Dois anos do Só uma rapidinha!

reflexões pessoais e agradecimentos cheios de lágrimas

Aniversário de dois anos do Só uma rapidinha!

ps: Se você tiver condições, considere doar qualquer valor para alguma das campanhas em prol das regiões afetadas pelas chuvas no país. Vou deixar o link de uma vakinha, mas existem inúmeros projetos de ação e pessoas envolvidas, muitas formas de ajudar além do dinheiro (com roupas, água e outros itens). Como for possível para você, ajude! Cada pequena ação faz a diferença. Saiba sobre doação aqui.

Olá, você, fiel acompanhante do só uma rapidinha. Talvez você me conheça do twitter, talvez converse comigo, talvez você saiba quem sou, talvez não.

Meu nome é koda gabriel, eu tenho vinte e sete anos e sou o serumaninho por trás dessa newsletter. Sou um não binário bissexual e assexual muito caótico, que ri na cara do desespero e encontra as histórias mais safadas e hereges nos cenários mais improváveis.

E enquanto um lado meu é muito bem resolvido, aberto e comunicativo sobre o que eu acredito, quem eu sou e o que eu defendo, um outro lado tem medos ancestrais e garrinhas históricas o segurando no lugar.

Meu nome é koda gabriel, eu tenho vinte e sete anos e a minha família não sabe que eu existo. Legalmente falando, na verdade, koda gabriel não existe. Eu não existo.

Ainda assim, aqui estou eu.

Há sete anos, eu escolhi pra mim esse nome. Me tornei essa criatura que existe e não existe, o lado b de um disco arranhado, a versão sombria de uma menina perfeita uma filha perfeita alguém que queriam que eu fosse.

Há dois anos, eu estava completamente perdido. O Só uma rapidinha nasceu porque eu precisava que alguma coisa, qualquer coisa, me devolvesse a vontade de escrever. E o que eu recebi foi muito, muito além do que eu poderia pedir.

São sete anos de criatura amorfa, sim, mas, de alguma forma, sinto que foram dois anos especialmente intensos na construção do monstrinho que eu sou hoje.

Meu nome é koda gabriel, eu tenho vinte e sete anos e sou um fantasma transgênero.

A arte erótica me salvou. Eu nunca achei que voltaria a sentir orgulho de algo que eu escrevi, nunca achei que haveria espaço para ser quem eu realmente sou, nunca achei que eu seria amado se soltasse as minhas correntes, se me desprendesse de regras, se mostrasse as minhas presas e afiasse as minhas unhas.

Ainda assim, aqui estamos nós.

Novecentos e sete pessoas recebendo esse e-mail diretamente na sua caixa de entrada.

Não consigo conceber o que são novecentos e sete pessoas.

Meu nome é koda gabriel, eu tenho vinte e sete anos e a minha família não me ama.

Não pelo que eu sou, não de verdade.

E ainda assim, aqui estamos nós.

Uma família crescida, encontrada, forjada no mais sujo e profano, com laços mais fortes e intensos do que o sangue, com uma paixão pelo herege que fervilha no fundo da alma, que sacode todas as estruturas, com uma urgência em morder e morder e morder e morder que não pode ser parada, não por mãos humanas.

Quando escolhi meu nome, eu só queria descobrir quem eu poderia ser apenas se.

Quando comecei essa newsletter, eu só queria saber o quão longe eu poderia chegar apenas se.

Isso é muito mais do que eu sonhei. Todos que acompanham, cada um de vocês, você, em especial, que está lendo esse e-mail e me deixando ocupar alguns minutos do seu dia… é muito mais do que eu sonhei.

Meu nome é koda gabriel, eu tenho vinte e sete anos e descobri que eu posso querer coisas.

E que sonhar não é errado, que desejar não é errado, que tanta, tanta coisa pode acontecer se eu tentar de peito aberto, sem a vergonha de falhar, sem o medo de dar errado, sem a angústia de ser perfeito.

É tão maravilhoso ser imperfeito.

Meu nome é koda gabriel, eu tenho vinte e sete anos e sou filho do diabo.

No sábado, no marco do fim da última semana e começo dessa, Madonna estava em terras cariocas fazendo história. Eu não pude deixar de olhar para ela, para sua heresia, para o peso de sua imagem, para toda a história que ela carrega só de existir — e para todos que ela leva com ela enquanto insiste em existir e transgredir —, que é muito bom não ser sozinho nessa vida. Que é maravilhoso ser queer em uma época que se esforça para nos calar, mas não consegue, não de verdade, porque somos muitos, porque somos loucos, porque aprendemos que podemos gritar, que devemos gritar, e que o mundo inteiro é nosso se a gente quiser. Ainda não é perfeito, mas, puta merda, eu senti o gosto de deus vendo a rainha do pop reiterando em tv aberta em um show histórico o quanto lutamos pelo direito de sermos livres.

Livres.

Meu nome é koda gabriel, eu tenho vinte e sete anos e eu não existo

mas eu sou livre.

obrigado por ser livre comigo.

São dois anos de putaria. Dois (sete) anos de transviadagem.

Que sejam os primeiros de muitos.

Que eu não me canse de descobrir novos lugares onde meus pés podem pisar, que minhas mãos podem alcançar, e que você continue nessa jornada comigo.

Um abraço, um cheiro, um beijo.

Kodinha

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