, trazendo o rosto dela ainda para mais perto do seu. A última coisa que ele viu antes de fechar os olhos e devorar os lábios de Morena foi um Ivan que se afastava e se curvava, somando à sensação de sua bermuda descendo.
Os lábios de Morena tinham gosto de manga e vinho, eram carnudos e macios, e as mãos dela estavam emaranhadas no cabelo dele. Aleksey soltou um gemido rouco quando sentiu Ivan fechar os dedos ao redor do seu pau, o tocando com calma. A euforia estava explodindo seu peito, queimando na sua garganta e estourando seus neurônios. Não tinha mais nada de racional nele e somente a boca de Morena na sua importava; só Ivan, que começou a chupar com vontade; só os três, mais uma vez em uma dança, mas agora a música era uma cacofonia de gemidos e suspiros e o fogo estava em toda parte, dentro e fora deles.
Morena só parava os beijos para sussurrar maldades para Aleksey, que não sabia mais quanto tempo daquilo iria aguentar. Olha para ele, Lyosha. Olha o quanto ele te quer. Derretendo. Desfazendo. Geme pra gente. Isso. Mais beijos molhados, os sons empolgados de Ivan ecoando nas paredes. Goza, Aleksey. Eu sei que você não aguenta mais.
Ele, de fato, não aguentava mais. Não aguentava mais reprimir o quanto gostava deles, o quanto queria todos esses momentos íntimos, não aguentava mais segurar todas as milhares de pequenas e grandes coisas que sentia e quanto gozou foi como se estivesse se libertando dessas amarras. Eles estavam gostando daquilo tanto quanto ele, eles pareciam querer aquilo tanto quanto ele.
Não era errado. Nunca foi errado.
Aleksey suspirou, tentando se recompor. Morena se levantou e sentou ao lado dele bem a tempo de deixar uma cena desesperadora ser vista: Ivan limpando gozo do próprio rosto e levando até os lábios, saboreando e sorrindo como um tonto. Como? Como era possível?
— Acho que Ivan precisa da nossa atenção, Masha — Aleksey disse, completamente hipnotizado.
Morena soltou uma risada baixa e sentou ao lado de Ivan com o quadril sobre os calcanhares. Ela beijou o marido com familiaridade e só ver como eles se tocavam era estonteante, mas sempre poderia piorar, então Morena enfiou os dedos para dentro da bermuda de Ivan, que soltou um longo e alto gemido.
Tudo era insuportável e excruciante.
Tortura lenta e desesperada.
Essa madrugada ainda contaria histórias e assombraria sonhos por muito tempo, inquietando três corações que se recusavam a admitir o quanto estavam estupidamente apaixonados um pelo outro.
E se quiser me deixar um feedback, já sabe: me manda uma mensagem no curiouscat.
Um xêro!
Kodinha
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