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#50 - Só tem uma cama - Só uma rapidinha
ao3 tags: só tem uma cama, chefe e secretária
Boa noite safadinhes!!!
Essa é a primeira rapidinha do ano! Pra quem já e de casa, feliz 2025, que seja um ano ainda mais cheio de safadezas pra nós. Pra quem chegou agora: seja bem vinde! Aqui temos pornô gostoso e muito queer, texto pra se ler com uma mão só, pra chocar quem tá andando do seu lado no ônibus e cheretando seu celular, pra passar calor no trabalho, etc.
Hoje é um dia duplamente especial pra mim, porque além de ser a primeira rapidinha desse ano, também é dia da visibilidade trans. Não é segredo pra maioria de vocês, imagino, que sou uma pessoa não binária. No começo de fevereiro faz oito anos que me entendi e mais ou menos oito anos que me chamo Koda, que decidi abraçar quem eu realmente sou, me desprender do que me amarrava, chutar mais um (de muitos) armários, viver a minha vida como ela merecia ser vivida, ou não viver.
Essa newsletter é mais nova (está quase completando três anos), mas é parte fundamental da minha identidade e de quem eu sou. Escrever sobre a pluralidade do desejo e corpos queer me mudou, mudou muitas das pessoas que me leem, e trouxe pra todos nós uma libertação gostosa de existir fora do binário, fora do normativo, de desejar como queremos desejar. Pra mim, o Só uma rapidinha é sobre a permissão pra ser herege, pra ser safado, pra ser fetichista, pra ser promíscuo. Todos aqueles nomes que dizem ser horríveis, que as igrejas condenam, tudo que a sociedade normativa rejeita. Nós somos, nós podemos. É nosso desejo, são os nossos corpos, os nossos fetiches, o nosso sexo, e fodam-se eles.
Nesse dia da visibilidade trans, teremos, claro, uma rapidinha com uma pessoa trans. Não a primeira nem a última dentre os meus trabalhos, mas mais uma, ainda bem. Espero que gostem!
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Só tem uma cama
Manu estava ferrada. Tipo… muito ferrada. Ferrada pra caralho. Ela queria continuar listando palavrões dentro de sua cabeça porque um ou dois não pareciam fazer jus ao tamanho da merda. Não reparou na mochila que deslizou devagar da sua mão até cair no chão com um baque abafado pelo tapete pesado, nem no suor que escorria pela lateral de seu rosto e, demorou vários segundos até perceber que estava tremendo, o copo em sua mão ameaçando derramar café a qualquer momento.
Manu estava muito, muito ferrada.
Quem fez merda?, foi a primeira coisa coerente que pensou quando a respiração ficou um pouco menos afetada e conseguiu ao menos parar de apertar tanto o copo de café. Porque alguém fez merda, com certeza. E porra, não pode ter sido eu, né?, Manu continuava na espiral de pensamentos. Ela sempre conferia as reservas uma, duas, três vezes. Confirmava com o hotel, quando necessário, até porque muitas vezes ela tinha exigências. Deus, a Alexandra vai me matar. Se não fosse tão cheia de classe era capaz de segurá-la pelos cabelos e arrastar sua cara pelo quarto inteiro, mas como era, então provavelmente iria ouvir um sermão de três dias e dormir no tapete. Porra, dormir no tapete seria fácil, imagina ser demitida?!
Manu estava muito ferrada e Alexandra ia querer sua carne viva, mesmo que a culpa fosse inteiramente do hotel. A culpa era do hotel, não era? Faz diferença, no fim das contas? Seus pensamentos estavam acelerados, repassando cada momento da reserva onde algo possa ter dado errado, e, principalmente, se ainda tinha alguma chance de corrigir essa cagada.
Vocês tem reserva? Todos os nossos quartos já estão reservados hoje. A voz do atendente da recepção ecoava em sua cabeça. Na hora ela sorriu, preparada, e confirmou o número da reserva. Agora, a voz dele soava como uma lembrança fantasmagórica de que não havia como corrigir seu erro nesse hotel. Ou em qualquer hotel que preste num raio considerável de quilômetros, de qualquer forma, porque era véspera de ano novo e todos os ricaços estavam por ali e era esse o exato motivo de Alexandra estar ali também.
Manu estava muito, muito, muito ferrada.
Puta merda.
Alexandra chegaria a qualquer momento. De fato, só não estava ali porque toparam com um investidor no saguão e ela decidiu conversar um pouco com ele. Manu subiu primeiro porque estava exausta e não era importante para aquela conversa em particular, o que por sorte a ganhou alguns minutos para… Para o que, afinal? Se preparar mentalmente? Inventar uma desculpa? Respirar fundo e aguardar o sermão? Alexandra não ficou milionária sendo gentil e Manu sabia disso. Por isso sempre foi perfeita. Não cometia erros, sempre verificava o seu trabalho mais de uma vez e nunca se recusava a acompanhar uma viagem de negócios, mesmo que ela acontecesse no ano novo que deveria estar com a sua família.
Isso era a definição precisa do seu inferno pessoal.
— Manuela por que você está parada na porta do quar…
Merda.
A voz de Alexandra morreu na metade da frase, encarando a mesma coisa que Manu encarava há minutos demais. Sem tempo nenhum para corrigir sua cagada.
— Eu não sei o que…
— Silêncio — Alexandra a interrompeu.
Ficaram as duas paradas ali, lado a lado, encarando a única cama do quarto em silêncio. Era uma cama grande, não dava para contestar isso, mas, ainda assim, uma única cama.
— Eu… — Manu tentou de novo, mas parou de falar quando Alexandra a encarou com um olhar indecifrável.
Não que Manu soubesse o que iria dizer. Não fosse seu pânico completo, ficaria grata por Alexandra interromper as suas tentativas de se explicar. Porque ainda tinha juízo, não tentou de novo. Esperou, se esforçando para não voltar a tremer, enquanto Alexandra continuava passeando os olhos pelo quarto do hotel. Todo o resto era exatamente como ela sempre pedia: grande, uma cozinha compacta disponível, varanda com vista e cadeiras, uma mesa para trabalho, um sofá confortável… Um sofá! Deus, como se esqueceu do sofá. Quase suspirou aliviada e ficou feliz com as exigências tão específicas da chefe.
— Posso dormir no sofá — cuspiu de uma vez para não ter tempo de ser interrompida ou desistir de falar.
Alexandra a encarou de novo, séria.
— Você está proibida de dormir no sofá.
Pera, quê? Merda. Seria no tapete então? Uma vozinha dentro de sua cabeça insistia em lembrá-la que ela poderia ser demitida, mas ela se recusava a pensar nisso. Não seria demitida nem que tivesse que implorar. Ganhava bem, lutou por esse emprego e não o perderia por uma burrice, ainda que fosse sua burrice. Ou de outra pessoa, isso ainda carecia de investigações.
— Mas Alexandra… — Tentou de novo. — Bom, eu vou descer e verificar o que aconteceu, talvez eu tenha cometido um erro…
— Você não cometeu erro nenhum, eu não teria te contratado se cometesse erros. — Vindo de Alexandra, isso foi tão próximo de um elogio que Manu se esqueceu por um segundo da situação absurda em que estava metida. Caralho, o dia só ficava mais estranho. — O gerente do hotel me ligou diretamente para se desculpar por um erro de overbooking e perguntou se um quarto com uma cama de casal me atenderia e não vi problemas em aceitar.
Ela sabia.
Ela… sabia.
— Você não me disse nada. — A voz de Manu saiu um pouco mais emburrada do que pretendia e se arrependeu assim que ouviu o tom de suas palavras. Não devia discutir com a sua chefe ou muito menos…
— Não imaginei que dormir ao meu lado por algumas noites em uma cama grande seria um desconforto tamanho que precisava de aviso prévio.
Porra, Manu.
— Não foi isso que…
— Não temos como nos realocar, então se você não estiver confortável, eu mesma dormirei no sofá.
— Que? Não! Não, Senhora Alexandra, não foi isso que eu quis dizer. Está tudo bem. Eu acho? — Estava tudo bem, né? Não seria ruim assim. Não é como se Alexandra não fosse absurdamente lind… Não. Manu não pensaria isso, em especial não pensaria isso agora. — Achei que eu tinha errado a nossa reserva e estava muito preocupada com o que você iria dizer.
— Como eu disse, não contrato pessoas que cometem erros, especialmente não como minha assistente pessoal. — Alexandra caminhou de verdade para dentro do quarto agora. — Nossas malas já foram entregues?
Manu acenou concordando e então se lembrou de que devia falar.
— Estão ali ao lado do guarda-roupa. Também já alinhei o jantar, deve chegar daqui… — Ela conferiu o relógio. — Cinquenta minutos. Você pode tomar um banho e eu vou confirmar sua agenda para amanhã.
— Tire a noite pra descansar, Manuela. É ano novo, se algum dos idiotas não aparecer amanhã, azar o deles e sorte a nossa. Já basta estarmos trabalhando, não precisa se sobrecarregar.
— Mas não é…
— É uma ordem, Manuela. Descanse, não me faça dizer duas vezes.
Manu apenas observou enquanto sua chefe pegou sua necessaire da mala e entrou no banheiro. Não conseguiu se obrigar a sentar na cama, ainda não. Pegou sua mochila do chão e tirou algumas coisas de dentro, deixando sobre a mesa. Separou o que precisaria para o dia seguinte, ciente de que, no segundo em que parasse de se movimentar e fizesse como a chefe ordenara, iria de fato entender o que aconteceria nas próximas horas — nos próximos dias —, e talvez sua cabeça entrasse em parafuso, e Manuela Ferreira não entrava em parafuso. Manuela Ferreira também não tinha mais um crush enorme na sua chefe gostosa, claro que não, porque ela era muito profissional.
Estava. Tudo. Perfeitamente. Sob. Controle.
Era quase melhor se ela tivesse mesmo cometido um erro, porque aí a agonia que estaria consumindo sua mente seria outra. Agora, não conseguia parar de pensar que Alexandra sabia, sabia que iriam dormir juntas por vários dias e não disse nada. Pior, concordou tranquilamente. E aí não disse nada. Como se não fosse nada de mais dormir ao lado dela, como se Alexandra não fosse conhecida por ser uma quarentona gostosa e bonita que era o desejo de todas as pessoas, novas e mais velhas, como se Manu não tivesse gastado todo seu primeiro ano como funcionária enfiando o desejo que sentia sempre que colocava os olhos na chefe em uma caixinha e jogando fora no fundo de sua mente.
Manu nem percebeu quando foi que começou a socar os itens na mesa com força, reorganizando o que já estava organizado. Que merda Alexandra tinha na cabeça? Como caralhos Manu ia sobreviver a essas cinco noites? Como iria dormir e relaxar? Não estava acostumada a dormir com outra pessoa, então não sabia se rolava muito, ou se roncava. E se acordasse no meio da noite abraçando Alexandra?
Seus pensamentos foram interrompidos quando Alexandra saiu do banho. Gastara quase trinta minutos apenas nesse soca soca na mesa, sem descansar nem fazer nada de útil, que maravilha. Sentiu o coração acelerar quando reparou que Alexandra estava usando somente um roupão branco. Não era a primeira vez que via a chefe assim — nem seria a última —, mas era a primeira vez que a via assim logo antes de saber que iriam dormir juntas. Na mesma cama. As duas.
Manu correu para a própria mala e murmurou um vou tomar banho também apressado antes de se trancar no banheiro. Encostou o corpo contra a porta e respirou fundo. Por que estava tão tensa? Era só se comportar, não seria difícil. Não era incontrolável, não era uma sede urgente e, acima de tudo isso, valorizava o próprio emprego o suficiente para não ser a primeira a tentar nenhum movimento — ela ignorou que sua mente foi muito específica em adicionar o primeira a tentar algum movimento, dando margem pra insanidade completa de que talvez Alexandra tentasse qualquer coisa. Não. Manu estava perfeitamente sob controle, iria tomar um banho gelado, vestir o seu pijama decente e dormir do seu lado da cama, sem qualquer problema.
Só que não.
Quando Manu saiu do banho, Alexandra estava usando um babydoll preto com muita renda que fazia o contorno perfeito dos seus seios e era, se pudesse opinar, curto na medida certa. Manu carregava culpa católica o suficiente pra saber que tentação era algo a ser resistido, mas também tinha rompido com tudo isso o suficiente para desejar ainda assim, para estar disposta a se entregar ainda assim. E não tinha como Alexandra não saber o que estava fazendo. A chefe não era boba, nem inocente. De fato, várias vezes já havia comentado sobre roupas que usava para reuniões por saber que muitos acionistas eram homens babacas que pensavam com a cabeça de baixo. Então… ela sabia o que estava fazendo, né? Mas por quê? Por que provocar Manu desse jeito?
— Vou ligar para a recepção e pedir para subirem com o jantar. Eles tentaram entregar, mas disse que você estava tomando banho e mandei voltarem quando eu ligasse, para a comida não esfriar.
— Não precisava ter me esperado, Senhora Alexandra.
— Manuela…
— Perdão, Alexandra. — Se corrigiu, lembrando que a chefe já havia dito algumas vezes que ela podia ser menos formal fora dos ambientes de trabalho, já que passavam tanto tempo juntas. — Não precisava ter me esperado, você não almoçou direito, devia ter aceitado o jantar.
— Eu queria te esperar, Manuela. — Ela pegou o telefone e conversou rapidamente com a recepção. — Pronto, já vão subir. Bonito o seu pijama.
Manu sentiu as bochechas quentes com o comentário. Era só um pijama, diferente da roupa sexy da chefe. Uma blusa de alças finas com um decote que não exibia seus seios, por serem pequenos, e um short escuro larguinho nas coxas. Sentiu que deveria retribuir o elogio, mas não conseguiu encontrar nenhuma frase que não soasse demais. O seu também era eufemismo, mas qualquer coisa além disso talvez ultrapassasse uma linha imaginária. Seu babydoll me faz querer me ajoelhar pra você certamente estava fora de cogitação.
— Obrigado — respondeu, simplesmente. — O seu… O seu…
Uma batida na porta interrompeu o fiasco que seria qualquer coisa que Manu tentasse falar. Aproveitou a deixa e abriu a porta para o funcionário, que deixou um carrinho com o jantar das duas e um vinho com aparência de caro em um balde com gelo. Manu encarou a bebida, mas não fez nenhum comentário. Agradeceu o funcionário e trouxe o carrinho para perto da mesa, percebendo agora que suas coisas foram tiradas dali e devolvidas para a mochila.
— Perdão, Alexandra, acabei tirando tudo e esqueci que ainda precisávamos jantar.
— Você está estranha hoje. Pedindo desculpas por tudo, não descansou quando mandei descansar. Não sou de vidro, guardei as coisas, está tudo bem. Vem, vamos jantar.
Manu colocou os pratos na mesa enquanto Alexandra abria e servia o vinho. Ela ofereceu uma taça para Manu, que sabia que não deveria aceitar, mas aceitou mesmo assim. No começo, não conversaram muito. A chefe parecia despreocupada, mas Manu estava nervosa, tensa, sentindo até o calor que emanava da presença de Alexandra ao seu lado. Mas o álcool logo fez seu efeito. Logo elas estavam rindo juntas, comentando sobre a festa recente que foram juntas para tentar conseguir contatos para um novo contrato e sobre como tudo deu errado.
O vinho ajudou e atrapalhou. O nervosismo no estômago de Manu parecia menor, estar perto da chefe não parecia tão agonizante, mas, ao mesmo tempo, era como se ela estivesse hiperconsciente disso. Ela tinha menos medo, mas perceber isso a deixava apavorada. Não impedia, entretanto, que ela aproveitasse para observar a curva dos seios dela por cima do babydoll toda vez que a chefe se inclinava em sua direção, ou que ela encostasse sutilmente no braço de Alexandra sempre que tinha a oportunidade, ansiosa para sentir sua pele quente.
Não pareceu impedir Alexandra também, que aproximou a cadeira das duas quando foi mostrar algumas fotos antigas no celular, passando um dos braços ao redor de Manu e segurando o corpo dela colado no seu.
Era tudo um jogo. Se parecia muito com um jogo, ao menos. Complexo, com muitas peças e variáveis, e cada mini movimento seu causava um mini movimento em Alexandra. Todo lugar que ela tocava fazia a pele de Manu queimar, como se suas terminações nervosas estivessem entrando em parafuso. Para cada olhar um pouco mais demorado que Manu dava na direção da chefe, Alexandra gastava minutos olhando como se saboreasse os lábios de Manu à distância.
E então uma sequência de coisas aconteceu muito rápido.
Manu se inclinou sobre a mesa para buscar a garrafa de vinho já quase no fim, e seu seio direito encaixou quase que perfeitamente na mão de Alexandra. As duas pararam qualquer movimento, tão próximas, separadas por uma fina camada de pijama, e Manu sentiu a respiração errada, o coração acelerado. Desistiu de pegar a garrafa e se levantou devagar, se afastando do toque de Alexandra, tentando encontrar o que dizer, como se justificar, como explicar o que acabou de acontecer.
— Eu… — tentou, endireitando o corpo na cadeira, mas não conseguiu terminar.
Alexandra subiu os dedos pelo braço de Manu, sentindo sua pele, e não hesitou em nenhum momento. Subiu até seu pescoço, passou os dedos pela sua nuca, e segurou os cabelos dela quase sem força, apenas o suficiente para trazer o rosto dela para perto. Assim, num piscar de olhos, Manu estava a dois dedos de distância de Alexandra. Se tivesse um pouco mais de coragem — e um tanto a menos de medo —, poderia se inclinar por meros centímetros e tomar os lábios da mulher com os seus. Poderia beijá-la até seu fôlego desaparecer, até descobrir se poderiam ir para a cama, até que tivesse a chance de realizar cada um dos pensamentos devassos que teve nos últimos meses trabalhando com ela.
Alexandra se aproximou mais e mais e mais e Manu fechou os olhos, pronta para o beijo, pronta para o que viesse. Abriu de novo quando sentiu os lábios de Alexandra escorrendo da sua bochecha para o pescoço, a língua molhando a pele, um rastro de luxúria e desejo escorrendo pelo seu corpo. Manu estava tão molhada e desesperada que daí muito pouco talvez fosse mesmo capaz de verbalizar o que tanto queria, mas tinha medo de admitir. Se Alexandra continuasse assim, segurando ela tão perto, esfregando o rosto contra a sua pele, respirando quente e forte, suspirando… Manu talvez entregasse até o que não tinha.
— Não vou deixar você fazer nada para acabar se arrependendo amanhã, Manuela — Alexandra murmurou baixinho no ouvido de Manu, e se afastou, soltando seus cabelos, os lábios deixando seu rosto, a pele deixando sua pele.
— Mas eu…
— Pra cama — Alexandra ordenou. Um milhão de pensamentos obscenos cruzaram a mente de Manu diante da ordem, seu ventre pulsando, a ansiedade consumindo seu interior. — Nós vamos dormir, por favor, não interprete minha ordem da forma errada.
Manu queria espernear, emburrada, mas ainda tinha um pouquinho de orgulho e sanidade, então se levantou e foi para o lado esquerdo da cama sem perguntar o que Alexandra preferia. Não importava, afinal, elas só iriam dormir. A cada passo, Manu conseguia sentir a calcinha molhada, as pernas fracas, conseguia sentir ainda o fantasma do toque de Alexandra em seu pescoço, de seus lábios molhando sua pele.
Não entendia, não entendia mesmo. Por que provocar se não iria terminar o serviço?
Por que assoprar se não iria morder?
Deitou bem na ponta, passou a coberta por cima dos ombros e virou para o lado, olhando para a parede, longe do olhar, da sensação e do toque de Alexandra. Estava emburrada. Talvez mais do que tinha direito de estar, mas não importava muito. Tudo que estava de alegre e solta pelo álcool há minutos atrás agora se transformou em uma irritação acima da média, desconfortável, que colocou um beiço permanente em seus lábios.
Sentiu a cama se mexer, a luz apagar e logo estavam as duas no escuro.
— Boa noite, Manuela. Durma bem.
Não respondeu, mas também não dormiu. Se obrigou a ficar parada por um tempo, mas acabou se revirando na cama vezes demais. Ela conseguia sentir todos os lugares de sua pele que Alexandra tocou pinicando, coçando, ardendo, as lembranças do toque dela, dos dedos desbravando sua pele exposta, do seu agarrão — tão mais leve do que poderia ser — em seus cabelos, dos poucos centímetros que separaram a boca das duas horas atrás.
Manu ficou ali se odiando por um bom tempo, e depois passou a odiar Alexandra. Era totalmente compreensível o medo de a angústia que Manu sentia, qual era a desculpa da chefe? Era ela quem estava no poder da situação, se qualquer uma das duas iria se descontrolar, tinha que ser ela. Estavam tão, tão perto… Não faça nada pra não se arrepender amanhã, Manuela, a voz de Alexandra ecoava em sua mente, mas tudo que ela conseguia pensar é que já estava arrependida, mas por motivos totalmente diferentes o que a mulher ao seu lado imaginava.
Não soube bem quando foi que dormiu, um sono leve e esquisito, cheio de sonhos molhados, gemidos, toques e orgasmos atrás de orgasmos. Ao menos ainda podia sonhar. Quando acordou, horas depois, o céu naquele estado meio claro e meio escuro das primeiras horas da manhã visível apenas pelas frestas da cortina, Manu poderia ter tido o tempo de processar o que sonhou, processar o quando estava molhada e sensível e mexida com tudo que aconteceu, mas não teve.
Ao invés disso, paralisou na posição exata que estava, no meio de um movimento para se espreguiçar, quando notou duas coisas: primeiro, Alexandra estava abraçando Manu, com o braço passado ao redor de seu corpo, segurando-a perto, a cabeça afundada no seu pescoço; segundo, o quadril das duas estava muito, muito colado, e, a não ser que estivesse completamente maluca, Manu tinha certeza que conseguia sentir uma ereção contra sua bunda.
Muitas coisas começaram a fazer sentido naquele momento. Porque Alexandra havia ficado surpresa em saber que Manu não a conhecia antes do trabalho, mas não decepcionada, como muitos outros ricaços de quem já ouviu falar. Porque ela tinha tantas consultas e exames médicos marcados de forma regular, em um ciclo que sempre deixou Manu intrigada. Porque era tão ligada em assuntos da comunidade LGBT no dia a dia e porque apoiava tantas causas por baixo dos panos, ainda que não falasse tanto disso publicamente. Manu sempre imaginou que Alexandra era bissexual, mas não que era… trans. Não imaginou que a mídia perdoaria esse tipo de informação também, mas não era como se Manu fosse especialmente ligada em sites de fofoca ou coisas do tipo.
Manu parou por um segundo, se perguntando se isso mudava alguma coisa, mas o fato de que seu corpo continuava quente e desejando, o fato de que continuava se sentindo molhada e pulsando, o fato de que ainda não havia se movido para sair do abraço da chefe, ainda que pudesse, ainda que fosse fácil, talvez entregasse por si só que nada mudava. Ainda estava morrendo de tesão, ainda estava puta que Alexandra não havia feito nada. Não de forma consciente, ao menos, porque seu subconsciente parecia estar trabalhando de forma plena, fazendo-a abraçar Manu enquanto dormia.
Maldita Alexandra.
Manu não aguentava mais e uma das duas precisava fazer alguma coisa. Se virou devagar, tentando não sair do abraço de Alexandra, e suspirou aliaviada quando reparou que ela não havia acordado. Ainda não, ao menos, o que dava alguns segundos para Manu tentar decidir se iria mesmo fazer isso. Não queria… Melhor, não devia acordar Alexandra tocando em seu corpo, não sem autorização, embora estivesse nesse exato momento fantasiando a possibilidade de descer os dedos, envolver o pau de Alexandra em sua mão e masturbá-la devagarinho até ela acordar, até seus gemidos serem audíveis. Mas não faria isso, ainda não.
Ao invés disso, se inclinou para perto de Alexandra o quanto conseguia sem encostar em seu rosto de fato, e falou baixo:
— Alexandra. — Esperou alguns segundos antes de repetir. — Alexandra.
A chefe piscou algumas vezes, murmurando alguma coisa incompreensível, e pareceu passar pela mesma linha de raciocínio de Manu ao notar que estava abraçada com ela, o corpo colado no dela. Arregalou os olhos, e Manu quase quis rir. Nunca, em todo esse tempo, viu Alexandra assustada. E ali estava ela, assustada.
— Manuela, eu…
— Xiu — Manu devolveu a ordem de silêncio de horas atrás, se sentindo estranhamente satisfeita.
Respirou fundo, deixando os segundos assentarem a sua própria agonia e, com sorte, a de Alexandra também. Deixou o olhar fixo no dela, reparando nas ruguinhas ao redor dos olhos dela, no canto do seu sorriso — o que era surpreendente, porque não via a chefe sorrindo tantas vezes assim —, reparou no contorno de seus lábios, tão bonitos, e na cor marrom tão profunda e bonita de seus olhos. Com muito cuidado, pegou uma mecha do cabelo dela e tirou da frente de seu rosto, colocando-a para trás, ainda se esforçando para não encostar indevidamente na pele dela. Esse cuidado era contraditório com a proximidade de horas atrás, e quase contraditório com a proximidade que estavam agora. Não queria encostar nela de forma consciente sem consentimento. Sentiu quando a respiração de Alexandra se acalmou um pouco, sincronizando com a sua, e aproveitou essa deixa para reunir sua coragem.
— Alexandra, posso te tocar? — A voz de Manu estava tão baixa, tão arrastada, tão… grave. Como se viesse do fundo de sua alma.
Ela acenou primeiro, concordando, mas acrescentou:
— Mas não precisa, Manuela. Eu…
— Não perguntei se precisa, perguntei se eu posso.
Alexandra suspirou e fechou os olhos por um segundo.
— Pode. Claro que pode, Manuela. Você pode fazer comigo o que quiser.
Porra. O jeito que ela disse cada uma dessas palavras, a voz ainda carregada de sono e um tanto de sensualidade, sua expressão de entrega… Manu não esperou. Passou os dedos ao redor do pescoço de Alexandra e a trouxe para um beijo, finalmente. Quando decidiu fazer isso, pretendia ter calma, mas foi tudo pro caralho com Alexandra murmurando pode fazer comigo o que quiser. Manu queria tudo, então. Fazer de tudo, receber de tudo, e queria agora, queria que quando chegassem para o almoço, precisasse fechar as pernas de tanto tesão, só de lembrar.
Juntou os lábios nos de Alexandra em desespero, derretendo com a pressão deles, com a língua dela se esfregando na sua, a vontade, a urgência que, ela tinha certeza agora, não era só sua, era das duas. Passou a perna ao redor do corpo de Alexandra, trazendo ela ainda mais pra perto, e soltou um gemido entre os beijos quando sentiu a ereção dela pressionada perfeitamente entre as suas pernas.
— Ai, porra — murmurou, quendo mais, mais, mais.
Rebolou o quadril ali, sem cortar o beijo, tão bizarramente feliz que poderia gargalhar. A fricção era tão boa, se esfregando contra o seu clitóris mesmo com toda aquela roupa entre as duas, que era impossível não gemer baixinho, soltando os lábios de Alexandra vez ou outra só pra suspirar de tesão.
— Você sabia? — Alexandra perguntou em uma dessas pausas, os olhos curiosos.
— Não. Mas… como dá pra ver— Manu decidiu que rebolar mais, apertando mais o corpo de Alexandra contra o seu, responderia mais do que suas palavras.
Já estava irritada com a roupa entre as duas e se afastou pronta para arrancar cada peça do seu corpo só pra estar mais perto de Alexandra, só pra poder se esfregar nela de fato, sentindo a cabeça de seu pau contra o seu clitóris, mas a chefe segurou seu braço no meio do caminho. Ah, não, de novo não.
— Não vem com esse papo de se arrepender de novo, Alexandra, pelo amor de deus — Manu não escondeu a irritação em sua voz.
Alexandra riu, tombando a cabeça pra trás.
— Não sou tão boba, Manuela. Ia te dizer que você está com pressa, e não precisa ter pressa.
— Foi você que me provocou a noite inteira e veio com “ah você vai se arrepender" depois.
Alexandra sentou também, dando mais beijinhos lentos em Manu, parecendo realmente interessada nessa coisa de não vamos ter pressa.
— Eu estava preocupada com você. — Mais beijos, devagar, esfregando os dedos no pescoço e na nuca de Manu. — Mas meu subconsciente foi muito mais forte, aparentemente.
— Ainda bem.
Manu decidiu tomar a iniciativa de novo e beijou o pescoço de Alexandra, sem pressa, como ela havia dito, esperando e medindo suas reações. Não foi interrompida, então continuou avançando, subindo até sua orelha, mordendo ali muito satisfeita ao sentir Alexandra arrepiada sob suas mãos.
— Nunca imaginei que você seria cautelosa no sexo — Manu murmurou, divagando enquanto lambia e beijava a pele dela.
— Ah, eu não sou. Eu disse que não tenho pressa, é diferente. — Finalmente Alexandra fez alguma coisa e segurou os cabelos de Manu, puxando-os para atrás e tirando o rosto dela de seu pescoço. Ela gemeu satisfeita. — Eu quero te saborear, Manuela. Estou assumindo que isso aqui — olhou para Manu como se devorasse seu corpo inteiro — não é algo que você queira de hoje, nem que você queira apenas hoje. Teremos muito tempo e eu quero aproveitar cada segundo do jeito certo.
— E qual o jeito certo? — Manu só perguntou pra provocar, porque gostou da sensação das mãos da chefe no seu corpo de modo possessivo e mandão.
Alguma coisa mudou no olhar de Alexandra. Manu não saberia dizer o que, mas algo mudou.
— Ah, Manu… — Alexandra se inclinou na direção dela, respirando fundo com o nariz em seu pescoço, e arrastou os lábios até perto do seu ouvido. Manu estremeceu ao ouvir seu apelido na boca da chefe pela primeira vez, incapaz de imaginar o quanto duas sílabas poderiam ser tão carregadas de luxúria. — Quero te chupar, te lamber, sentir seu gosto, e te foder, e te foder, e te foder, deixar você me foder também. Aqui, na minha sala, na sua cama, na minha cama, dentro do carro, no estacionamento, no cinema, em todo lugar que você me deixar por as mãos no seu corpo, Manu.
Manu não respondeu, não seria capaz. Só puxou Alexandra pra mais um beijo, dane-se a calma, dane-se a falta de pressa. Se Alexandra queria tudo, que começassem com tudo agora mesmo.
Alexandra puxou a blusa de Manu por cima de sua cabeça e a empurrou deitada para a cama, parecendo também perder a compostura com as provocações e a pressa dela.
— Eu me imaginei nessa exata posição tantas e tantas vezes — Alexandra sentou sobre o quadril de Manu, olhando-a de cima. — Sempre pareceu tão errado, mas isso nunca me impediu de pensar, de desejar, de sonhar.
Ela se inclinou sobre Manu, lambendo sua barriga, subindo devagar na direção dos seios. Manu prendeu a respiração, ansiando pelo contato, desesperada. Isso estava mesmo acontecendo. Estava seminua embaixo de sua chefe, que estava nitidamente de pau duro e usando apenas um babydoll que agora já parecia comprido demais. Alexandra estava mesmo prestes a…
Alexandra passou a língua pelo mamilo esquerdo de Manu, depois fechou os lábios e sugou sem pressa. Se Manu conseguisse raciocinar, com certeza pensaria muitos palavrões. Não conseguia, entretanto, perdida em algum ponto entre o prazer e a incredulidade. Ao invés disso, se esforçou para decorar detalhes o que acontecia, ainda com um tanto de medo de que amanhã Alexandra só se arrependesse de tudo.
Então na cabeça de Manu, tudo estava documentado: toda vez que ela passava os dentes nos seus mamilos, leve o suficiente para não doer, forte o suficiente para mantê-los duros e sensíveis; as mechas do cabelo dela se arrastando em sua pele; como ela delicadamente desceu os dedos pela barriga de Manu, traçando o caminho até o seu quadril, e passeou os dedos por um tempo pela barra do shorts; o olhar quente dela quando se levantou, os lábios molhados, e começou a lamber o outro seio enquanto começava a descer os shorts.
Manu ajudou, erguendo o quadril e puxando os shorts para baixo com as mãos.
— Você quer meu gosto, então me prova — Manu murmurou, puxando o rosto de Alexandra pro seu e beijando ela de novo.
Tomou o lábio dela com os dentes, mordendo, sugando, e não escondeu gemidos quando Alexandra finalmente — finalmente, finalmente, finalmente, finalmente, finalmente — desceu os dedos entre as suas pernas e a sentiu. Manu estava ridiculamente molhada, os dedos dela escorregando fácil de seu clitóris até sua entrada. Estava sensível, melada e ansiosa por mais.
Alexandra se afastou um segundo e levou os dedos até os lábios, esfregando a ponta neles antes de lamber. Soltou um gemido baixinho que fez o estômago de Manu quase explodir de ansiedade e antecipação. Alexandra desceu os dedos de novo, esfregando o clitóris dela, e voltou a beijar seu pescoço.
— Hm… Ma-nu-e-la… — Alexandra murmurou as sílabas do nome dela com um delírio evidente. — Você sempre me pareceu tão profissional…
Quase pareceu uma ofensa.
— Eu sou profissional. — Se defendeu, mas no exato segundo, Alexandra enfiou dois dedos nela, então todas as palavras saíram gemidas. Maldita.
— Eu sei que é… — Ela estava usando todo o corpo para meter em Manu, que rebolava contra a sua mão. — Por isso mesmo nunca achei que…
— Nunca achou que eu iria abrir as pernas pra você? — Ah, ali estava de novo, a irritação de Manu por ser tocada de forma tão lenta.
— Nunca achei que você ia me deixar encostar em você da forma que fosse. Eu nem sabia que você gostava de mulher.
Agora foi ofensa de verdade.
— Alexandra, é bom você me foder direito pra eu esquecer que você acabou de dizer que eu tenho cara de hétero.
— Eu vou. — Ela enfiou mais um dedo, o polegar esfregando o clitóris dela ao mesmo tempo, seus seios pendendo sobre os de Manu, o tecido do babydoll esfregando tudo, começando a grudar de suor.
Manu puxou o babydoll pra cima sem esforço e Alexandra se apoiou de um lado para remover a alça de um dos braços, depois do outro, e Manu teve certeza que se isso fosse um sonho, se tivesse batido a cabeça no banheiro do hotel e estivesse em coma, não queria acordar. Não queria nunca sair desse momento, o olhar de Alexandra perdido no seu, os dedos de Manu percorrendo o corpo dela, subindo até os seus mamilos, apertando e medindo como ela fechava os olhos, como mordia o lábio, como não parava de meter mesmo sendo provocada.
Era tão bom e tão quente e tão sexy que Manu nem queria gozar, ainda não, entendendo agora tudo que Alexandra disse sobre fazerem tudo, de todas as formas, em todos os lugares. Ela queria isso. Queria ser tomada em todos os lugares, até os mais públicos, só pra descobrir a sensação de estar nos braços de Alexandra em cada um deles.
Bendito overbooking.
— Eu vou… vou gozar — gemeu, se sentindo um pouco patética de durar tão pouco.
Era isso que você ganhava ao ser provocada antes de dormir, ter sonhos eróticos a noite inteira e acordar com sua chefe pronta pra te comer. Um orgasmo rápido demais, quase vergonhoso.
— Tão rapidinho, Ma-nu-e-la.
Foi o seu nome dito assim, de novo, pausado, como uma prece e uma provocação ao mesmo tempo, que a levou ao orgasmo. Estava tremendo, agarrada ao corpo de Alexandra, gemendo e murmurando e ainda rebolando o quadril contra os dedos dela. Foi tão bom e ela queria mais, queria de novo, queria agora, o tempo todo.
O despertador tocou, entretanto, anunciando que faltavam trinta e cinco minutos para a primeira reunião do dia.
— Nãaaaaao — protestou, irritada. — Não pode ser.
— Hm… Acho que nossa diversão matinal acabou — Alexandra tinha um sorriso no rosto. Um sorriso!
— Eu nem te fiz gozar, como você está tão feliz?
— Acho que vou ter que aguentar firme o dia todo, olhando pra você e seu terninho que me enlouquece… E antes da festa de ano novo você pode fazer o que quiser comigo, Manuela.
Merda.
Precisaria aprender a não corar e ficar excitada toda vez que Alexandra falava o seu nome, ou logo teriam um sério problema.
Como sempre, se quiserem falar sobre, minha DM está aberta e o straw também! Você também pode responder esse e-mail e falar diretamente comigo ;)
É isso! Um xêro e um queijo,
Kodinha
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