#47 - Cordas e vendas - Só uma rapidinha

*gemidos*

boa noite safades de todo o brasil

Estamos de volta aqui no Só uma rapidinha, o lugar onde o seu prazer é o meu prazer!

Cheguei aqui hoje com uma rapidinha muito, muito quente e gostosa do jeitinho que vocês gostam 😌 E ó, do tamanho que vocês gostam também, hehe

Junto dela, trago também a palavra do meu catarse recorrente, o Kabaré. Se inscrevendo nesse catarse você apoia o meu trabalho e garante recompensas adiantas e exclusivas! Essa rapidinha, por exemplo, foi enviada na semana passada no catarse. Além dela, enviei também um extra da Madre e da Freira exclusivo, que não será enviado aqui. Pra completar esse primeiro mês de recompensas, essa semana inda vou enviar uma newsletter de fofocas e novidades contando sobre meu romance, a bienal e… um projeto muito massa que vai rolar aqui na newsletter no fim do ano!!! Ou seja, muito conteúdo bacana em três níveis de apoio.

Atualizações e fofocas tiradas do caminho, bora pro texto?

ps: Se você leu e gostou dessa rapidinha, considere falar dela por aí! Um RT num tweet, um comentário, um like já levam a palavra mais longe e fazem esse autor que vos fala MUITO feliz e radiante! E se quiser contribuir com o meu trabalho, considere apoiar o meu catarse e me ajudar a continuar contando histórias.

Cordas e vendas

tags: shibari; venda; ele amarram ela como um presente; provocações; uma negação mas bem leve; degradação, mas também bem leve; eles fazem ela implorar 

Theo

A preparação começou mais ou menos uma hora antes do horário combinado. Theo dobrou as cobertas e guardou os travesseiros enquanto Rai tomava banho. Trocou o lençol por um limpo, conferiu se o protetor do colchão estava no lugar, deixou uma toalha limpa na mesinha ao lado da cama e também uma garrafa com água bem gelada.

Quando Rai saiu do banho, Theo saiu do quarto. Trocaram um beijo breve e Theo foi até o escritório, no seu computador, conferir se tudo estava carregado como deveria. Quando entrou, deu risada sozinho da cena: de um lado da sua mesa, o seu computador de trabalho, seu computador pessoal, um monitor grande, teclado e mouse, livros que estava lendo para estudar; do outro, dois vibradores de ponto g, dois dildos que também vibravam, um sugador e vibrador, um que era só sugador, um plug anal e uma varinha mágica. Todos os aparelhos estavam ligados com cabos em portas usb dos dois computadores, carregando, e todas as luzes estavam apagadas. Bom sinal.

Pegou a caixa onde os guardava que estava apoiada sobre a estante de livros no outro canto do escritório e recolheu os brinquedos um a um, testando a bateria e conferindo se estavam mesmo limpos e prontos para uso. Estavam. Sorriu. Sentia uma leve ansiedade no estômago, mas era boa. Sabia do seu papel no dia de hoje, sabia o que estavam planejando, e sabia que, de certa forma, todos eles seriam usados e usariam uns aos outros, cada um de sua maneira. Gostava disso.

Voltou para o quarto com a caixa e encontrou Rai sentado na ponta da cama e passando creme no corpo. Estava concentrada, o cabelo ainda preso em um coque para cima, as mãos  passeando pela própria barriga, passando ao redor dos seios, depois nas coxas e descendo até os pés. Theo deixou a caixa na mesinha do outro lado da cama e sorriu sozinho quando a namorada abriu o vidro do óleo corporal que usava, o cheiro adocicado inundando o quarto. Ela espalhou algumas gotas sobre a própria pele, seguindo o mesmo caminho do creme: massageou os braços, os seios, a barriga, a bunda, as coxas, os pés.

— Quer que eu passe nas suas costas? — Theo se aproximou e deixou um beijo na bochecha de Rai.

— Por favor.

A dinâmica dos dois era antiga, e, nesse quesito, quase diária. Theo pegou um pouco de creme na mão e espalhou nas costas de Rai, massageando seus ombros, e repetiu o mesmo com o óleo. Rai se virou para ele, uma deusa grega, muito cheirosa, linda e nua, e Theo derreteu um pouquinho de amor. Sempre animava testar quase tudo que a namorada trazia de sugestão, e, nesse dia, não seria diferente. Testariam uma coisa nova com uma pessoa que já conheciam, e ele tinha certeza de que seria bom, era apenas uma questão de descobrir quão bom.

Theo deixou o creme e o óleo na cama e puxou Rai para um beijo lento e demorado. Ela ainda estava com gostos de pasta de dente na boca, mas de um jeito gostoso. Era um beijo reconfortante, ainda que levemente incendiado pelas coisas que iriam fazer nas próximas horas. Evitou encostar tanto no corpo de Rai, dando um tempo para que o creme e o óleo não transferissem cada vez que eles se encostassem, mas aproveitou o beijo ainda assim.

— Tudo carregou? — Rai desceu os beijos pela bochecha de Theo, prologando o contato dos dois.

— Tudo. E nada pegou fogo, estou impressionado.

Rai abriu um sorriso.

— Ainda bem, né? Se tudo pegasse fogo eu teria que lidar com um incêndio na casa e com meu cu pegando fogo porque não ia conseguir dar. Dois problemas!

Theo balançou a cabeça, incrédulo.

— Você sempre me surpreende, meu bem. Sempre. — Theo deu um último beijo nos lábios de Rai antes de se afastar. — Então, pronta?

— Pronta.

Rai levou o creme e o óleo para o banheiro e voltou saltitando animada. Ela era impossível. Sentou com os joelhos no centro da cama e soltou o cabelo, que caiu em cascatas sobre o seu peito, e sorriu pra ele, aguardando.

Theo conferiu o celular. Desci na rodoviária, chego em trinta e cinco. A última mensagem de Priscila havia sido enviada há três minutos, então eles teriam tempo suficiente. Apertado, mas suficiente.

— Prende o cabelo de novo, por favor. Eu solto quando terminar. — Theo falou enquanto digitava um ok! toca o interfone quando chegar e enviava para Pri. — Vou pegar as cordas.

Abriu as portas do guarda roupa no lugar de sempre e tirou as cordas de shibari perfeitamente organizadas, amarradas em montinhos de dez metros. Pegou quatro, mas talvez só três fosse o suficiente. Passeou com a textura nos dedos, deixando a ansiedade em seu estômago crescer um pouco.

Voltou pra cama e encontrou a namorada ainda sorrindo, de novo com o cabelo preso, sentada sobre os próprios joelhos, a pele brilhante, os mamilos duros, vibrando em silêncio com uma energia muito parecida com a sua — desejo, ansiedade, tesão. Alinhou os montinhos de corda ao lado dela e subiu na cama também, deixando os chinelos pra fora. Já tinha tomado banho e estava só de shorts agora, sem camisa, porque não queria suar a roupa enquanto se preparavam.

— Posso começar? — Theo perguntou e Rai acenou, concordando. — Repete a sua palavra de segurança pra mim.

— Tempestade — a voz de Rai saiu com um tom de animação que ela não conseguia esconder.

— Avisou a Pri?

— Uhum. E reforcei logo depois do banho, só pra ter certeza.

Theo riu.

— Desse jeito ela vai suspeitar do que estamos planejando.

— Uau, ela vai suspeitar que vamos transar, nossa, total quebra de expectativa.

Theo revirou os olhos.

— Você entendeu. Está muito desbocada. Aproveitando seus últimos momentos de fala livre, é isso?

— Certamente, capitão — Rai levou a mão até a testa, como se prestasse continência.

Rai era sempre uma máquina de piadas bobas, mas ficava ainda mais afiada quando estava nervosa. Era um pouco nítido para Theo que ela estava nervosa. Estavam juntos há tempo demais para que ele não percebesse os sinais, ainda que sutis. As bochechas dela estavam coradas, a pele quente, as mãos agarrando o lençol, inquietas, buscando algo para fazer.

Era bom que ela aproveitasse esses últimos momentos de liberdade, porque em breve toda essa energia inquieta estaria, como ela, presa e incapaz de sair. Precisaria esperar, só seus pensamentos livres para correr, e Theo sabia como isso era, ao mesmo tempo, fonte de desespero e liberdade para Rai.

— Vou começar, tudo bem?

— Tudo bem.

Theo inclinou o corpo sobre o dela e a beijou devagar. Sempre começavam assim, aos beijos, esfregando os corpos, esquentando a pele, preparando o coração. Theo gostava de dar tempo para Rai se acostumar, não só antes, mas durante também. Seus movimentos eram sempre lentos, sempre calculados, sempre tranquilos. Não seria diferente hoje.

Theo beijou o pescoço de Rai, descendo e subindo os dedos pela lateral de seu corpo, sentindo-a se arrepiar e derreter toda vez que se encostavam. Quando sentiu que ela estava no clima, puxou o primeiro montinho de corda. Desenrolou como de costume, com facilidade, desfazendo os nós que a mantinham organizada na gaveta.

— Está ansiosa? — Theo perguntou, passando a corda ao redor dos ombros de Rai.

Precisava primeiro formar a base para os nós, o que sustentaria tudo que faria a seguir.

— Muito — ela murmurou, a voz tremendo toda vez que Theo encostava a corda em sua pele.

— Eu também.

Theo não falou muito depois disso. Se concentrou em cada pedaço da corda que passava, nos arrepios que deixava na pele de Rai, nos nós que precisava fazer, e onde, medindo a pressão que causava na pele, medindo a força que impunha nos dedos, calculando com cuidado para não apertar demais, mas também não apertar de menos. Theo já chegou a estudar shibari como se fosse uma ciência, mas depois percebeu que estava errado. Shibari era uma arte, e, como toda arte, era muito suscetível ao ambiente ao seu redor. Nunca duas amarrações eram iguais, ainda que começassem da mesma forma. Sempre mudava um nó de lugar, mudava o jeito de passar uma das cordas, apertava mais nas coxas um dia, nos braços em outro, fazendo de Rai um quadro em que ele poderia pintar. Claro, sempre respeitando os limites dela.

Nesse dia, planejava imobilizar seus braços para trás. Trouxe os dois para a posição desejada e Rai os manteve ali, obediente, acostumada. Treinaram essas posições muitas vezes ao longo dos anos e gostavam desse silêncio compartilhado, da sensação eletrizante no ar de que algo aconteceria em breve, da ansiedade para o próximo passo, a próxima corda, o próximo nó, a próxima parte que seria imobilizada.

Com cuidado, Theo fez o que havia treinado bastante para fazer. Formou aos poucos um pentagrama ao redor dos seios de Rai, levando sempre as cordas para trás, imobilizando mais os seus braços. Rai era linda. Sempre linda. Mas os dois concordavam que havia algo de selvagem e — que irônico — indomado na visão que se formava toda vez que ela era amarrada. Como se todas aquelas cordas fossem uma tentativa fútil de conter uma força da natureza, que, de bom grado, aceitava ficar brevemente imóvel. Brevemente contida.

Theo ponderou por um segundo se deveria amarrar também as pernas, definindo agora que ela ficaria de joelhos pelas próximas horas, mas achou melhor deixá-la livre. Mais pela estética do que pela funcionalidade, pediu que Rai ficasse sobre os joelhos um pouco, apenas o suficiente para que ele fizesse algumas amarrações individualmente em cada coxa. Não as prendeu juntas, mas simulou uma cinta liga com as cordas. Era lindo. Rai era muito linda.

Passou os dedos pelo rosto dela, deixando um carinho, e ela esfregou a bochecha contra a sua mão.

— Ela está chegando? — Rai perguntou, a voz mansinha.

Os momentos de amarração eram sempre gostosos e intensos e, por si só, já eram suficiente para deixar Rai molhada. Theo conferiu o celular, abrindo a localização compartilhada por Pri, e, de fato, ela estava chegando. Talvez três minutos, no máximo.

— Está, meu bem. Vem, deixa eu finalizar tudo.

Theo voltou para o guarda-roupa e buscou uma longa faixa preta. Rai sabia do que se tratava. Não haviam combinado explicitamente essa parte, mas ela poderia pedir que parassem se fosse o caso. Por via das dúvidas, quando se virou com ela nas mãos, perguntou:

— Cor? — Estendeu a faixa, deixando que Rai conferisse e entendesse.

— Verde — Rai falou com a animação de um filhote de golden.

Theo riu, porque sabia que ela diria sim e porque era quase fofo como ela estava animada. Não fosse a ansiedade que ele também sentia dentro de si, poderia quase rir dela, talvez fazer uma piada. Infelizmente, com os segundos se arrastando rápido, o próprio estômago estava nervoso e embolado, uma mistura de medo, desejo e ânsia.

Soltou os cabelos de Rai, deixando caírem em ondas sobre as costas e peito dela. Passou a faixa ao redor de seus olhos e amarrou atrás de sua cabeça. Sabia que ela não via nada atrás desse tecido porque já esteve algumas vezes no outro lado dessa venda, sendo privado desse sentido para experimentar outros prazeres. Era gostoso e desesperador em partes iguais.

Deu um passo para trás e a admirou pela última vez assim: intocada, perfeita, os cabelos alinhados, a boca belíssima, a pele suave. Queria gravar essa imagem em sua mente para comparar depois com o que sabia que restaria de Rai, desgrenhada, usada, suada, vermelha.

Com o coração batendo fortíssimo no peito, respirou fundo. Talvez devesse se arrumar, mas só teve tempo de vestir uma camisa.

O interfone tocou.

Priscila

Quando desceu do ônibus, Priscila estava cansada. Dormiu a noite inteira, mas não parecia ter sido suficiente. Aquele sono de ônibus, engessado e atrapalhado várias vezes por luzes fortes não desejadas, nunca era suficiente para de fato se sentir descansada. Ainda tentou cochilar mais um pouco no uber, mas não se sentia tão confortável assim quando estava sozinha, e preferiu usar o tempo restante para terminar de acordar. Massageou as têmporas, conferiu as mensagens de Theo no celular e observou a paisagem pela janela.

Não viu o tempo passar. Entre avisar o irmão e os amigos que havia chegado e conferir algumas vezes a localização e a rota do carro, logo estava descendo em frente ao apartamento de Theo e Rai.

Foi só nesse momento que sentiu de fato um friozinho na barriga. Pegou a mala e sua mochila e tocou o interfone, os dedos levemente trêmulos, a boca entreaberta com a respiração ansiosa. Era bom. Essa sensação era sempre boa. A eletricidade no corpo antes de algo bom acontecer, a urgência de algo gostoso que acontecia em breve, muito em breve.

— Oi. — A voz de Theo saiu pelos alto-falantes do interfone.

— Cheguei — Pri respondeu.

O portão se abriu e Theo ainda falou um entra aí, te espero no elevador antes de desligar. Priscila entrou, fechando o portão atrás de si, e caminhou pela garagem na direção da entrada interna do prédio. Do outro lado da porta, Theo acenava através do vidro. Estava com shorts curtos, uma regata larga e os cabelos bagunçados e caindo sobre os ombros. Seu cabelo tinha crescido um pouco desde o último encontro dos três. Continuava lindo.

Theo abriu a porta para recebê-la e, antes que ela tivesse tempo de processar, tirou a mala de sua mão e a apertou em um abraço com a outra mão.

— Pri, que saudade. — Ele deu um beijo molhado na bochecha dela, depois outro, depois outro.

Theo era fofo. Carinhoso, gentil, amável. Pri recebeu os carinhos de bom grado, feliz de revê-lo também, mas precisando de ao menos alguns minutos sozinha em um chuveiro antes de ser capaz de performar qualquer coisa além de uma leve cara de mau-humor. Theo sabia disso e não pressionou nem exigiu nada.

Subiram até o segundo andar, até o apartamento deles, e Pri sentiu um grande alívio nos ombros quando pôde finalmente relaxar. Deixaram a mala e a mochila no quarto de visitas e Pri se jogou na cama por um segundo, olhando pro teto. Fechou os olhos por um tempo e só então percebeu.

— Cadê a Rai?

— Digamos que ela está… esperando por você. — Theo estava segurando uma risadinha. O que esses dois estavam aprontando? — Mas não tem pressa, pode até tirar um cochilinho se quiser.

— Não, não. Só quero tomar um banho. E vem cá, deixa eu te dar oi direito.

Pri sentou na beira da cama e abraçou a cintura de Theo, esfregando a bochecha contra o tecido de sua camisa. Ele estava cheiroso. Cheiroso e quente.

— Foi boa a viagem? — ele perguntou.

— Ah. Foi ok.

Theo afagou seus cabelos devagar, um carinho gostoso e muito bem-vindo. Priscila quase sentiu vontade de ronronar.

— Preciso tomar banho — murmurou, sem conseguir se afastar.

— Você não precisa nada.

— Uhum, eu sei. — Priscila estava se esforçando muito para não derreter ali mesmo, como uma gatinha mansa. — Mas eu quero mesmo, me sinto suja.

Theo levantou o rosto dela com a ponta dos dedos e se abaixou, esfregando os lábios nos dela.

— Traz suas coisas e vem cá. Vou te mostrar uma coisa antes, rapidinho.

Priscila abriu a mala e tirou sua necessaire e sua toalha e acompanhou Theo para fora do quarto. Ele foi na direção do banheiro da suite, mas, ao invés de parar na porta, continuou na direção do quarto em si. Priscila parou na porta, confusa.

— Vem cá — Theo chamou. — Temos uma surpresa pra você.

Priscila precisou se apoiar na parede para respirar fundo depois de ver a cena. Rai estava no centro da cama, amarrada com muitas cordas, os cabelos caindo nos ombros e sobre os seios, as pernas entreabertas, a respiração parecendo pesada. Vendada. As cordas formavam um pentagrama ao redor dos seus seios, emoldurando-os como uma pintura. Os braços dela estavam presos atrás, as coxas também decoradas com cordas, e Priscila poderia jurar que conseguia vê-la molhada, mesmo dessa distância.

Porra.

— Gostou? — Theo murmurou em seu ouvido, e Priscila estremeceu ainda mais.

Priscila estava pensando em muitas coisas, nenhuma delas era muito decente. Há quanto tempo ela estava assim? Theo passou a mão ao redor da cintura de Priscila, trazendo o corpo dela pra junto do seu. Isso era… permissão? Pra usá-la? Pra fazer dela o que quisessem?

— Foi por isso que ela me mandou a palavra de novo. — Priscila finalmente entendeu, e Theo deu uma risada.

— Ela não é muito discreta.

— Eu não sabia. Eu…

— Que bom. Não era pra saber mesmo, era surpresa.

Priscila esticou os dedos, querendo tocar, querendo alguma coisa.

— Eu posso… — Não completou a frase. Não sabia exatamente o que queria.

— Você pode tudo. O que quiser. É sua hoje. Nossa.

Porra.

Queria correr até ela e soprar seus mamilos e lamber sua barriga e tocar entre as suas pernas mas…

— Eu… Ainda preciso de um banho. Eu acho — murmurou, desnorteada.

Theo segurou o rosto dela, desviando sua visão da cena na cama e trazendo de volta um pouco de sua sanidade.

— Vai, não tem pressa. Ela espera.

Rai suspirou. Priscila tinha absoluta certeza de que ouviu Rai suspirar. Quando olhou de novo, entretanto, ela ainda estava imóvel, na mesma posição.

— Tá bom.

Priscila entrou no banheiro sentindo as pernas um pouco fracas. Fechou a porta atrás de si — não trancou — e abriu a água quente. Esperou do lado de fora enquanto a água gelada terminava de sair e tentou se recompor. Foco. Precisava estar inteira para aproveitar, não poderia desmontar antes de terem começado. Que patético, já foi mais forte que isso. Não costumava ficar tão abalada só de ver Rai assim, mas, bem, fazia um tempo que não via Rai de forma alguma, então talvez fosse isso. Só vontade e saudade.

Abriu um pouco a água gelada, para balancear, separou as coisas que precisava e entrou para tomar banho. Não pretendia demorar muito, ao menos não de propósito. Só queria molhar o corpo, tirar o suor da viagem e talvez recuperar um pouco as energias. Se sentir um pouco mais disposta.

O problema é que agora a água parecia queimar cada ponto que encostava em sua pele. Estava inquieta, sem conseguir a paz que pretendia ganhar tomando banho. Só conseguia pensar em Rai amarrada, em Theo, com seu sorriso inocente e a mente diabólica. Nos dois planejando esse momento, discutindo quando é que ela descobriria a situação, quando veria Rai assim. Os dois tentando entender quando é que ela iria quebrar.

Malditos. Infernalmente deliciosos.

Priscila acabou se apressando bem mais do que pretendia. Quando percebeu, já estava se secando do lado de fora, sem muita paciência, querendo voltar pro quarto e fazer alguma coisa, fazer qualquer coisa, aquietar o fogo que queimava embaixo de sua pele. Tinha separado a roupa para vestir depois do banho, mas nem se deu o trabalho. Colocou somente a camisa, grande e que ia até as suas coxas, e saiu do banheiro de novo.

Theo, maldito e impossível, estava sentado na cadeira de leitura do quarto, lendo. Tranquilamente, como se a namorada não estivesse amarrada, nua e vez ou outra gemendo e se esfregando nas cordas só a alguns metros de distâncias. Só… lendo. Quietinho, em silêncio, ignorando Rai, deixando-a choramingar sozinha, vendada. O diabo em pessoa.

Priscila soltou as roupas sujas no canto da porta e caminhou até ele com fúria. Theo só teve tempo de deixar o livro de lado e Priscila sentou no seu colo, as pernas ao lado das coxas, apertando os dois na poltrona larga.

— Se não vai comer ela, ao menos me come, porra. Vim de longe.

Theo gargalhou sozinho, mas sua risada morreu com um beijo apressado de Priscila. Estava com sede dele, dos dois, e precisava que alguém desse a ela o que veio ali buscar. Mordeu o lábio inferior de Theo e se esfregou contra as coxas dele, querendo mais contato, querendo mais.

Priscila achava o beijo de Theo hipnotizante. A língua dele era gostosa se esfregando com a sua, os lábios firmes e molhados nos seus, as mãos acariciando sua nuca, segurando seu cabelo. Já sentia seu corpo reagindo só assim, sem terem feito nada ainda, e queria mais.

Rai poderia esperar ouvindo.

Rai

A primeira coisa que Rai sentiu foi o cheiro dela. Tinha mudado um pouco desde a última vez, estava agora mais suave, mas, ao mesmo tempo, mais marcante. Talvez fosse saudade, talvez o fato de que não conseguia ver nada, talvez o desejo explodindo dentro do seu corpo. Escutou sussurros, uma conversinha baixa entre Priscila e Theo, mas não entendeu de fato o que conversavam.

A tensão em seu corpo estava incontrolável. Estava atenta a qualquer som que vinha dos dois, dos murmúrios até as portas se abrindo e fechando, e esperava um contato ansiosa. Theo normalmente era bom com as amarrações, muito bom, mas nunca haviam feito nada com esse propósito específico, de imobilizar completamente enquanto esperavam por alguém. Enquanto Rai esperava para ser usada por alguém. 

Dessa vez, Theo tinha ido um pouco além. A amarração era complexa, formava um padrão bonito no seu corpo, e uma fricção boa em seu clitóris toda vez que ela se mexia sobre a cama. Não que ela tivesse permissão para se mexer, mas Theo parecia estar se divertindo com a sua agonia, porque não a advertiu nenhuma vez.

Rai escutou o barulho do chuveiro e estremeceu sozinha, patética e necessitada. Fora isso, silêncio. Não sabia se Theo estava no banho com Priscila, não sabia se ele estava ali, na sua frente, observando os movimentos do seu corpo, não sabia. O que sabia é que estava molhada, pensando e repensando as coisas que já tinha feito com Priscila e Theo e em uma ansiedade gigante do que fariam com ela.

O tempo passava estranho. Não tinha noção de minutos ou segundos, só da sua vontade, e se deixou viajar dentro da própria mente. Imaginou Theo fodendo de Priscila enquanto ela passeava a língua pela sua pele, lambendo, beijando, mordendo. Imaginou os dois se aproximando, tocando tudo em seu corpo, sem anuncio, sem aviso, tomando para si o que quisessem. Queira tanto… tanto se tocar, tanto ser tocada.

— Se não vai comer ela, ao menos me come, porra. Vim de longe.

Priscila parecia brava e só as suas palavras foram o suficente para levar Rai a loucura. O som do beijo dos dois era hipnotizante, fazendo seu corpo estremecer. Não poder ver era agonizante. Nunca conseguia ter certeza do que estava acontecendo, o que era gostoso e terrível ao mesmo tempo.

Escutou a poltrona arrastando no chão e sons de passos e seguiu o som com a cabeça, tentando entender. Queria muito entender para imaginar direitinho.

— Foi ideia sua? — Priscila estava falando baixo, mas eles eram as únicas pessoas ali e sua voz era clara ainda assim.

— Dela. Claro que foi ideia dela, Pri. — Theo respondeu, rindo. Dava pra saber que ele estava rindo só pelo jeito que ele falava. Maldito.

Beijos. Silêncio.

Rai queria muito se mover, abrir as próprias pernas e se tocar observando os dois.

— Foi uma longa semana, aparentemente.

— Você não faz ideia, Pri. Porra. — Theo soltou um longo gemido. — Tive que foder ela todo dia. Às vezes mais de uma vez. Porra. — Mais gemidos. Rai estava enlouquecida. — Passava o dia inteiro molhada pensando em nós três.

Era verdade. Cada palavra era verdade e Rai se sentia exposta. Não se importava dele contar, claro que não, mas estavam falando dela enquanto a deixavam esperando.

— Hmm… Delícia. Delícia, vocês dois.

Rai queria muito os dois. Queria que tocassem sua pele, que a deixassem sentir enquanto transavam, queria participar também. Estava de novo se esfregando nas cordas, irritada com a fricção insuficiente.

— Você também consegue ver? — Priscila continuou, a voz carregada de desejo. — Como ela tá molhada?

As palavras estavam praticamente subindo pela garganta de Rai. Por favor, ela queria dizer. Por favor, eu tô aqui. Queria atenção. Precisava de atenção, mas não queria pedir. Não queria implorar.

— Hm, ela tá quietinha, deve estar ótima, não deve estar sentindo nada.

Maldito Theo. Canalha. Rai mordeu os lábios com força, engolindo todas as palavras. Já não queria implorar antes, agora menos ainda. Orgulhosa. Rai só abriu um pouco mais as pernas, tentando encaixar melhor as cordas perto de seu clitóris, e se esfregou mais nelas.

— Você é cruel — Priscila murmurou. Ela estava certa.

— Eu sou. Se você quiser a gente vai pro quarto de visitas dormir. Eu topo.

Maldito.

— Nem fudendo. Talvez depois de foder. — Priscila gemeu baixinho. — Aperta mais.

Porra.

Os dois eram gostosos demais. Rai sentia o corpo inteiro sensível, até o vento que entrava da porta era muita coisa. Estava tremendo, mas era de vontade.

— Me deixa lamber?

Rai escutou o som de roupas sendo tiradas e jogadas pelo quarto e de novo a cadeira se arrastando no chão. Por favor, pensou, mas se negou a falar. Por favor. Que crueldade. Os dois eram cruéis. Tudo bem que ela gostava. Tudo bem que talvez tivesse pedido por isso. Não era essa a questão.

— Tão molhada, Pri… Ah…

Rai sentiu os dedos formigarem. Não como a sensação ruim de estar amarrada há tempo demais, nada disso, mas porque queria sentir também. Queria esfregar os dedos nela e sentir eles deslizando fácil, entrando fácil, porque Priscila estava pronta. Pronta para dois, talvez, quatro dedos dentro dela, como já aconteceu antes.

— Deixa eu… — Priscila começou, mas parou. — Isso. Assim. Delícia.

Eu quero ver. — As palavras fugiram baixinho da boca de Rai antes que ela pudesse segurar.

Merda.

Se encolheu no lugar, mordendo os lábios. Não queria ter falado. Devia ter esperado. Conseguia esperar.

A cadeira se mexeu de novo e muitos passos, peso ao seu lado na cama. Uma mão subiu pelas suas costas e segurou seu cabelo com força, puxando-o para trás. Sentiu o corpo inteiro travar e as pernas tremendo.

— Repete — Priscila murmurou no seu ouvido. — Repete pra gente e eu penso no seu caso.

Rai mordeu os lábios com força, a respiração instável, as palavras de novo querendo sair, mas sendo seguradas dentro de si a força.

— Repete, Rai — Priscila insistiu. — Ou eu vou levar Theo pro outro quarto e sentar nele e nem ouvir você vai.

— Não. Não. Por favor. Por favor. — Rai fechou os olhos, mesmo vendada, e balançou a cabeça, sentindo ainda mais dor com os dedos de Priscila em seu cabelo. — Por favor. Me deixem ver. Eu tô toda molhada. Eu não aguento mais. Por favor.

A voz de Rai estava fina e esganiçada, uma lágrima fujona escorreu de seus olhos, mas foi segurada pela venda. Merda, merda, merda. Patética. Patética e implorando. Rai já foi mais forte.

Sentiu uma língua subindo pelo seu pescoço do outro lado, provavelmente de Theo, e mexeu o quadril em protesto. Basta. Já tinha implorado, o que mais queriam dela? Mais uma mão se fechou no seu cabelo e empurrou seu rosto pra frente, afundado sua cara no colchão e empinando sua bunda. Porra. Que delícia. Porra.

— O que você quer, Raíssa? — Theo parecia bravo mas sua voz estava tão, tão sensual. — Fala.

Seus mamilos se esfregavam contra o tecido da cama a cada movimento que faziam nas suas costas, descendo os dedos, segurando sua nuca, descendo as unhas pelas suas coxas. Era tão bom. Tão bom.

— Fala — Priscila repetiu.

O tapa na sua bunda veio sem aviso, fazendo Rai morder tanto os lábios que viu estrelas. Isso era tortura, mas, porra, como era bom.

— Vocês.

Theo soltou uma risada fraca.

— Vai ter que ser mais específica do que isso, meu bem. — Theo desceu beijos pela sua coluna enquanto Priscila acariciava onde ela tinha batido.

Queria e não queria falar. Sabia que Theo falava sério, ela precisaria ser específica. Seu corpo ainda estava arrepiado de todo o contato súbito, do tapa, dos puxões em seu cabelo.

— Acho que ela não quer… — Priscila brincou.

— Não! Eu… Porra, eu quero. — Rai esfregou o rosto no colchão, irritada. — Eu quero. Vocês são ridículos.

— Quer o que, então, Raíssa? — Theo repetiu.

— Dedos. Seu pau. Qualquer coisa. Só me fodam, logo, por favor. Me deixem ver. Sei lá.

Enquanto falava, Rai abriu mais as pernas, arrastando os joelhos contra o tecido do lençol. Queria se mostrar. Queria que a vissem. Talvez isso ajudasse, talvez calasse a boca deles.

— Decida-se, Raíssa. — Priscila estava envolvida demais no jogo. Se algum dia já esteve insegura ao lado dos dois, Rai não se lembrava.

Um dos dois soprou ar quente entre as suas pernas, depois passou a língua devagar, uma única vez.

— Bom, eu vou indo. — Priscila chegou a se levantar da cama.

— Não, por favor, por favor, por favor, qualquer coisa, por favor, não vai.

Theo enfiou os dedos nela de uma vez, calando sua boca, fazendo Rai soltar um gemido alto e agudo.

— Então geme pra gente como a putinha que você é, Raíssa — Theo apoiou o corpo ao lado de Raissa e murmurou perto de seu ouvido enquanto continuava mexendo os dedos. — Deixa a gente ouvir o quanto você quer isso.

— Muito, muito, quero muito.

Rai mexia o quadril contra os dedos de Theo com força, rebolando, querendo mais, mais fricção, que entrasse mais, que doesse um pouquinho mais também. Como se lesse seus pensamentos, Priscila segurou seus cabelos de novo e puxou seu rosto pra cima, suspenso sobre o colchão.

— Deixa sua voz sair, nada de abafar.

Pra provar seu ponto, Priscila desceu as unhas com força por suas costas, provavelmente deixando marcas. Rai murmurou porra, porra, porra, gemendo entre as palavras, arfando, tentando ter algum controle sobre o seu corpo, mas falhando.

— Eu não vou… — Rai tentou falar, mas parou pra gemer quando Theo adicionou mais um dedo e Priscila lambeu suas costas. — Não vou aguentar muito.

Priscila riu alto.

— Claro que não. Puta safada desse jeito, oferecida assim. — Priscila arrastou os dentes pela sua pele. Theo não parava de enfiar os dedos, mexendo as pontas lá dentro, fundo, bem onde ele sabia que a deixava maluca.

Foi demais. Rai estremeceu inteira, o prazer explodindo dentro do seu corpo, seu quadril se mexendo pra trás, os gemidos escapando dos lábios sem pudor nenhum. Theo não parou de se mover dentro dela, indo com mais jeito do que força. Rai sabia que ele queria um squirt, e, normalmente, deixaria ele seguir. Deixaria ir até seu corpo estar fraco e sem forças, mas estava começando a sentir uma dor esquisita nos ombros e ainda queria fazer muitas coisas.

— Theo… — Murmurou, mas a voz saiu falhada. Limpou a garganta, mordendo os lábios pra não voltar a gemer alto de novo. — Theo. Amarelo.

Ele diminui a velocidade na hora, dando um pouco mais de clareza mental para que Rai pedisse o que queira.

— Meu ombro. Me solta por favor.

Theo murmurou alguma coisa para Priscila, que levantou da cama.

— Um minuto, meu amor. Vou te soltar.

Priscila voltou, fazendo de novo peso do seu lado, e Rai escutou o vidro de lubrificante abrindo. Deus. Segundos depois, estavam esfregando um dildo nela, que entrou sem esforço nenhum.

— Vem, senta.

Claro.

Não iam deixá-la sem nada enquanto desamarravam as cordas.

Um a um, Theo foi desfazendo os nós. Devagar, conversando com Priscila sobre o processo, parando algumas vezes para ensiná-la a refazer algum nó. Paciente. O filho da puta era muito paciente. Aquele momento normalmente era relaxante, mas toda vez que Rai começava a desmontar na mão dos dois, Priscila ligava de novo o vibrador dentro dela. Devagar, bem fraquinho, só para incomodar e não deixar que ela tivesse paz. Era efetivo.

Por último, os dois tiraram sua venda.

O quarto estava escuro, mas ainda assim Rai piscou algumas vezes, se acostumando com o sentido de novo.

Olhou para Priscila ao seu lado, um sorriso pequeno no rosto, seus cachos bagunçados, nua. Virou um pouco o rosto e viu Theo ainda parcialmente vestido, apenas sem camisa e com as calças um pouco abaixadas.

Sabia o que fazer em seguida.

— Você trouxe sua cinta, Priscila? — Rai perguntou. Priscila concordou, já sorrindo. — Pega lá. Chegou a hora da minha vingança.

Espero que tenha se divertido!!!!

Como sempre, se quiserem falar sobre, minha DM está aberta e o curiouscat também! Agora também estou com um canal no telegram onde mando notícias, fofocas e novidades aleatórias, em um ambiente mais informal!

É isso! Um xêro e um queijo,

Kodinha

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