#3 - Quebre as pernas - Só uma rapidinha

Quer sugerir algum tema para as próximas edições? É só conferir esse formulário: https://forms.gle/Br8iFmpo2YXB5Cnh8 

Vai!! Sugere!! É rapidinho!! Qualquer pensamento bobo!! Eu agradeço mto mto mto mto!!

Olá pessoas!

Bem vindes de volta ao Só uma rapidinha! Estava MUITO ansioso pra voltar aqui, e essa semana nós teremos FOGO NO PARQUINHO !!! Ou melhor dizendo, FOGO NO CAMARIM....

O tema dessa semana é sugestão do formulário (já deu uma sugestão? deixa uma sugestão !!!):

Atores de teatro presos no camarim depois de um ensaio

E confesso que eu me diverti HORRORES escrevendo esse (e talvez, num futuro bem breve, vamos ter até... surpresinhas envolvendo esse conto).

Sem mais delongas, segue:

Quebre as pernas

Eu tentava não olhar pra ele. Não me entenda mal, a essa altura eu já estava acostumado a ver todo tipo de coisa nos vestiários, antes e depois dos ensaios. O problema era ele, mesmo. Bom, tecnicamente o problema era eu. Não olhava por respeito mesmo. Porque não sabia se ia conseguir manter meu olhar casual, desinteressado e desapegado que direcionava a todas as coisas e pessoas que passavam diante dos meus olhos fora do palco. Afinal, convenhamos, ele era um puta gostoso. Os cabelos cacheados estavam grandes, caindo sobre os ombros, o corpo comprido, a barriga com uma gordurinha que me fazia pensar em coisas que não se deve pensar quando se está nu… na frente da pessoa gostosa em questão.

Então por essa e outras, eu tentava não olhar pra ele.

Ele, por outro lado, parecia não dar a mínima e olhava pra mim. Não de um jeito bizarro, e nem mesmo de um jeito particularmente sedutor. Era neutro, como tinha que ser, mas com uma constância que me fazia questionar o motivo dos olhares. Afinal, mascarar coisas é a nossa profissão.

Era tão tarde, e essa última sequência de cenas que ensaiamos tinha sido exaustiva. Como protagonistas, todo dia acabávamos assim: os dois super exaustos, trocando de roupa, os corpos suados mesmo na madrugada fria, um silêncio que ecoava nos nossos ouvidos.

— Vini… — ele se aproximou devagar.

Eu sabia bem do que ele iria falar, mas não queria discutir isso agora. Não no meio da madrugada, com os sentimentos à flor da pele. Ainda vestindo a camisa, me virei na direção da porta.

— Preciso ir, Pedro.

Girei a maçaneta da porta, mas ela não abriu. Girei de novo. Nada. Não é possível.

— Ih… a porta emperrou de novo?

Que sorte. Com certeza, meu dia de sorte. Respirei fundo, encarando a madeira mal pintada na minha frente. Segurei muito ar no peito, soltei devagar. Era só dormir nas camas, colocadas ali no canto especialmente para situações assim, e pela manhã alguém mais forte poderia empurrar por fora. Era bem mais fácil quando se estava do lado de fora. A gente já tinha feito isso várias vezes. Tinha até comida e água no frigobar. Mas…

— Bom, acho que vamos dormir juntos aqui né — ele disse.

Mas agora tinha isso.

— Então podemos falar daquele assunto — e continuou.

Virei de frente pra ele. Talvez fosse hora de acabar com isso de uma vez. Arrancar o band-aid. Chega de esconder o jogo.

— Você quer saber por que eu tô empurrando o ensaio do beijo, né? — falei. Ele concordou com um aceno.

— Cê nunca teve problemas com isso antes. Sei que você é hétero, mas já beijou metade dessa companhia em cena. E a outra metade ainda vai beijar. Não é nada demais, cê sabe.

Eu ri. Pedro não soube como interpretar a risada, o que era ainda mais engraçado. Como ele não conseguia ver o que estava tão na cara.

— Estou empurrando o ensaio do beijo porque estou com medo de não conseguir ser técnico, Pedro.

Ele me encarou.

— Nunca te faltou técnica. Ninguém nunca reclamou, nem se sentiu invadido.

— Sim, seu tapado. Nunca me faltou técnica porque eu nunca quis beijar nenhuma dessas pessoas. Eram só cenas. Era só teatro. Até…

— Até agora — ele me interrompeu.

Ficamos nos olhando. Silêncio. Sentia minhas mãos tremendo. Hétero.Dei risada sozinho. A gente cria cada história para nos enganar. Perdido nos meus pensamentos, mal vi ele se aproximando.

Mas eu senti cada coisa. Como seu corpo se encaixou no meu quando ele me apertou contra a porta gelada. Como seu peito ainda sem camisa parecia irresistível nos pontos que encostava no meu. Como sua coxas se apertavam com as minhas — ao redor, no meio — e parecia que ia desfalecer a qualquer momento.

E como seus lábios eram deliciosos de sugar, e beijar, e sua língua era gostosa demais e eu estava absolutamente certo: não tinha nenhuma chance de um beijo técnico. Tudo que eu não queria era a porra de um beijo técnico.

Eu queria isso: as gotas de suor escorrendo no rosto, seus dedos no meu maxilar, meus dedos sentindo cada pedaço das costas dele, o meu pau duro terrivelmente perto do pau dele duro. Mas ao mesmo tempo longe demais. Eu queria ficar de joelhos e chupar ele até ficar tonto, tão tonto quanto fui todos esses anos em me negar uma experiência dessas.

Técnico. Dou risada no meio do beijo.

Hétero.

Minha risada morreu quando ele começou a descer a calça que tinha acabado de colocar.

É como dizia a Valesca Popozuda: tô que tô que tô que tô, tô com o c

Eu AMEI fazer esse texto, e espero que você tenha gostado de ler!!! Fique a vontade para compartilhar essa news por aí, responder esse e-mail, eticetera.

Essa semana eu comecei a aprontar duas coisas muito especiais envolvendo o Só uma Rapidinha e eu só posso dizer que [APITO DE TREM] [CACHORRO LATINDO] [BEBÊ CHORANDO] [AAAAAAAAAAAAAAAA]. Sério. Cês não fazem ideia. Só posso dizer duas coisas: pra quem for na Bienal em São paulo, estarei por lá dia 2 e 3, AGUARDEM NOVIDADES. Mas calma!! Pra quem não puder ir, também teremos novidades...

Me imaginem ASSIM nas próximas semanas:

Aguardem fofocas futuras, que eu vou avisar primeiríssimo pela newsletter, é claro!

Obrigado pela companhia. Fiquem seguros, e usem camisinha :)

Até semana que vem,

Koda

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